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sábado, 16 de junho de 2018

O TÚMULO DA VÍTIMA DESCONHECIDA


Túmulo do soldado desconhecido é o nome que recebem os monumentos erigidos para honrar os soldados que morreram sem que os seus corpos tenham sido identificados.

Já escrevi algumas vezes sobre o assunto, mas dada a sua importância, continuarei insistindo. Quem sabe um dia essas pessoas que defendem corruptos ou mesmo aquelas que não defendem, mas que consideram a corrupção um crime de roubo simples conseguirão entender que ela mata centenas de milhares de brasileiros e brasileiras todos os anos.

Ficamos consternados com a morte de parentes e amigos, seja ela por doença, acidente ou crime, mas normalmente essa consternação se restringe ao momento da perda. É raro o exercício de um raciocínio que extrapole aquele instante de comoção.

Alheio às sutis ligações deste evento que acabou de presenciar com os milhares de outros que estão acontecendo no país, você chega em casa, liga a TV e o computador.

A corrupção ocupa todas as manchetes dos jornais e das redes sociais. São bilhões e bilhões desviados dos impostos que você paga com o suor do seu trabalho. Vê políticos que não fazem nada, governantes e ministros sendo investigados ou respondendo a processos; juízes da Suprema Corte protegendo e soltando bandidos, e todos todos eles com vários pontos em comum: altos salários, motoristas, assessores, aposentadorias integrais, convênios médicos sem limite de gastos, combustível, auxílio moradia, passagens aéreas, correio, verbas de representação e mais... sem o compromisso de estarem presentes no trabalho de segunda à sexta como fazem os idiotas que os sustentam.

Se você for um otário útil, militante de políticos, partidos ou ideologias, dirá que: se a favor do governo, que os roubos são para permitir a permanência do partido no poder; se for oposição, dirá que será usado para tirá-los do poder. Ambos certamente têm os mesmos objetivos nobres e altruístas que visam justiça para todos e redução da desigualdade social.

Se for daqueles omissos passionais, xingará, praguejará, dirá que que não adianta fazer nada porque o país é assim desde o descobrimento e assim continuará. Dirá que todos políticos não prestam, que você está cheio de ver notícias ruins, vai desligar tudo e dormir porque amanhã terá que acordar cedo pra trabalhar.

Enquanto isso no Brasil real, cerca de 1 milhão de pessoas estarão morrendo neste ano. Novecentos mil por doenças, 45 mil por acidentes de trânsito e 60 mil por crimes violentos.
  • DOENÇAS: Centenas de milhares morrem por falta de atendimento no sistema público de saúde, sejam mas filas aguardando consultas e cirurgias ou pela falta de remédios.
  • ACIDENTES DE TRÂNSITO: Dezenas de milhares morrem por falta de infraestrutura nas estradas.
  • CRIMES VIOLENTOS: Dezenas de milhares morrem por falta de segurança pública, incluindo contrabando de armas e drogas.
Como são mortes que não vemos, não as relacionamos diretamente com a corrupção. Por causa dela, centenas de milhares de seres humanos inocentes entre jovens, mulheres, idosos e crianças perdem suas vidas anualmente. Assassinadas, pois, o dinheiro dos nossos impostos é utilizado para enriquecer pessoas, empresários e partidos políticos inescrupulosos.

É triste constatar que infelizmente não há causas comuns entre nós eleitores. Para a maioria o importante é o presidente-herói que comandará a solução de todos problemas do país a partir de 2019, não importando os métodos que ele e sua equipe de apaniguados utilizarão. Aliás, os políticos adoram esse tipo de comportamento de seus militontos. Quanto mais fanáticos impensantes os defendendo e brigando por eles, tanto melhor. Riem deles nos bastidores dos palácios e do Congresso enquanto enchem cuecas e malas com o meu, o seu, o nosso dinheiro.

E os que os elegeram, alheios a tudo e a todos, indiferentes às vítimas desconhecidas assassinadas pelo sistema corrupto ainda reinante, como torcedores de uma Copa do Mundo vencida por seu herói, viverão alegres e felizes por mais 4 anos, até a próxima copa.

Na verdade o brasileiro vive mesmo é de quatro...

... e de quatro em quatro anos.

domingo, 30 de agosto de 2015

QUE DISCURSO MAIS VARZEANO PRA UM PROCURADOR, SEU JANOT!

A gente até entende Dilma e seus partidários vindo com essa história de golpe ou de que foi eleita pelo povo e não se fala mais nisso, mas um Procurador Geral da República não dá, né doutor Janot!

Quer dizer, excelentíssimo, que se descobrirem que houve fraude na campanha eleitoral ou nas urnas a "zona eleitoreira" tá liberada? Roubou, não descobriram e ganhou, a coisa já era? O fato dos eleitores terem sido enganados pela mídia governamental utilizada indevidamente ou paga com dinheiro afanado do Petrolão é uma grande fatalidade? O crime prescreve?

Atenção ladrões e criminosos em geral! Isso vai virar jurisprudência. Se roubarem e não forem descobertos em 3 meses, vocês serão absolvidos. Foi o Procurador Geral da República quem disse. E fiquem tranquilos porque o Ministério Público os defenderá e não terão de pagar nada.

Desculpe a expressão, mas que merda de país é esse onde o chefe maior do Ministério Público se considera acima da lei e prevarica dizendo saber o que é melhor pro país ou pior, defende interesses de um partido em detrimento da lisura eleitoral? Quem é o senhor pra rasgar a Constituição e as leis brasileiras? Quem é o senhor pra dizer que uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral não vale nada? Por que essa merda de tribunal existe então? Pra conferir votos eletrônicos de sala trancada onde as informações só vazam pra donos de empreiteiras?

"Informação de Dentro do TSE: Aécio 5% na frente", escreve um deles, às 19h24 daquele domingo. "FHC ESTÁ Falando em Vitória de Aécio. Pode ser boato, mas ..." Na resposta, Leo Pinheiro, então presidente da OAS, solta: "Vamos ver". Minutos DEPOIS, o Alívio: "Dilminha ganhou !!!!!", festejou Pinheiro. (Folha de S. Paulo: "Em mensagens, executivos da OAS comemoram vitória eleitoral de Dilma")

Peraí... 19h24? Informação de dentro do TSE? Mas Toffoli não pediu pra não divulgarem e não falarem nem pra ele os resultados parciais das apurações antes das 20h?

Ah, seu Janot... tudo bem então. Se não pegaram até o dia das eleições ou nos prazos estabelecidos para entrar com representação, fica por isso mesmo. Azar dos palhaços cidadãos brasileiros que terão de aguentar uma presidente mentirosa e incompetente durante os próximos 4 anos. Como? O senhor foi reconduzido à Procuradoria Geral, seu salário ta garantido então que se dane o resto?

Este nosso país tem é que QUEBRAR MESMO e renascer das cinzas. Não há uma só pessoa de valor no topo da hierarquia da justiça brasileira que ao menos tente fazer valer as leis e a Constituição. Tudo é sofrido; tudo é chorado e a justiça não flui sem o povo nas ruas e sem a imprensa berrar.

E pra completar, o Tribunal Superior Eleitoral é superior só no nome e não vale nada. Tem advogados "chegados" fazendo vez de juízes como Luciana Lóssio (que trabalhou na campanha de Dilma em 2010) e Maria Thereza Rocha, a primeira indicada por Dilma e a segunda por Lula. Bem disse Joaquim Barbosa quando se referiu a advogados fazendo parte da Corte Eleitoral: "Ele [advogado] cuida de seus clientes durante o dia, tem seus honorários e à noite ele se transforma em juiz. Ele julga, às vezes, causas que têm interesses entrecortados e de partes sobre cujos interesses ele vai tomar decisões à noite. Estou falando da Justiça eleitoral, que nada mais é do que isso.

Disse anteriormente e reafirmo: este é um país de merda! Sim eu sei... nós, povo, também.



quinta-feira, 4 de junho de 2015

A Internet e a Queda das Máscaras

Nem os EUA imaginavam que sua ferramenta de domínio mundial e espionagem que começou com a ARPANET na década de 60 resultaria no que vemos hoje. Não fosse a rede mundial difundida e apoiada "democraticamente" (entre aspas) com seus satélites de comunicação a preço de bananas, as máscaras do poder, da corrupção, das segundas intenções e, principalmente, da impunidade não estariam despencando em governos e países do mundo todo.

A pulverização da informação, embora tenha seus aspectos nocivos com redes de boatos, perversão, pedofilia, crimes, entre outros, tem o seu lado bom cada vez mais evidenciado no papel de desmontar mentiras e hipocrisias que antes demoravam séculos para serem desmascaradas. No fundo, é a rede imitando a vida.

Embora o lado ruim exista e nunca será eliminado, com a mesma rapidez que ele é disseminado, é também desacreditado, coisa que não acontece com as verdades que apenas são depuradas, corrigidas e aperfeiçoadas, mas não desaparecem. Gravações de áudio e vídeos são o antídoto do esquecimento.

Mensalão, Petrolão, FIFA, CBF, BNDES, fraudes nas eleições, estratégias de domínio das grandes potências, interesses pessoais e corporativos são algumas das máscaras que estão caindo.

E a coisa está só começando. Ou teremos uma completa reciclagem de valores sociais e na política do Planeta ou uma terceira guerra mundial.

Das duas, provavelmente as duas.

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segunda-feira, 16 de março de 2015

Respirando verdades - A Grande Conciliação de 85 (Elio Gaspari)



Para os jovens (e alguns adultos que só vociferam sem conhecer bem a história), recomendo esse texto de Elio Gaspari que "respira" verdades. Se tiverem paciência e boa vontade, lógico.

A GRANDE CONCILIAÇÃO DE 1985

ELIO GASPARI 15/03/2015

Hoje completam-se 30 anos da manhã em que o último general da ditadura deixou o Palácio do Planalto pela porta lateral, e o Brasil retornou ao regime democrático. Foi um dos melhores momentos da História nacional. O país estava arruinado, o governo não tinha rumo, a divisão entre a rua e o “sistema” (nome dado ao aparelho de segurança do regime) parecia irremediável. A campanha pelas eleições diretas para presidente, a maior mobilização popular de todos os tempos, atolara no Congresso. Durante o governo do general João Figueiredo tudo o que podia ter dado errado, errado dera. As coisas iam tão mal que, um ano antes, Paulo Maluf parecera um candidato imbatível na disputa pela Presidência da República. E deu tudo certo. Tancredo Neves foi eleito.

Aquele homem suave costurara a maior conciliação política da História brasileira. A conciliação de Tancredo foi a única que partiu da oposição. Isso diferenciou-a de episódios anteriores. D. Pedro I proclamara a Independência, mas era o herdeiro da coroa portuguesa. O Marquês de Paraná pacificara o Império, mas estava na chefia do governo. Os generais derrubaram Getúlio Vargas em 1945, mas haviam ajudado a fazer o Estado Novo. Tancredo jamais aproximou-se da ditadura. Como o meia-direita Didi, jogou parado (“quem tem que correr é a bola”) e o arco de interesses que chegou ao poder em 1964 teve que se aproximar dele.

Tancredo conseguiu isso porque seu jeito modesto escondia uma rara cultura, conhecimento histórico e extensa experiência administrativa. Ninguém prestou atenção quando ele se despediu do Senado, em 1982, louvando o Marquês de Paraná. Ele fora primeiro-ministro, diretor do Banco do Brasil, numa função que hoje é desempenhada pelo Banco Central, ocupara a Secretaria de Finanças de Minas Gerais e governara o estado por pouco mais de um ano. Num tempo de sôfregos como Lula, Maluf, Figueiredo e Leonel Brizola, deixou a bola correr.

Como as colunas quebradas das ruínas romanas, Tancredo tornou-se uma peça incompleta, até enigmática, pois não tomou posse e só chegou ao Planalto morto. Como é impossível saber-se o que seria o governo de quem não o exerceu, a restauração democrática confundiu-se com a anarquia econômica e administrativa deixada pelos generais. Não era pouca coisa: a maior dívida externa do mundo, inflação de 226,7% ao ano e uma queda 19,1% na renda per capita dos brasileiros.

Passaram-se 30 anos e o êxito dessa grande figura — a restauração democrática — é ofuscada pelo desapreço que os radicalismos dedicam à maneira como se chegou a ela — a conciliação.

Tancredo e Ulysses, a rivalidade benigna
Tancredo Neves jamais chegaria à Presidência da República sem a ajuda de Ulysses Guimarães, o campeão da batalha pelas eleições diretas. Eram rivais. Assim como a conciliação de 1985 é um grande momento, a rivalidade desses dois homens tem uma linda história. Rivalidades fazem parte da vida. Na política, predominam as malignas: a de Lula com Fernando Henrique Cardoso, a de Carlos Lacerda com quem quer que fosse, ou a de Leonel Brizola com seu cunhado, João Goulart. O deputado Thales Ramalho, um dos sábios de sua geração, dizia que Tancredo e Ulysses dançavam conforme uma coreografia que só eles conheciam.

No ocaso da ditadura, os dois estavam juntos. Se a campanha pelas eleições diretas fosse vitoriosa (coisa em que Tancredo não acreditava), o candidato a presidente seria Ulysses Guimarães. No Colégio Eleitoral, Tancredo poderia derrotar Maluf. Pela lógica antropofágica um poderia sabotar o outro. Deu-se o contrário, ambos apoiaram os movimentos do outro. Com uma coreografia especial, nenhum dos dois tentou crescer reduzindo o tamanho do outro.

A transação do PT
Em 1984, às vésperas da votação que derrubou a emenda constitucional que restabelecia a eleição direta para a Presidência, o nome de Tancredo surgiu como uma alternativa para um governo de transição.

Lula, grão-senhor do PT, fulminou a ideia: “A proposta de Tancredo Neves não é de governo de transição coisa nenhuma. É uma proposta de transação”.

Ele atirou no que viu e acertou no que não viu. A brincadeira com as duas palavras estava no título de um grande livrinho publicado pela primeira vez em 1855 e reeditado em 1956. Chamava-se Ação, Reação, Transação, do jornalista Justiniano José da Rocha. É quase certo que Tancredo o lera. À ação democrática dos primeiros anos da independência, correspondera uma reação absolutista, aplacada pela necessária transação da política de conciliação do Marquês de Paraná. Tancredo era, queria ser e foi o homem da transação que levou à restauração democrática.

A memória petista tem o desconforto de lembrar que o partido ameaçou expulsar os três deputados que votaram em Tancredo: Bete Mendes, Airton Soares e José Eudes. Para não ser expulsos, desfiliaram-se.

Em 2005, passados 20 anos, o PT informou que aceitava reincorporá-los.

Delúbio Soares, o tesoureiro do PT à época do mensalão, teve sorte melhor. Ele foi expulso do partido em 2006 e readmitido pelo Diretório Nacional em 2011. Um ano depois, Delúbio foi condenado a oito anos e 11 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Desde o ano passado, ele está em regime semiaberto e trabalha na CUT.

O resto
Como os políticos mineiros da época, Tancredo foi acompanhado por um conjunto de tiradas folclóricas. Em muitos casos os personagens tinham folclore e mais nada. No de Tancredo havia uma mistura de elegância e doçura. Um exemplo:

O deputado Marcelo Cerqueira presidia uma comissão mista do Congresso na qual articulava-se o abrandamento de um projeto da ditadura. Tancredo apoiou a apresentação de um substitutivo e Cerqueira propôs que o caso fosse a voto: “Nós votamos com o nosso substitutivo e o resto vota como quiser”. Tancredo corrigiu-o: “Não devemos dizer ‘o resto’. Digamos ‘os demais’”. Desde então, Marcelo Cerqueira diz “os demais”.

Fala Tancredo
Uma das melhores peças da oratória política de Tancredo é um discurso que não fez, o da cerimônia de sua posse. Alguns trechos:

“Esta solenidade não é a do jubilo de uma facção que tenha submetida a outra, mas festa de conciliação nacional”.

“Nosso progresso político deveu-se mais à força reivindicadora dos homens do povo do que à consciência das elites”.

“Desprovido de fortuna, o trabalhador só pode sentir como seu o patrimônio comum da Nação(...). Nada tendo de seu, ou tendo muito pouco, está poupado do egoísmo dos que possuem e disposto a defender a esperança, que para ele está no crescimento do Brasil”.

“A pátria dos pobres está sempre no futuro e, por isso, em seu instinto, eles se colocam à frente da História”.

“A História nos tem mostrado que, invariavelmente, o exacerbado egoísmo das classes dirigentes as tem conduzido ao suicídio total”.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2015/03/1602974-a-grande-conciliacao-de-1985.shtml