segunda-feira, 6 de maio de 2019

MAL NECESSÁRIO

Sinto-me às vezes como numa vitrine política, cheio de etiquetas e rótulos. Conservador, reacionário, direita, esquerda, humanista e até de comunista já me chamaram (rs). Acontece que tenho o costume de comentar FATOS PONTUAIS e procuro não comentá-los baseando-me apenas em minhas preferências pessoais, já que há muito tempo abandonei as ideológicas. Tento diversificar e não ficar batendo ou alisando determinado partido ou político. O certo e o errado são definições absolutamente pessoais, fundamentadas em razões que envolvem caráter, experiências observadas e nunca definitivas para que não se transformem em horrorosas e teimosas convicções.

A culpa de Bolsonaro estar aí é da própria esquerda que não acompanhou as mudanças que ocorreram ao longo do tempo, principalmente na consciência política dos cidadãos e nos seus anseios. O comunismo foi perdendo credibilidade à medida que sua verdadeira história vinha à tona com o acesso à informação. Lenin, Mao Tsé-Tung, Che Guevara e outros mitos intocáveis foram desmascarados deixando seus seguidores completamente desamparados. Numa tentativa de sobrevivência, o comunismo migrou para o socialismo, uma espécie de marxismo moderado não revolucionário.

No Brasil foram criadas inúmeras nuances de esquerda e a direita praticamente desapareceu das disputas políticas. Com o desencanto do povo nesses 14 anos de PT/MDB, com a desmoralização do PSDB - único representante da esquerda moderada (centro-esquerda) - e sem nenhum partido de direita, a escolha recaiu sobre a pessoa de um político praticamente sem partido que preencheu esse "buraco" com um discurso anti-corrupção, mas também reacionário e ultra-conservador. Foi uma espécie de "não tem tu, vai tu mesmo". Por pior que Bolsonaro seja, é ele que está forçando a esquerda se reposicionar e rever esse seu esquerdismo deteriorado, ultrapassado e corrupto.

Os eleitores ficam apontando seus dedos uns para os outros como se não fossem responsáveis por nada disso que aconteceu e está acontecendo. Vamos experimentar um remédio amargo, mas necessário. O povo será forçado a se desideologizar, acabar com esse binarismo de direita e esquerda idiota, entendendo que o pragmatismo é a melhor forma de selecionar e eleger seus representantes.

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