Se você compreender isso, não irá pensar em termos de querer ou não querer. Isso é um fato. O seu querer ou não querer não fará qualquer diferença. Tem que aceitar isso, tem que aceitar tudo que for. O que você pode fazer? Se você reprimir o ódio – e a sua repugnância irá reprimi-lo – então, imediatamente, o amor será reprimido. Assim, você pode se tornar, pelo menos na superfície, menos rancoroso, mas então, você será menos amoroso também. O custo disso é grande e não vale a pena.
A coisa verdadeira é permitir o amor e aceitar o ódio também. Se você aceitá-lo, logo verá que ele estará desaparecendo e a mesma energia está se voltando para o amor. Um dia ele desaparece, mas ele não pode ser reprimido. Ele desaparece através da aceitação – e então uma qualidade totalmente nova de amor surge, não corrompida pelo ódio. Mas tal amor somente é possível se você aceitar isso: amor e ódio. Se você reprimir isso, aquele amor mais profundo nunca será possível. Tal amor mais profundo não conhece ódio algum, mas você nada sabe sobre ele, a mente não consegue saber coisa alguma sobre ele. Ele é algo além da mente. Ele não é da mente.
A mente sempre é dual. Se o amor está ali, o ódio está ali. Se a compaixão está ali, a crueldade também está. Se o compartilhamento está ali, a avareza também está. A mente sempre é dual, e se você quiser ir além da mente, então não faça escolhas a partir dessa dualidade. Não diga, ‘Eu escolherei o amor e não escolherei o ódio.’ Assim, você permanecerá na mente para sempre. Simplesmente aceite ambos. Na aceitação, você trancende. Você vai além de ambos, porque você não fez qualquer escolha a favor disso ou daquilo. Mas eu compreendo – o problema é prático.
Se você ama um homem ou uma mulher, e simultaneamente o ódio surge, o que fazer? Seja franco e verdadeiro, e diga à pessoa que você a ama, mas que também a odeia, porque, a quem mais você iria odiar? Diga, ‘Se você decidir escolher me amar, então você tem que me aceitar em minha dualidade, eu estou em minha mente. Eu ainda não sou um Buda. A não-mente ainda não aconteceu para mim, assim, se você me ama, ame como eu sou. Eu não terei uma face falsa. Se existir ódio, eu o mostrarei a você. Tenha compaixão por mim.’
Nós estamos pedindo coisas impossíveis às pessoas. Nós dizemos a uma mulher, ‘Se você me ama, não pode me odiar jamais. E se você me odeia, nunca poderá me amar.’ Isto é absolutamente absurdo. Se ela o ama, irá odiá-lo também, porque a mente sempre divide. A mente trabalha através de polaridades, de opostos. É exatamente como a eletricidade positiva e negativa. Se você quer eletricidade positiva, terá que ter a eletricidade negativa também. Se você disser, ‘Eu tenho
apenas eletricidade positiva’, então não haverá eletricidade alguma. Ela existe apenas entre os dois polos. A tensão entre os opostos é a sua própria existência.
Se o seu ódio desapareceu completamente, então haverá apenas duas possibilidades: ou você se tornou um Buda e agora você atingiu aquele amor que é uno, indiviso, indivisível, incorrupto, virgem, ou – o que é mais provável – o seu amor para com aquela pessoa também desapareceu.
Se com sua mulher você tem que estar de guarda, onde você estará sem vigilância? Onde você estará de férias? Você estará constantemente tenso e não haverá domingos em sua vida.
O amor é um domingo.
Cansado – cansado das falsidades, cansado das máscaras, cansado de mostrar faces feias e não verdadeiras às pessoas, e continuamente reprimindo seu ser – a pessoa quer alguém com quem possa ser ela mesma totalmente – relaxada, à vontade, tranqüila. Assim, se você ama uma pessoa, desde o início, nunca seja não verdadeiro. Se o amor desaparecer, é melhor que o relacionamento seja quebrado. Ele tem que ser quebrado – porque não há qualquer sentido em tal relacionamento. Se a sua verdade for aceita, se você for aceito, somente então este é um amor que vale a pena. Então você cresce através dele.
Em um simples momento, a pessoa pode mudar completamente. Ela estava muito alegre e pode se tornar muito triste. Exatamente um momento antes ela estava pronta para morrer e no momento seguinte ela está pronta para matá-lo. Mas a humanidade é assim. Isso traz uma profundidade, traz surpresas e um tempero... Caso contrário, a vida seria muito entediante.
Tudo isso é belo. Tudo isso são notas de uma grande harmonia. E quando você ama uma pessoa, você ama essa harmonia e aceita tudo que compõe essa harmonia. Algumas vezes está chovendo, outras vezes o céu está escuro e cheio de nuvens, e outras vezes as nuvens desaparecem e ele fica repleto da luz solar. Algumas vezes é muito frio e outras vezes é muito quente. E exatamente desse mesmo jeito, o clima humano vai mudando, todas as coisas vão mudando. Quando você ama uma pessoa, você ama todas essas possibilidades. Infinitas são as possibilidades e você ama todos os matizes e tons.
Assim, seja verdadeiro e ajude-a a ser verdadeira. Então o amor se torna um crescimento. Caso contrário. O amor pode se tornar uma coisa muito venenosa. Pelo menos, não corrompa o amor. E lembre-se, ele não é corrompido pelo ódio. Ele é corrompido pela falsidade. Ele não é corrompido pela raiva, nunca. Mas ele é destruído por uma pessoa não autêntica, por uma falsa face.
O amor somente é possível quando existe a liberdade de você ser você mesmo, sem qualquer vigilância, sem qualquer restrição. Você simplesmente está fluindo. O que você pode fazer? Quando você está rancoroso, você está rancoroso. Quando as nuvens estão no céu e o sol está brilhando, o que você pode fazer? E se a outra pessoa compreende e ama você, ela aceitará, ela o ajudará a sair das nuvens – porque ela sabe que isto é apenas um clima que vai e vem – Estes são apenas humores, são fases passageiras, e por trás dessas fases passageiras está a realidade, o espírito da pessoa, a alma.
Quando você aceita todas essas fases, logo os vislumbres da alma verdadeira começam a acontecer para você. Continue meditando e faça de seu amor uma meditação também.
OSHO – A Rose is a Rose is a Rose - Cap. 21 (OshoBrasil)
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