Em primeiro lugar é importante dizer que quando escrevo um texto não tenho objetivo de ofender as pessoas. Alguém pode não concordar, mas sentir-se ofendido é coisa de fundamentalista. Meu objetivo é apenas e tão somente o de fazer refletir.
O nazismo foi implantado após um período de democracia na Alemanha. Um dos riscos da liberdade democrática é o de algum louco chegar ao poder e depois usá-lo para transformar essa democracia numa tirania ou em outro sistema injusto qualquer, principalmente quando o mal intencionado tem uma inteligência acima da média. Cerca-se de fanáticos, compra apoios do parlamento, neutraliza os mecanismos de resistência do sistema e impõe leis que facilitam suas ações anti-democráticas. É claro que o processo não é tão simples e óbvio como resumi, mas vale como introdução para o que vem em seguida.
Todas as estratégias e artimanhas que são usadas por alguém mal intencionado que ascendeu ao poder, só funcionam quando o povo não tem acesso à informação de foma democrática, quando ela está limitada aos meios de comunicação oficiais e aos que o governo corrompeu. Se unir todas essas condições a um projeto de comunicação muito bem estruturado, as chances de fazer uma lavagem cerebral é enorme. E no caso do nazismo de Hitler, o "gênio do mal" da comunicação foi Joseph Goebbels.
Apenas para dar um exemplo, uma das estratégias que Goebbels usava era a de identificar as cidades alemãs onde a população não aceitava ou não conhecia bem Hitler e programava várias ações. Uma delas era a de agendar a visita do Führer para 15 ou 30 dias, e antes do dia marcado instalar auto-falantes nas praças reproduzindo músicas clássicas suaves. Aos poucos iam mudando o repertório para músicas de graduação mais intensa e quando Hitler chegava já estavam reproduzindo marchas militares, encontrando a população desses locais num clima propício para aplaudirem seus discursos ultra-nacionalistas.
Mas a pergunta é: isto seria possível acontecer nos dias de hoje?
Na minha opinião, isto dificilmente voltaria a acontecer neste século XXI. Primeiro porque hoje é praticamente impossível que um governo consiga preparar terreno para realizar seu projeto de poder absoluto sem que a população perceba e reaja. Não há como cercear o direito à informação em países livres, naqueles que hoje a população experimenta a liberdade e o acesso irrestrito aos meios de comunicação. A não ser que o domínio seja precedido de um golpe militar ou de uma violenta revolução. Alguns poderão dizer que aconteceu na Venezuela, em Cuba, na Coréia do Norte, parcialmente na China e em alguns países ditadores africanos, mas basta observar quando esses regimes foram implantados. Todos, sem exceção, no século passado ou anteriores a ele.
Quando alguns da esquerda ficam dizendo que Bolsonaro adotará um estilo ditatorial, estão fazendo terrorismo virtual, uma militância de oposição derrotada agindo para assustar desinformados e incautos, jogando-os contra um governo que nem começou. Quem acompanhou a história brasileira recente sabe que por mais imperfeita que seja a Constituição de 1988 e suas 106 emendas, as instituições continuam fortes o suficiente para evitar que a democracia brasileira se desmorone e assuma alguém com pretensões ditatoriais. Embora nosso sistema político seja imperfeito e fortemente contaminado por leis corporativistas que favorecem ao protecionismo e à impunidade política, existem cláusulas pétreas constitucionais que asseguram nossa opção democrática. Mesmo com parte do STF entregue aos interesses das militâncias, já tivemos inúmeras demonstrações de que os julgamentos em plenário têm derrubado iniciativas parciais de alguns de seus membros já conhecidos por suas decisões comprometidas com políticos, partidos e interesses pessoais.
Isto sem contar o nível de acesso à informação que a tecnologia da Internet e das redes sociais oferece á população, esta última que, devagarinho, vai aprendendo a identificar as Fake News e a conhecer as fontes confiáveis - ou pelo menos mais imparciais - de notícias.
Por essas e outras é que não acredito nesse terrorismo barato, no superlativismo dos erros e imperfeições do futuro presidente e de sua equipe. Se aprendermos a isolar o desespero da militância socialista tupiniquim, saberemos identificar os perigos reais muito tempo antes deles acontecerem.
Termino dizendo o que tenho dito em quase todos os meus textos. Não votei em Bolsonaro, mas ele foi eleito presidente dentro dos requisitos democráticos que nossas leis impõem. E como não pretendo sair do país para voltar daqui a 4 anos, tenho que torcer para que seu governo dê certo, assim como torci para o de Lula em seu primeiro mandato, mesmo não tendo votado nele. Mas isto não significa que desistirei da vigília contra a corrupção ou medidas injustas. Apenas não me verão sendo profeta do caos.
Acho que a maioria já aprendeu com os erros. Nossos e dos outros.
Se agirmos racionalmente nem precisaremos orar, mas de apenas vigiar e agir.
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