segunda-feira, 18 de junho de 2018

O PRESIDENTE E O MINEIRINHO

Os eleitores dão um peso astronômico para o Presidente da República e um microscópico para o Congresso, instituição que verdadeiramente manda no país dentro deste nosso atual sistema político. Candidatos parlapatões são os que mais passam vergonha quando são eleitos. Deputados e senadores ficam apenas aguardando o candidato terminar a fase de palanque porque sabem que o machão ou a machona descerá do pedestal e cairá de joelhos, um dia após aposse.

Isso me faz lembrar aquela piada do livro "Anedotas do Pasquim" sobre o Mineirinho, o famoso e invencível "comedô" de gente.

Um vendedor se vê obrigado a permanecer numa pequena cidade do interior de Minas porque o cliente só poderia atendê-lo na manhã seguinte. Contrariado, o vendedor vai para a única pensão da cidade hospedar-se por uma noite.

Chegando na pensão, o vendedor pede um quarto pra tomar um banho e poder dormir, mas o recepcionista diz que a pensão está lotada.
– Mas pôxa, como vou fazer? Não tem nenhum lugarzinho só por uma noite?
E o recepcionista:
– Olha, na verdade tem uma cama num quarto duplo, mas acho que o senhor não vai querer porque na outra está dormindo o Mineirinho, e o senhor sabe como é né?
– O que? - disse o vendedor. Tá pensando que sou frouxo? Sou muito macho, meu amigo! Comigo não tem conversa mole não. Ele que venha dar uma de besta com papinho estranho que enquadro o malandro na hora!
– Então está bem, disse o recepcionista. Mas não diga que não avisei. Aqui está a chave do 18. É no primeiro andar.
Enquanto o vendedor subia as escadas ia pensando... "logo de cara já vou mostrar quem eu sou pro engraçadinho não vir com conversa fiada pro meu lado e saber com quem está lidando."

A porta estava entreaberta e o vendedor já entrou metendo o pé para abrir. Viu que o Mineirinho estava sentado de cócoras na cama limpando as unhas com um palito de dentes. Nem olhou e continuou limpando.

O vendedor entrou no banheiro, mijou na pia, deu um arroto, saiu, e o Mineirinho continuava impassível, limpando suas unhas como se nada estivesse acontecendo.

O vendedor jogou a mala no chão, perto da cama, foi pra janela que estava fechada, bateu tão forte com as mãos para abri-la que fez um estrondo na parede do lado de fora. Deu uma cusparada e disse: "Eita cidadezinha de merda!"

Virou-se e olhou pro Mineirinho. O cara que tava lá, do mesmo jeito, sem falar nada, resolve olhar por cima dos olhos pro vendedor, sem mexer a cabeça, sem parar de limpar as unhas.

O vendedor, nervoso, não aguentou e gritou:
– Tá olhando o que, seu babaca?
O Mineirinho quebrou seu silêncio e disse com uma voz tranquila:
–  Nada não, moço. Só tô esperando ocê pará cuessa frescura toda pra nóis óóóó - junto com aquele gesto com os dois braços muito conhecido.

Essa será a atitude do Congresso com o presidente, um dia após a sua posse.

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contra-argumente ou concorde, não importa. O importante é exercitar a nossa reflexão.