Como disse Marquês de Maricá, "sem as ilusões da nossa imaginação, o capital da felicidade humana seria muito pequeno e limitado", ou seja, que graça teria viver uma vida inteira aplicando nosso capital da felicidade em ações de baixa rentabilidade, sem arriscar nadinha em atitudes mais desafiadoras?
Dentro desse pensamento eu ousaria discordar em parte desse, como sempre, lindo pensamento de Fernando Pessoa:
"Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos. Atingirás assim o ponto supremo da abstenção sonhadora, onde os sentimentos se mesclam, os sentimentos se extravasam, as ideias se interpenetram. Assim como as cores e os sons sabem uns a outros, os ódios sabem a amores, e as coisas concretas a abstratas, e as abstratas a concretas. Quebram-se os laços que, ao mesmo tempo que ligavam tudo, separavam tudo, isolando cada elemento. Tudo se funde e confunde."Será que ele não quis dizer que saber preparar-se para ter desilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos? Oras... se só tomamos conhecimento de uma ilusão quando ela acontece, como não ter ilusões sem antes tê-la provocado na tentativa de realizar os nossos sonhos? Talvez o problema da ilusão seja conceitual. Talvez falte entrar nessa receita a expectativa, não sei. Talvez as variáveis sejam tantas que levaram o poeta a escrever em seu "Livro do Desassossego: "Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso realizar é não realizar."
Arrisque... arrisque sempre. Comprometa nem que seja uma pequena parte da sua segurança para aumetar seus momentos de felicidade. Esqueça a vaidade e o orgulho. Sem arriscar perderemos a esperança e sem ela nos tornaremos amargos.
O aprendizado:
Para os que têm medo da desilusão: "Deve-se estabelecer a proposição: só vivemos graças a ilusões - a nossa consciência aflora à superfície." (Nietzsche)
Para os racionais e pragmáticos: "Sentir é estar distraído" (Fernando Pessoa)
Para os despojados sem culpa: "Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade" (Carlos Drummond de Andrade)
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