Imaginem-se vivendo a pandemia naqueles tempos, trancados dentro de casa recebendo notícias apenas dos vizinhos e de outras pessoas que raramente nos visitavam. Imaginem-se numa guerra com a sua cidade sendo bombardeada e a pausa ou o cessar das explosões fossem as únicas informações, os únicos sinais de que a guerra provavelmente havia acabado.
Esqueçam as fake news que são uma outra coisa, pois, ninguém é tão alienado ou limitado a ponto de não creditar em nenhuma notícia importante por causa delas. Estatísticas, orientações, vacinas e outras informações confiáveis é coisa que não falta.
E isso é bom? Lógico que sim! Não há como fazer comparações da pandemia atual com outras do passado. Há muitas variáveis que separam as épocas e quem se aventurou a fazer comparações - inclusive cientistas - apostando na hipótese de ser mais uma gripe e na tal da "imunidade de rebanho", caiu do cavalo. Mas a discussão não é essa... vamos às sequelas ou aos efeitos colaterais, quase invisíveis aos olhos.
Por muito tempo viveremos sem beijos, abraços e apertos de mão, gestos estes que aproximavam as pessoas, mantinham amizades, selavam acordos após desentendimentos e finalizavam compromissos assumidos. Como será esse novo mundo que, apesar da aproximação das ideias e pensamentos promovida pela tecnologia, já mostrava um enorme e crescente distanciamento entre as pessoas?
Fui outro dia ao supermercado e encontrei uma pessoa daquelas que você ama de paixão e que há mais de quatro meses não via. No início nos aproximamos sem ultrapassar a barreira recomendada de um metro e meio. Com máscaras, nem sorrisos um do outro a gente pode notar. Imagine dois robôs, um olhando para o outro sem saber direito o que fazer. Bastaram alguns poucos olhares (e como os olhos falam!) pra gente se abraçar demoradamente e dizemos juntos: dane-se!
Nesse dia cheguei à conclusão daquilo que muitos filósofos e grandes avatares que pisaram neste Planeta cansaram de dizer: o amor é a força maior do mundo. Impulsiona a coragem do ser humano para a prática de ações que partem do coração, das mais singelas às mais heroicas. É a única vacina que poderá evitar essa terrível moléstia que está por vir; o único remédio capaz de curar quem a tiver contraído.
E não há ciência ou tecnologia que possa colocá-lo em forma de cápsulas dentro de um fraco de vidro.
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