domingo, 26 de maio de 2013

O poder da palavra

Bem feito! Esta é uma frase que normalmente se diz quando alguém recebe o que "mereceu", segundo o julgamento de quem fala. Como esta frase já está arraigada no vocabulário da sociedade, menciona-se automaticamente quando se vê alguém levando o que chamamos de "troco". É a lei da ação e reação, muitos dizem. Mas esta lei existe apenas para aqueles que não gostamos? Ou será que a partir do momento que dissermos "bem feito", não estaremos também sujeitos à ela? Só os nossos inimigos e desafetos agem e recebem de volta as consequências de suas ações?

A mente humana é complexa e foi muito pouco desvendada pela ciência. Equipamentos especiais conseguem revelar as regiões de atividades mais intensas do cérebro diante de estímulos externos (fatos) e internos (pensamento), podendo até prever reações diante de alguns estímulos já conhecidos, catalogados e estudados, mas não consegue prever muitos de seus efeitos colaterais. Chamo de efeitos colaterais os resultantes do processamento silencioso do nosso inconsciente em relação às nossas atitudes e às frases que mencionamos. Enquanto a nossa razão sabe muito bem o significado desse "bem feito" que falamos, como será que o inconsciente o "entende" e o processa?

Sim, tem um pouco a ver com a lei da atração abordada em "O Segredo", mas será que basta resolver este problema simplesmente negando o que se falou, substituindo a frase por palavras positivas ou de arrependimento no nível da razão? Será que o inconsciente não assume o sentido literal do "bem feito" e o cataloga como exemplo de um "bem que foi feito" e nos leva a atrair esse "bem"?

É óbvio que esses recursos racionais de recusarmos o pensamento de vingança ou praticarmos o Ho'oponopono(*) nos ajudam, mas com isto estaremos definitivamente livres dessa reação inconsciente? Na verdade não há perdão falado sem perdão sinceramente sentido. O falado pode nos ajudar a pensar, mas só uma profunda reflexão poderá nos fazer sentir.

A melhor receita para isto é a de Dalai Lama em sua definição profunda sobre o verdadeiro sentido da palavra compaixão. Só estaremos livres desse sentimento de mágoa e vingança quando procurarmos entender o funcionamento do mecanismo evolutivo. Quando conseguirmos ser verdadeiramente empáticos com os nossos semelhantes que sofrem com os revezes da vida e entendermos que eles buscam a felicidade, assim como nós buscamos. E essa compaixão nada tem a ver com aquela comumente usada pelas religiões no sentido de "dó" ou "pena". É bem mais do que isto!

"Outras pessoas, assim como eu, buscam a felicidade, não o sofrimento e, mesmo sendo inimigos, têm o direito de superar esse sofrimento. E a partir da compreensão de que eles têm esse direito, desenvolve-se um sentimento de inquietação que é a verdadeira compaixão." (Dalai Lama)

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(*)Ho'oponopono: através desse sistema você pode se livrar das recordações que tocam repetidamente na sua mente (aquela conversa mental interna incessante - principalmente depois de situações estressantes e desagradáveis) e encontrar a Paz. Sem os pensamentos se repetindo, sem crenças limitadoras, sem condicionamentos, sem as lembranças dolorosas, um espaço vazio se abre dentro de você. O Ho’oponopono lhe permite soltar estas recordações dolorosas, que são a causa de tudo que é tipo de desequilíbrios e doenças. Na medida em que a memória é limpa, pensamentos de origem Divina e Inspiração ocupam o vazio dentro de você. A única coisa que devemos fazer é limpar; limpar todas as recordações, com quatro simples frases que abrangem tudo: "Sinto muito, Me perdoe, Te amo e Sou grato" Leia mais em www.hooponopono.ws

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terça-feira, 21 de maio de 2013

Escrevo pra mim

Em primeiro lugar quero dizer que algumas pessoas confundem o que eu escrevo neste blog com aquilo que sou e como ajo na vida real. O que escrevo é o que a minha consciência ou intuição mandam e confesso que nem sempre ajo coerentemente com muitas coisas que procuro dividir com vocês aqui neste espaço. Um blog com o nome "Pura Reflexão" denota uma certa empáfia, dando a entender que eu reflito e dou receitas para que vocês as sigam em suas vidas; que essas receitas já foram testadas por mim e aprovadas pela vida.

Não é nada disso! Na verdade, sou muito mais egoísta do que vocês pensam, pois escrevo pra mim mesmo. Quando resolvo escrever, reflito antes e, principalmente, enquanto escrevo. Às vezes começo com uma ideia, mas ela vai mudando tanto que acabo mudando a própria ideia e o que era principal se transforma em argumento.

Muitas vezes releio meus textos depois de muito tempo, às vezes meses ou anos após tê-los escrito. Mas mesmo percebendo que algumas dúvidas já foram respondidas por novas vivências, eu não os altero e com isso posso refletir mais um pouco e até questionar as próprias respostas que pensava tê-las encontrado.

No entanto é um prazer compartilhar com vocês as minhas reflexões e elas podem até ajudá-los a descobrir suas próprias verdades, mas não tenho e nunca tive a pretensão de mudar nenhuma outra cabeça senão a minha. Em alguns casos, posso indiretamente estar envolvendo pessoas, mas é impossível refletir sobre a vida sem envolver fatos vividos e há sempre um ser humano presente em algum lugar desses 360 graus dos fatos.

Este blog, usando as palavras de Clarice Lispector, é o meu "tédio que pára o tempo", fazendo-me viver intensamente o agora. Um agora que amanhã voltará a ser hoje e novamente um agora. "O tempo não existe. Ou é imutável e nele nos transladamos".

E escrever é o tédio que pára o meu tempo e tenta recompor o pedaço que falta de mim.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A revolta da criatura

O que estamos assistindo no Congresso durante a votação da MP dos Portos não era difícil de se prever que um dia aconteceria: a criatura se voltando contra seu criador. É a política imitando o submundo da vida. As cenas lamentáveis que assistimos ontem com porcos, chiqueiros além do cheiro e lama característicos desses ambientes insalubres, nada mais são do que o resultado da promiscuidade nesse relacionamento entre governo e Congresso Nacional que pauta a administração PT desde a sua entrada no poder, principalmente dele com o maior partido do Brasil, o PMDB. O que vimos ontem é a materialização de um dos efeitos colaterais perversos dessa maioria no Congresso a todo custo.

Não pensem que esta dificuldade do governo de convencer seus "apoiadores" a aprovar a MP dos Portos é resultado de argumentações ideológicas ou de interesses regionais desses parlamentares contrários à sua aprovação. Embora o governo negue - e negará até sob tortura - esta pressão não só cheira, mas fede negociatas para liberar dinheiro às emendas e projetos de deputados e senadores da base aliada. É pura corrupção, pois, na verdade esse termo não envolve necessariamente dinheiro em espécie. Negociar privilégios para deputados e senadores é crime contra nação e fere a isonomia do sistema republicano. Não se trata de nacionalismo ou patriotismo piegas e nem de religiosidade, mas do mais puro humanismo. Como uma país tão desigual pode adotar políticas tão desiguais patrocinadas por um governo que se diz socialista?

Tudo a seu modo e a seu tempo. Disse o escritor francês Jean de La Bruyère que "O favor que coloca o homem acima dos seus iguais promove sua queda abaixo deles." Esses insaciáveis monstros criados em cativeiro levarão o troco da lei mais certa do universo que é a da ação e reação. Monstros que dão mais valor ao poder, ao dinheiro, às suas vidas pessoais e suas bandeiras partidárias do que para suas missões de representantes de um povo sofrido que recebe apenas esmolas das riquezas que produz. Povo que coloca o Brasil em 6º no PIB mundial e recebe esmolas eleitoreiras como as da Bolsa Família e posicionam o país em 84º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Falam só do PT, mas o PMDB - que embora ainda tenha Sarneys, mas já teve nomes como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e muitos dos hoje tucanos - é o grande viabilizador deste governo que está ai com 80 deputados (23% da base), 42 senadores (46% da base), Vice-presidente da República, ministérios, cargos do segundo e terceiro escalões, além de ser o partido com mais prefeitos eleitos do país (1024 municípios). Para mim, o PMDB é quem governa DE FATO, e não o PT. No entanto, por ter escolhido o sub-poder desde o governo Collor e até hoje permanecer morando nos porões do Planalto, tem um telhado muito bem camuflado, no melhor estilo "bunker".

O PMDB é o único grande partido político do mundo que não apresenta candidato à presidência há mais de 25 anos e tudo pelo mais puro interesse. Desmerece sua história de lutas e pisa em seus heróis do passado, trocando sua honra pelo fisiologismo barato. Não pode sair dessa destruição à qual o país se submete com imagem ilesa. Fugir como lobo em pele de cordeiro.

Dai a César o que é de César!

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domingo, 12 de maio de 2013

Se você não se acha idiota, muitos políticos acham.

Vamos lá... tente ao menos uma vez na vida prestar mais atenção no que está acontecendo com o seu país. Largue um pouco sua bandeira partidária, pare de olhar para seu próprio umbigo e tente se informar um pouco mais. E sem esse papo furado de imprensa golpista local e mundial. Você não é tão ingênuo assim e sabe muito bem em quais jornais, revistas e notícias pode acreditar. Números não podem ser manipulados, passando de negativos para positivos e vive-versa. Fotografias e vídeos da imprensa podem ser retocados e melhorados, mas não ao ponto de mudarem ou inverterem realidades. Vamos lá... tente ao menos uma vez, caramba!

Estão nos comendo pelas bordas, como mingau.

Não importa se os mais conscientes que não consideram o governo Dilma bom ou ótimo representam apenas 38% da população brasileira. São 76 milhões de cidadãos e cidadãs, número superior à população de muitos países. Sete vezes a de Portugal, uma vez e meia a da Espanha, mais que uma Itália, quase uma Alemanha e por aí vai. Deveríamos ser muito mais fortes e representativos do que somos, mas nossa indiferença e omissão estão matando, pouco a pouco, o Brasil promissor que o mundo inteiro vê, exceto nós mesmos.

Esqueçam Dilma, PT, PMDB e seus ali(en)ados. Esqueçam PSDB e partidos da oposição. Concentrem-se nos números abaixo:

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano". Classifica-os como "desenvolvidos" (desenvolvimento humano muito alto), "em desenvolvimento" (desenvolvimento humano médio e alto) e "subdesenvolvidos" (desenvolvimento humano baixo). A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB (PPC) per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos a nível nacional. Cada ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. O IDH também é usado por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias, etc. 
O Brasil está em 84º lugar no IDH. Como estamos em 5º no Produto Interno Bruto mundial, isto significa que estamos entre os maiores países produtores de riquezas do mundo e entre os piores em retorno de impostos à população. Temos a maior carga tributária do planeta, mas ela não NÃO RETORNA em forma de educação, saúde, segurança, habitação, empregos, infraestrutura e outras coisas importantes para melhorarmos o nível social e a sociedade em que vivemos.
No IDH, sem incluir países do hemisfério norte, estamos atrás do Chile (44º no ranking), Argentina (45º), Uruguai (48º), Cuba (51º), Bahamas (53º), México (57º), Panamá (58º), Antígua e Barbuda (60º), Trinidad e Tobago (62º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º), Jamaica (79º), Peru (80º), e Equador (83º). O que acham disso?
IRBES (Índice de Retorno de Bem Estar à sociedade): é o resultado da somatória da carga tributária segundo a tabela da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de 2010 e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Quanto maior o valor do IRBES, melhor é o retorno da arrecadação dos tributos para a população.
Entre os 30 países com a maior carga tributária, o Brasil CONTINUA SENDO o que proporciona O PIOR retorno dos valores arrecadados em prol do bem estar da sociedade. Os Estados Unidos, seguidos pela Austrália, Coréia do Sul e do Japão, são os países que melhor fazem aplicação dos tributos arrecadados, em termos de melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos. O Brasil, com arrecadação altíssima e péssimo retorno desses valores, fica atrás, inclusive, de países da América do Sul, como Uruguai e Argentina.
Desempenho da indústria: em 2012 foi o pior entre 25 nações emergentes e importantes economias da América Latina. A queda de 2,6% na produção industrial do país foi, de longe, a mais acentuada do grupo. O Egito, segundo pior colocado, registrou contração de 1,9%. A indústria brasileira como componente do PIB (Produto Interno Bruto) - que, além da produção de manufaturados, inclui setores como construção civil e energia elétrica - também amargou a maior contração no mundo emergente. A queda desse indicador foi de 0,8%. 
Não importa o que éramos na era Sarney, Itamar ou FHC porque não estamos comparando governo "x" com "y". Não vivemos de passado, mas sim deste presente que está moldando o futuro de nossas vidas. Não estamos nem aí com socialismo, comunismo ou bolivarianismo... TODAS IDEOLOGIAS MORRERAM e resta apenas o HUMANISMO que NUNCA foi experimentado. Prezamos apenas a democracia e a liberdade.

Não foi no governo Sarney, Itamar ou FHC que investiram 30 BILHÕES numa Copa do Mundo e nas Olimpíadas que, a exemplo da África do Sul e Grécia, respectivamente, só deram dinheiro para seus organizadores (FIFA e COI), gerando prejuízos incalculáveis aos dois países - financeiros e sociais -, deixando dívidas e estádios, verdadeiros elefantes brancos com bilhões de dinheiro público enterrados. Com esses 30 bilhões - 90% financiado com dinheiro dos nossos impostos - o governo que alega não ter dinheiro para a saúde, educação e segurança, poderia construir 1.200.000 casas populares, 800 presídios, 60.000 escolas com postos de saúde ou mais de 1.000 hospitais com UTI. Com essa dinheirama toda, também não precisaríamos importar médicos cucarachos cubanos para jogá-los em regiões carentes com a finalidade de reforçar acordos entre governos atrasados que descontam seus ódios e mágoas do passado nos cidadãos bem intencionados que os elegeram; para garantir os votos dos miseráveis abandonados por meio do assistencialismo barato e interesseiro, migalhas disfarçadas de fraternidade.

Sem contar a corrupção, câncer que nem conseguimos contabilizar com exatidão, mas que em números aproximados, representa perto de 82 bilhões por ano ou 2,6% do PIB nacional. Mesmo assim, alguns fanáticos impensantes ainda têm a cara-de-pau de defender esses heróis de mentirinha que descontam suas frustrações do passado roubando o erário e indiretamente matando diariamente milhares de pessoas nas filas dos hospitais, nas regiões da seca interesseira e na violência das ruas.

Estamos nas mãos do STF, nossa única alternativa para salvar nossas instituições e a nossa Constituição. Sinceramente, não estou otimista. Anotem aí os ministros que eventualmente poderão frustrar nossos desejos de justiça no maior caso de corrupção dos últimos tempos: Lewandowski, Toffoli e o recente empossado Zavascki (amigos do rei); Carmen Lúcia que também é presidente do TSE e recentemente descartou investigação sobre dinheiro repassado por Valério ao PT e Rosa Weber que já se mostrou completamente insegura em várias decisões no caso mensalão.

E daí? Vai continuar se achando inteligente e continuar brigando por uma ideologia morta? Vai continuar fazendo vista grossa e a ser um otário útil ridicularizado nos bastidores da política pelos maus carácteres que você elege? Vai continuar indiretamente matando famílias, idosos e crianças?

Se você não se acha idiota, a maioria dos políticos que você elege acha. Eles precisam muito de você!


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Igual e desigual

Outro dia uma amiga, complementando uma conversa profunda que estávamos tendo (e seria irrelevante dizer qual era o assunto), perguntou: "Mas se aconteceu isto, porque então você sempre está com esse semblante alegre e brincalhão?"

Alguns ouvem músicas tristes e ficam chorando, outros se afundam no vício da bebida ou das drogas, convertem-se a outras religiões, fazem orações ou vão viver em alguma comunidade. Tem também os que procuram ambientes movimentados, vão atrás de amigos e colegas, frequentam baladas, viajam, enfim, cada um tem a sua própria maneira de superar seus problemas e até o direito de se enterrar neles ou ser enterrado com eles. Não é possível estabelecer um método único que sirva para todas as pessoas e muito menos julgá-las dependendo dos métodos que escolheram. Como escreveu Carlos Drummond de Andrade:

Igual-Desigual 
"Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinhos são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho
ímpar."
Eu sou alegre porque sou, mesmo tendo momentos tristes como todo ser encarnado. Quando, mesmo com a tristeza no peito, estou alegre e brincalhão, na verdade estou desprezando a tristeza e nada melhor que o desprezo para vingar-me e fazê-la ir embora. Puro desdém!

Ninguém é igual a ninguém e tudo que está dentro dele também não é. Nenhuma tristeza é igual à outra e nenhuma alegria também. Amor ou ódio, alegria ou tristeza, assim como as suas exaltações e soluções também são ímpares.

E o ser humano, além de ímpar pode também ser primo: divisível por um e por ele mesmo.

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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Não se liberta o que não se prendeu

Segundo a escritora Sidonie Colette, "quando somos amados não duvidamos de nada; quando amamos, duvidamos de tudo". E basta duvidar para acreditar em mentiras que reforcem as nossas desconfianças, pois, o desejo de ter razão supera e ignora o desejo da própria felicidade, principalmente quando vivemos sob o domínio constante do medo. Medo de perder outras pessoas e o amor maior que tanto preza.

Uma vez escrevi aqui, em um dos meus posts, que a palavra amor é tão complexa que outras espécies de amores deveriam ter nomes diferentes desse que deveria ser único. Amor de mãe, amor de filhos, amor sexual são alguns exemplos. São paradoxos do amor porque exigem análise, reciprocidade específica e prazeres pontuais. Geram disputas e mentiras dos amados e dos desprezados.

Não... não falo do utópico amor incondicional, inalcançável nesta nossa condição de seres encarnados. Falo do amor com aquele algo mais que envolve sincronicidade, admiração, respeito, empatia, liberdade, desprendimento e algumas energias inexplicáveis.

Inexplicáveis como o próprio amor.

sábado, 4 de maio de 2013

Sonho: realizar é não realizar.


Escreveu Victor Hugo em "Os Miseráveis" que "Julgar-se-ia bem mais corretamente um homem por aquilo que ele sonha do que por aquilo que ele pensa.”

O sonho vem da essência pura do homem, impulsionando-o a conquistar o que ele imagina ser felicidade. Normalmente esse sonho é simples e objetivo, mas vai ganhando complexidade à medida que começa a ser questionado pelo próprio idealizador, submetendo a ideia original a determinados valores adquiridos muito tempo depois desse sonho ter sido criado. E aos poucos o homem vai se afastando do sonho concebido, criando barreiras que o impedem de realizá-lo.

Li um artigo da professora Monique Faure onde num trecho ela diz: "Como ratinhos colocados dentro de um labirinto, somos caminhantes no mundo, não para achar o final dele, mas para sermos testados na capacidade de formular perguntas validas a desenvolver uma boa metodologia para percorrê-lo."

Mas qual a medida certa? Passaremos a vida inteira questionando nosso sonho porque esta é nossa missão evolutiva? Ou podemos realizar parte dele para podermos respirar, sendo menos exigentes com esse sonho e com nós mesmos? Podemos retomar os questionamentos num outro momento do nosso aprendizado?

Na verdade, os pensamentos não revelam o ser humano que existe por trás deles ou a verdadeira essência de sua alma. Vez ou outra, ele tem que resgatar seu sonho original para poder agir e realizar parte dele através de sua intuição. Só a ação realiza e elimina boa parte dos questionamentos transformando-os em certezas. Em seguida, voltamos a esquecê-lo e virão novamente as perguntas ainda não respondidas para que o sonho se estabeleça racionalmente, sem no entanto realizá-lo integralmente. Como no paradoxo de Fernando Pessoa: "Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso realizar é não realizar."

Portanto, não passe a vida inteira questionando sem parar para respirar. Volte atrás se preciso for, refaça as pausas perdidas e os momentos de alegria que foram suprimidos pelo excesso de questionamentos.

Realize, mesmo sem realizar!

Assim falou Renantustra

E complementou o filósofo Renantustra, mais conhecido como Renan Calheiros, ilibado presidente do nosso senado, dizendo considerar "inviável" que uma decisão da Corte possa substituir as deliberações "pluralizadas " do Congresso.

E quem disse que esse Congresso é plural, cara pálida? Nunca antes na história deste país um congresso foi tão singular e tão pouco representativo dos anseios populares como este que está aí. De maioria esmagadoramente interesseira, a começar pelo seu partido, o PMDBêntures (debênture: título de crédito representativo de empréstimo, no caso, a sigla partidária), o congresso hoje não tem absolutamente nada a ver com o que foi eleito pelo povo e muito menos com suas mentirosas promessas de campanha.
Singular: 1 Pertencente ou relativo a um só; individual, isolado, único. 2 Como não há segundo; que não tem igual nem semelhante. 3 Que vale só por si; significativo, terminante. 4 Distinto, notável, extraordinário. 5 Especial, particular, privilegiado. 6 Esquisito, excêntrico, original. 7 Assombroso.
Quem o senhor representa? Seu mordomo que o serve em sua residência e que recebeu no mês de março o salário bruto de R$ 18,2 mil (R$ 2.700 apenas em horas extras), nomeado por meio de ato secreto juntamente com outros 7 garçons do plenário e área contígua que recebem entre R$ 7,3 mil e R$ 14,6 mil, remuneração até vinte vezes maior que o piso da categoria na capital federal? Ou representa deputados e senadores que recebem perto de R$ 150 mil por mês entre salários e benefícios?

Esses políticos que se opõe à superioridade constitucional do STF não entendem que estão perdendo tempo tentando nos fazer acreditar que têm mais credibilidade que a Suprema Corte liderada pelo ministro Joaquim Barbosa, mesmo composta por alguns ministros de amizades suspeitas ou ministras que não são a favor e nem contra nada ou tudo, muito pelo contrário.

Não, meus caros...  não demos e não daremos a vocês procuração de plenos poderes. Em primeiro lugar porque não merecem e em segundo porque o Brasil ainda possui mais de 50 milhões de eleitores lúcidos (25% que NÃO CONSIDERAM o governo de Dilma bom ou ótimo) o suficiente para saírem às ruas se necessário for.

Vocês são subalternos sim e nos representam a título precário. Somos nós que pagamos os seus IMERECIDOS salários com o suor dos nossos rostos em trabalhos bem diferentes daqueles do seu mordomo ou dos garçons do congresso. Não ganhamos 10 mil reais para servir cafezinhos às Vossas Excelências.

E se servíssemos, os serviríamos com cicuta.