quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

POR QUEM OS SINOS DOBRAM

O humanismo seletivo ainda é o campeão, o grande vilão dos nossos próprios males, da sociedade e do mundo em que vivemos. Um paradoxo se pensarmos que não existe "meio amor" pelo próximo. Diferente daquele movimento intelectual do século XV de valorizar tudo aquilo que envolve sentimentos de compaixão, generosidade e preocupação em relação às realizações humanas, o humanismo verdadeiro ganhou um sentido muito mais amplo. A preocupação com a natureza, os animais, o ar que respiramos que não são realizações humanas, devem entrar nessa complicada equação que revela o verdadeiro "humanista".

Vemos hoje pessoas revoltando-se com certas injustiças e ignorando outras, fazendo de conta que não as veem. O que vi de políticos corruptos e figuras do judiciário como Gilmar Mendes lamentando e prestando solidaridariedade aos parentes dos mortos de Petrópolis, não está escrito. Hipócritas! Roubam dinheiro público ou libertam ladrões e empresários poderosos, mas quando uma tragédia alcança a imprensa, vêm todos fazer média com o eleitorado ou tentando amenizar, não o remorso porque não têm, mas a sua imagem pública já deteriorada e desprezada.

Esses hipócritas - e isso vale também para os que os defendem com unhas e dentes por militância - deveriam todos os dias lamentar e pedir desculpas à Nação. No entanto, como o sofrimento e as mortes de centenas de milhares de miseráveis anônimos vítimas da corrupção não saem nas primeiras páginas dos jornais, o que os olhos não veem o coração não sente.

Voltando ao tema "conhecer as pessoas", sinceramente me decepcionei com um sem números de falsos humanistas que trazem na ponta da língua aqueles únicos argumentos de que os "seus bandidos" roubaram mais do que os nossos e fizeram menos vítimas. Que ignoram mortes e sofrimento quando os carrascos são do outro time.

Trato bem, procuro ser educado e tomo até um cafezinho sem tocar no assunto, mas dispenso qualquer tipo de amizade com pessoas que têm esse perfil patológico.

"A morte de cada homem diminui-me porque sou parte da humanidade. Portanto, nunca procure saber por quem os sinos dobram; eles dobram por ti" (John Donne)

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