O governo começou a entender que maioria esmagadora em regimes democráticos não consegue dar formas diferentes às realidades contundentes e toda vez que tentar esconder a verdade, acabará se afundando na lama da vergonha. Maioria parlamentar é diferente da maioria popular, pois, enquanto na primeira os interesses pessoais e partidários predominam, na segunda não há âncoras e ela flutua ao sabor das marés do inconsciente coletivo.
Todos da direita, centro e esquerda moderada que morriam de medo quando Lula tomou posse e com o projeto do Zé para o PT de 20 anos no poder, hoje relaxaram. Primeiro porque o maior medo que estava na manutenção do controle da inflação e da estabilidade econômica se dissolveu quando os escolhidos para Ministro da Fazenda e Presidente do Banco Central (Palocci e Meirelles) se mostraram mais ortodoxos que os do governo FHC, até pelo medo de serem responsabilizados pela volta da inflação galopante. Restou assim a preocupação com o projeto dos 20 anos de PT no poder.
Sinceramente, isto nunca me preocupou e acho que a oposição adotou a estratégia de supervalorizar o projeto do PT para obter apoio dos eleitores mais medrosos. Afinal, qual partido, seja ele de direita, centro ou esquerda que não desejaria ficar, não só 20, mas 50 ou 100 anos no poder? Partidos e ideologias não lutam por suas siglas, mas sim pelo poder, seja ele estrategicamente secundarista como o do PMDB que não tem telhado de vidro há mais de 25 anos e permaneceu forte, embora esteja extremamente desgastado ideologicamente perante aos seus eleitores.
Como eu já escrevi há algum tempo, o livrinho de Maquiavel precisa de revisão para o século XXI. Em 1510 não havia imprensa, internet e os livros circulavam apenas entre as classes dominantes. Pouquíssimos servos e camponeses eram alfabetizados e não tinham acesso à informação.
Leia também: "Maquiavel, o humanista do século XXI"
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