Paradoxalmente, nesta mesma página há outra matéria com o título "A moeda real no mercado de notícias é a credibilidade, cada vez mais exigida pelos leitores" em que François Nel, diretor do Journalism Leaders Programme, da University of Central Lancashire, diz:
Já prevendo essa tendência mundial de migração do impresso para o digital, em 1996 o Grupo Folha fundou o UOL oferecendo novos produtos como chats, vídeos, jogos e outros além do produto "informação". A partir de 2005 a tendência tornou-se mais acentuada e outros veículos de comunicação começaram a investir mais pesadamente em tecnologia e pessoal técnico visando acompanhar essas mudanças.“A lei da oferta e da procura (demanda) ainda se aplica”, diz Nel em entrevista ao site da World Association of News Publishers (WAN-IFRA). “Os consumidores de notícias estão cada vez mais reconhecendo que, embora a informação seja abundante em um mundo cada vez mais conectado digitalmente, informações independentes baseadas em fatos que podem ser confiáveis são escassas”.Não são apenas os leitores que estão percebendo o crescente valor do jornalismo de qualidade, segundo Nel. As perspectivas também estão mudando entre os publishers, que têm demonstrando um crescente comprometimento em fornecer conteúdo exclusivo e de qualidade pelo qual vale a pena pagar. "Estamos vendo isso mesmo no país mais caro do mundo para dados móveis, o Zimbábue, onde as assinaturas via celular do Daily News e do Financial Gazette estão em curva crescente"
Mas a pergunta é: em termos jornalísticos, os comportamentos empresarial, de marketing e editorial desses veículos acompanharam a velocidade das mudanças do perfil do leitor?
A resposta é NÃO! Em termos jornalísticos eles mantiveram a antiga pretensão de (de)formar opiniões, esquecendo-se de que a informação não estava mais restrita aos grandes veículos e seus exemplares impressos vendidos em bancas ou recebidos em casa por assinatura, hábito que fidelizava o leitor por comodidade e até por questões financeiras. Em resumo, o leitor não era mais obrigado a enfrentar a cara feia do dono da banca quando começava a folhear jornais e revistas. Com a leitura gratuita online (estratégia utilizada pelo veículo para que o leitor criasse dependência e mais tarde assinasse a versão paga), o leque de opções aumentou e os parâmetros comparativos da notícia também aumentaram. As "verdades" publicadas por um veículo passaram a ser questionadas e confrontadas umas com as outras pelo leitor. Em termos de marketing, tentaram (e ainda tentam) erradamente impor a a esse mesmo leitor "aquilo que ele deveria querer" em detrimento do que ele realmente queria. Os jornais esqueceram-se daquela velha máxima da propaganda de que demanda não se cria, a não ser que seja um produto verdadeiramente inédito, coisa impossível quando o assunto é credibilidade da informação.
A despeito da clareza da tendência, a empresa jornalística agiu e ainda age como um filho de pai rico que dá uma empresa para seu filho e cobre seus constantes prejuízos. No caso do jornalismo, esse pai rico é o governo com suas propagandas e leis obrigatórias como publicações de licitações, balanços e outras. O anunciante mesmo - aquele que valoriza o retorno de investimento -, se afasta cada vez mais das revistas e jornais impressos devido às imensas opções e variedades de estilos de propaganda que ele encontra nos atuais meios de comunicação, incluindo em suas versões digitais. Além do custo-benefício, a empresa privada passou a considerar em seus cálculos a imponderável rejeição de seus clientes por determinados veículos tendenciosos para evitar aliar sua imagem à deles.
Bem, eu apenas tentei resumir esta minha visão porque o assunto é complexo demais para ser debatido em apenas um post que pretende abordar assuntos ligados à QUALIDADE e CREDIBILIDADE da informação jornalística. Hoje em dia, o tamanho da empresa e a tradição do veículo não mais garantem a qualidade e a credibilidade da informação para o leitor politicamente consciente, chegando ao ponto de fazê-lo ignorar ou aceitar a partidarização e a ideologização editorial. E essa consciência política do leitor cresce de forma exponencial, rejeitando cada vez mais esse "nós contra eles" implantado pelo PT e que também contaminou a imprensa.
Só existem duas alternativas para essas empresas de comunicação não quebrarem: ou mudam, ou mudam.