segunda-feira, 6 de junho de 2011

Seguir ou inspirar-se em alguém

Osho



Eu gostaria que você aprendesse em toda fonte, para apreciar todo ser singular que  encontrar. Mas jamais siga alguém e nunca tente se tornar exatamente como alguma outra  pessoa; o que não é permitido pela existência. Você somente pode ser você mesmo. 

E isto é um fenômeno estranho: as pessoas que se tornaram uma inspiração para milhões de outras pessoas, elas próprias nunca se inspiraram em ninguém – mas ninguém observa esse fato.

(...)

As pessoas estão sendo treinadas como atores; em todo este vasto mundo você encontrará todas as pessoas representando papéis. Todo mundo é educado para encenar...

Belos nomes – etiquetas, boas maneiras – mas por trás, escondido, está uma psicologia sutil para fazê-lo esquecer a sua originalidade e absorver algum papel que os interesses ocultos querem que você seja. 

Nunca se inspire em alguém.

Permaneça aberto.

Quando você vir um belo pôr do sol, desfrute a beleza dele; quando você vir um Buda, desfrute a beleza do homem, desfrute a autenticidade do homem, desfrute o silêncio, a verdade que o homem alcançou, mas nunca se torne um seguidor. Todos os seguidores estão perdidos.

Permaneça você mesmo – porque esse homem Goutama Buda encontrou porque  permaneceu ele mesmo. E todos esses belos nomes – Lao Tzu, Chuang Tzu, Lieh Tzu,  Bodhidharma, Nagarjuna, Pitágoras, Sócrates, Heráclito, Epicuro – todos esses belos  nomes, que têm sido uma grande inspiração para muitas pessoas, foram eles mesmos e nunca se inspiraram em alguém. Foi assim que eles protegeram as suas originalidades; foi assim que eles permaneceram eles mesmos. 

Eu estive com mestres e os amei. Mas, para mim, o próprio desejo de ser como eles é  feio. Um homem é o bastante; um segundo como ele não irá enriquecer a existência, irá  apenas sobrecarregá- la. 

Para mim a singularidade dos indivíduos é a verdade maior.

Ame as pessoas quando encontrá-las florescendo em alguma dimensão verdadeira e autêntica. Mas lembre-se que elas estão florescendo por causa da autenticidade e originalidade delas; assim esteja atento para não cair na armadilha de segui-las. Seja você mesmo. 

A famosa máxima de Sócrates é: 'conheça a si mesmo'. Mas ela deveria ser completada – ela não está completa. Antes de 'conheça a si mesmo', uma outra máxima é necessária, 'seja você mesmo'; caso contrário você pode conhecer apenas algum ator que você está  fingindo ser. Conhecer a si mesmo vem em seguida; primeiro é ser você mesmo. 

Os verdadeiros grandes mestres têm sido apenas amigos, uma mão que ajuda, dedos  apontando para a lua; eles nunca criaram uma escravidão. Mas no momento em que eles morreram, eles deixaram um impacto tão grande ao seu redor que as pessoas espertas – os  teólogos, os sacerdotes, os eruditos – começaram a pregar às pessoas, 'Sigam Goutama Buda.'

Agora o homem está morto e ele não pode negar coisa alguma... E essas pessoas  começam a explorar o grande impacto que Buda deixou. Agora toda a Ásia, milhões de  pessoas por vinte e cinco séculos têm seguido os passos de Goutama Buda, mas nem um simples Goutama Buda foi criado. Isso é prova bastante: dois mil anos e nem um simples  Jesus novamente; três mil anos e nem um simples Moisés novamente. 

A existência nunca repete.

A história se repete porque a história pertence ao inconsciente coletivo. 

A existência nunca repete a si mesma. Ela é muito criativa e muito inventiva. E isso é  bom; caso contrário, embora Goutama Buda seja um belo homem, se houvesse milhares  de Goutama Buda por aí – se em qualquer lugar que você fosse, encontrasse um Goutama Buda, em todos os restaurantes – você iria ficar realmente entediado e cansado. Isso iria destruir toda a beleza do homem. É bom que a existência nunca repita. Ela só cria um de cada tipo, assim ele sempre permanece raro.

Você também é um de um tipo. Você apenas tem que desabrochar, abrir suas pétalas e liberar a sua fragrância.

Osho – Beyond Psychology - Cap. 5
Tradução: Sw. Bodhi Champak

2 comentários:

  1. sinceramente, na pratica isso nao funciona. pra mim que sofri violencia desda epoca da escola e tinha paranoia com morte, deixei de ser eu mesmo desdos 18 anos pelo menos quando comecei a me inspirar num musico que morreu assassinado e era cheio de ideias extremas. nunca mais pude ser ''eu'', eu nunca fui '''eu'''. eu nao consigo ser corajoso e forte sendo eu mesmo. outras personalidades fortes e extremas que se suicidaram entram na minha alma, e me tornar alguem forte

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  2. Creio que o problema não esteja na pessoa ou no ídolo que se escolhe, mas sim na decisão de ter que escolher, vamos dizer assim. Acho que podemos nos inspirar na vida de algumas pessoas que admiramos, mas tentar se espelhar nelas é algo complicado. Somos seres diferentes uns dos outros e cada um tem o seu próprio meio em que vive, além de particularidades genéticas e emocionais. Isso nos torna ímpares. Temos a mania de construir os nossos heróis pelo que eles parecem ser e não pelo que eles realmente são.

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