Esse assistencialismo eleitoreiro que tenta eliminar as necessidades básicas da população sem o devido suporte posterior da educação, saúde e segurança, frente aos contrastes de uma classe política impune e cada vez mais privilegiada, está promovendo mudanças também no inconsciente coletivo, a camada mais profunda da psique humana afetada pelas influências das repetições da história e de outros fatores mais sutis. Isto significa que a distribuição de dinheiro - seja ela humanista ou eleitoreira - embora promova a diminuição das desigualdades sociais, também promove o surgimento de outras necessidades dessa parcela da população que ascendeu à uma outra classe social. É um desdobramento natural da consciência humana, principalmente quando exposta ao consumismo e consequente mudança em sua antiga ordem de valores. Não... não estou falando de financiamento de eletrodomésticos para o "Minha Casa, Minha (Dí)Vida."
E nessas horas, enquanto o governo espera a gratidão em forma de votos ou de aumento de popularidade, o efeito se torna contrário a esses desejos (ou estratégia), pois, como escreveu François La Rochefoucauld, "A gratidão da maioria dos homens não passa de um desejo secreto de receber maiores favores." Não adianta... dinheiro sem direito a um sistema de saúde decente, oferta de empregos, segurança, transportes e, principalmente, educação, é apenas um analgésico para aliviar a dor pontual das necessidades fisiológicas. Em resumo, reduzida uma dor, outras que não eram notadas começam a aparecer e crescer.
É por este motivo que essa fórmula assistencialista não funciona em alguns estados e capitais do Brasil e será cada vez menos eficiente nos estados que eram mais carentes. E será cada vez menos eficiente no país inteiro. Este é o grande furo na estratégia petista que insiste em manter a receita de seus livrinhos socialistas de banca de revista. Não há como dominar consciências que crescem. Domínio de mentes e liberdade de expressão associada ao acesso à informação são contrapontos que se anulam. Como disse Albert Einstein, "A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original."
Neste mundo de hoje onde vemos países cada vez mais interdependentes num processo irreversível de globalização do comércio e dos meios de comunicação, não há como camuflar índices inflacionários e de crescimento nas democracias e muito menos evitar os efeitos colaterais da falta de planejamento econômico. Se a mentira já tinha perna curta, hoje seus pés estão grudados na bunda.
E o que isso tudo tem a ver com as recentes manifestações do Passe Livre, dos brioches e da Revolução Francesa?
Querem que eu desenhe?
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