A frase do título é da poetisa americana Anais Nin. Embora eu seja agnóstico, para desenvolver minha reflexão, acrescento a frase bíblica “Não julgueis” (Mateus 7:1-5), e começo por ela.
SIM, NÓS JULGAMOS
Bobagem nos aconselhar para não julgar. Já julgamos, continuamos julgando e julgaremos sempre. Se não julgássemos, não conseguiríamos educar nossos filhos, escolher nossos amigos, nossos amores, nossa profissão, ter nossas próprias opiniões, enfim, seríamos um bando de zumbis zanzando pelo mundo sem saber o que fazer. Talvez o errado esteja, não em julgar as pessoas para tirar nossas próprias conclusões antes de decidir, mas em julgá-las, sentenciá-las e crucificá-las publicamente sem direito à defesa. É quando entra a frase reflexiva de Anais Nin: "Não vemos as coisas como são; vemos as coisas como somos."
"AS COISAS COMO SÃO"
Em "as coisas como são", não pode haver opinião ou juízo de valores, mas apenas a reprodução dos fatos sabidos e noticiados. Para não falar apenas de Sergio Moro, quero incluir mais duas personalidades da política: o general Santos Cruz e o procurador Deltan Dallagnol. Podemos ter até algumas dúvidas, mas não creio que afetem a imagem que eles conquistaram com suas atitudes. As de Sergio Moro e Dallagnol envolvem seus passados na Lava Jato e a de Santos Cruz (assim como também a de Moro) envolve a saída do governo Bolsonaro e as críticas contundentes que fez e faz até hoje. Os três têm algo em comum: nunca foram políticos; filiaram-se ao Podemos. Diferenças: Moro saiu como candidato à presidência, mas depois filiou-se ao União Brasil com candidatura indefinida; Dallagnol, primeiro ao Senado, mas como é do Paraná - o mesmo estado de Álvaro Dias -, agora é candidato à Câmara; candidatura de Santos Cruz ainda indefinida.
Dallagnol mantém-se firme. Determinado, para ele tanto faz se o Podemos terá seu próprio candidato à presidência, se apoiará Bolsonaro (como alguns estão dizendo) ou se o partido se manterá neutro. Sua plataforma de campanha não mudará: anticorrupção e ponto final!
Santos Cruz inicialmente incentivado por Sergio Moro, poderia sair como candidato ao governo do Rio, mas após a saída do ex-juiz, sua candidatura permanece indefinida. Quando perguntaram a ele o que ele faria se o Podemos resolvesse apoiar Bolsonaro, em tom de brincadeira disse que se isso acontecesse ele iria tomar conta de sua chácara. Em seguida disse que não sairia do partido e não desistiria de sua eventual candidatura.
Sergio Moro filiou-se ao Podemos para ser candidato à presidência. Após desistir de sua candidatura. poderia optar pelo Senado, mas teria que mudar seu domicílio eleitoral, o mesmo caso de Deltan por ser do Paraná (senador Álvaro Dias). Saiu do Podemos, mudou seu domicílio eleitoral para São Paulo quase que simultaneamente e filiou-se ao União Brasil. Com candidatura indefinida, disse em entrevista que não havia desistido de nada, mas que sua principal intenção era de liderar um projeto com destaque ao combate à corrupção. Recentemente declarou que, se não ficar no partido, abrirá um instituto dedicado à construção de políticas públicas, especialmente dirigidas ao combate à corrupção e à moralização da política.
"VEMOS AS COISAS COMO SOMOS"
Bem, este é o ponto em que começo a opinar, e opiniões envolvem expectativas, frustrações, olhares para o presente e futuro, emoções, pragmatismo e outros exclusivamente pessoais. Eu nunca considerei Moro um herói nem pronunciei ou escrevi essa palavra, mas não cabe aqui explicar o porquê e muito menos de discordar dos que pensam diferente. Apenas acho que paixão é uma coisa gostosa de sentir, mas que se trata de um sentimento desequilibrado no amor e de insanidade na política. Eu me uno às pessoas que têm objetivos nobres e apoiam políticos que também os têm, mas não me apaixono por eles e também não tenho vocação pra fazer parte de torcidas organizadas naquele estilo de pular, gritar e chacoalhar pompons.
TENTE NÃO VER AS COISAS COM OS OLHOS DO CHATO QUE VOCÊ É...
... e nem com os de uma "morete" apaixonada. Avalie as mudanças políticas com um certo pragmatismo. As variáveis que desconhecemos são tantas, que por mais que a gente tente ser empático não consegue. No caso de Moro ele deve saber mais do que nós se está valendo a pena ou não insistir, mas isso não nos impede de opinar com base nas notícias e nas opiniões que lemos. Neste momento não dá pra perder tempo e ficar avaliando o que aconteceu com Moro no Podemos, no União Brasil e com outros outros blá blá blás. Isso é passado! Já sabemos que a podridão política atingiu um nível além do que já era insuportável. E como diz o matuto, dessa touceira do União Brasil não sairá preá.
Acho que Moro deve tocar seu projeto do Instituto e expliquei no meu post anterior (leia aqui) o porquê. Se esse projeto sair, apoiarei e ajudarei, dentro, obviamente, das minhas limitações, porém, o problema da corrupção não será solucionado de uma hora pra outra, pois, além do Congresso não querer que seja resolvido, nós nos omitimos durante pelo menos 40 anos. Não dá pra eliminar esse câncer administrando aspirina de 8 em 8 horas. Temos que continuar apoiando Sergio Moro, Dallagnol e Santos Cruz, cada um à sua maneira no caminho que escolheu.
Se você desistiu, o problema é seu, mas não atrapalhe os que desejam ao menos tentar melhorar este país.
Poeminho do Contra
(Mario Quintana)
Todos esses que aí estão
Atravancando meu [nosso] caminho,
Eles passarão...
Eu [nós] passarinho!
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