Portanto, os humanos ainda são politeístas, como os antigos egípcios antes de Amenófis IV ou Aquenaton. A grande prova disso é que as palavras tolerância, fraternidade e humanismo, embora tenham significados únicos e sejam pregadas por TODAS as religiões, assumem significados diferentes quando são pregadas pela concorrência. Em resumo, paradoxalmente, só o meu Deus é o verdadeiro, só a minha religião tem a verdade; só minha religião pode ser fraterna e humanista. E assim caminha a humanidade, cada vez mais egoísta, mais dividida em castas religiosas e menos universalista.
Não sou católico, sou agnóstico. Ao contrário do que muitos pensam, agnóstico não é sinônimo de ateu. O agnóstico acredita numa energia ou força maior, amórfica e despersonificada. No entanto, mesmo agnóstico, entendi perfeitamente a mensagem do Papa Francisco e a recebi com alegria. Não me preocupa o fato de representar a Igreja Católica, mas sim o que ele quis dizer. Se ele "vendeu" a imagem da Igreja, pouco me importa porque continuarei agnóstico e sem religião. Mas tenho que reconhecer que ele discursou para 110 milhões de brasileiros, 57% da população. Como ignorar a importância desses milhões? Como ignorar a influência de palavras encorajadoras, fraternas e humanistas para mais da metade da população brasileira? Como ignorar a convocação de jovens para derrubarem barreiras de intolerância e ódio e "construírem mundo novo" ou que os jovens "muitas vezes se desiludem com notícias que falam da corrupção...". Pede para que "nunca desanimem, nunca percam a confiança. Não deixem que se apague a esperança, a realidade pode mudar. O homem podem mudar. Procurem ser vocês os primeiros a procurar o bem”.
Eu ouvi o coração do Francisco. Um homem que representa uma religião ainda muito conservadora, mas que tenta fazer o seu papel, inclusive o de melhorar a imagem da própria igreja por meio de exemplos pessoais e ações político-administrativas que buscam deixá-la mais coerente com aquilo que prega. Falta muito, sei que falta. Mas já é um começo e iremos acompanhar.
Vá com Deus, irmão Franciscano, e obrigado! Que venham líderes de TODAS as outras religiões pregando amor e fraternidade em linguagem ecumênica, sem deslizes. Que não aceitem fazer parte de tramas políticas e que não se deixem ser usados, mantendo-se firmes em seu propósito de levar um pouco mais de espiritualidade para um mundo cada vez mais egoísta e materialista. A Casa do PAE não só tem várias moradas, como vários caminhos do bem. Como disse Mahatma Gandhi, "as verdades diferentes na aparência são como inúmeras folhas que parecem diferentes e estão na mesma árvore."
E para as religiões, a frase do escritor e poeta irlandês Jonathan Swift:
"Nós temos religiões suficientes para nos odiarmos, mas não a que baste para nos amarmos uns aos outros."
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