A grande diferença entre uma empresa privada de uma estatal está na seriedade com que os problemas são tratados. Numa grande empresa séria que tem ações na bolsa, o próprio presidente reúne diretores e acionistas para prestação de contas após o término do ano fiscal. Nessa reunião o presidente mostra os principais números, investimentos, perdas e lucratividade, fazendo uma projeção para os próximos anos.
Quando trabalhei numa grande multinacional, assisti um vídeo de uma dessas reuniões com acionistas. Após a apresentação do presidente, auditório lotado, foram colocados microfones nos corredores para ouvir os acionistas que desejavam fazer perguntas diretamente para o presidente e membros do comitê executivo internacional. Várias pessoas perguntaram, mas uma senhora de uns 80 anos foi a atração. Levantou-se decidida e com o dedo em riste, perguntou ao presidente porque suas ações não renderam tanto quanto ela esperava, dizendo que se não ouvisse uma boa resposta, saindo dali ela venderia suas ações para investir em coisa melhor.
O presidente calmamente respondeu com números, voltando para alguns quadros que já haviam sido projetados e explicou tudo novamente com muita paciência. Ao sentar-se de volta no auditório, um representante da empresa sentou-se ao lado dela com um relatório e acredita-se que ele estava tentando fazê-la entender os motivos da rentabilidade não ter sido a que ela esperava.
Aqui no Brasil, uma empresa como a Petrobrás tem um prejuízo de 21 bilhões (contra um lucro de 23 no ano anterior), perde 6 bilhões em corrupção, reduz em mais de 44 bilhões o valor dos seus ativos, não pagará dividendos para poder fazer caixa, mas aumenta os salários de sua diretoria de 100 para 123 mil. Somado a tudo isso, hoje o que se viu foi uma festa com a subida das ações após a publicação do balanço auditado.
De 2010 a 2015, o valor da Petrobrás caiu de 380 para 174 bilhões de reais, mas os políticos do governo e os diretores fizeram festa hoje porque as ações ordinárias - sem direito a voto - subiram 4%. No Brasil das estatais é assim... comemoram quando param de roubar. Realmente, num país de ladrões, parar de roubar representa um grande avanço!
Comemoremos... torradas verdes com queijo brie e noz macadâmia, regadas com Moet Chandon Dom Perignon.
Segura que agora vai!
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