O PSDB embora seja o terceiro partido com mais prefeituras no Brasil (702), perdeu em São Paulo Capital e essa derrota representou um baque e tanto na autoestima do partido. Não precisa ser nenhum gênio para recomendar o óbvio: RENOVAÇÃO. Serra nunca foi bem humorado, mas a medida que envelhece fica pior e mais carrancudo ainda. Essas características aliadas ao cansaço do eleitor (ahh não... Serra de novo?), ao seu discurso tecnocrata e sua saída para a disputa da presidência em 2010 acabou sendo mortal para Serra na periferia. Periferia (leia-se também cidadãos vindos de estados mais carentes) não quer saber de ouvir sobre saúde financeira, de projetos a longo prazo e continuidade do que está aí. Quer coisas novas, mesmo que sejam promessas e o PT já cansou de dar aulas sobre isso ao PSDB. E aí vocês me dirão: poxa... mas ta certo prometer e não entregar? E eu responderei que não mas não se pode ganhar uma campanha em que a maioria é desinformada e vive na expectativa de ver supridas suas necessidades básicas ou higiênicas. Promessas bem pensadas e genéricas, falando o que eles querem ouvir e não apenas para os moradores do centro da cidade e dos condomínios fechados. E o Serra não tem esse discurso, por mais que se esforce. E foram 16 anos de PSDB para tentar resolver problemas impossíveis de serem resolvidos numa metrópole como São Paulo sem o governo municipal ter podido contar com a ajuda EFETIVA do governo Federal que representasse um ADICIONAL à receita do município. O aumento populacional em razão, principalmente, da migração do próprio estado e de outros, faz com que a arrecadação necessária da capital paulista sofra um "delay" ou descompasso financeiro em relação às necessidades da própria cidade e da população. É o cachorro correndo atrás do próprio rabo. O PSDB tem 4 anos para tentar investir num novo nome para a prefeitura que tenha chances de vencer.
O PMDB continua sendo o partido brasileiro com mais prefeituras (1024). É difícil falar qualquer coisa diferente do PMDB porque desde que ele optou pelo sub-poder, há quase 30 anos, passou apenas a gerenciar sua lucrativa condição de fiel da balança. Chamo o PMDB de "Banqueiro de Votos" ou "Mercador de Homens e de Almas Políticas". Nenhum partido tem tanta experiência quanto o PMDB em vices-presidências, ministérios e cargos de segundo escalão. Isso tem remunerado muito bem o "capital investido" e dado um retorno excelente para o partido-banqueiro - sempre a juros-políticos extorsivos - o que lhe garante a concessão de favores regionais para manter sua hegemonia política nacional. E o PSD de Kassab vai trilhando o mesmo caminho.
O PT é o terceiro partido em prefeituras no Brasil (635). Organizado e com poder decisório fortemente centralizado, o PT ainda é o partido mais popular entre as minorias. No entanto as urnas em 2012 mandaram alguns recados para a direção petista e que farão com que o partido reavalie sua atuação junto a essas classes, principalmente no norte e no nordeste. Perdeu em 15 grandes cidades, entre elas quatro capitais do nordeste (Salvador, Aracaju, Maceió e Teresina) e três do norte (Manaus, Belém e Macapá). As duas grandes vitórias do PT no estado de São Paulo foram na capital e em São José dos Campos, reduto do PSDB há 16 anos e um dos 5 primeiros municípios do estado em arrecadação. O histórico do PT nessas duas cidades não é muito bom. Em três oportunidades (uma em São José dos Campos com Ângela Guadagnin e duas na capital com Luíza Erundina e Marta Suplicy), o PT nunca se reelegeu.
Sem dúvida, o grande teste do PT será na cidade de São Paulo. A vitória de Haddad fortemente influenciada pela atuação de Lula e Dilma nos palanques paulistanos apresentou características bem distintas nas preferências dos eleitores, conforme mostra o quadro abaixo:
Resumindo números, dos 8,6 milhões de eleitores de São Paulo, os 3,8 de Haddad representam 44%. Somando votos nulos, brancos e abstenções o número alcança 2,5 milhões de eleitores, ou seja, quase 30% do eleitorado paulista.
Com exceção de Santa Efigênia, Serra venceu nos bairros do centro e Haddad na periferia o que confirma a influência de Lula na periferia. No entanto, é na região central de São Paulo onde se concentram os eleitores das famílias e do comércio mais tradicionais, responsáveis pelas cobranças mais contundentes e frequentes do dia-a-dia paulistano e, consequentemente, região mais acessada e destacada pela imprensa. Portanto, Haddad que foi eleito pela periferia, enfrentará fortes pressões diárias partindo justamente dos redutos eleitorais onde não teve muitos votos, o que exigirá reavaliações em seus discursos de campanha. Ganhar é uma coisa, mas conquistar e manter popularidade para garantir governabilidade é outra. Nunca se esquecendo de que o julgamento do mensalão ainda não terminou e as notícias são difundidas por capilaridade, saindo basicamente das regiões centrais em direção às periferias.
O fator determinante nas próximas eleições será ganhar consciência de que as informações estarão cada vez mais pulverizadas. A a internet com seu crescimento exponencial será o principal meio de acesso à informação, influenciando cada vez mais na escolha popular. Os veículos de comunicação tendenciosos comprados pelos famosos jabás terão cada vez menos espaço e poder decisório na escolha dos eleitores. E este é um processo IRREVERSÍVEL.
Resumindo as mensagens dadas nas urnas para os maiores partidos do Brasil visando ganhar ou reelegerem-se nas próximas eleições:
- PSDB > Renovação urgente que vai além de Aécio Neves;
- PMDB > Sair do sub-poder e ter candidato próprio à presidência;
- PT > Mudar discurso e renovar suas lideranças.
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