Evolução do ego é a evolução do aspecto do Self que se manifesta no tempo e no espaço. O Self existe a priori e a partir dele o ego se desenvolvimento.
A evolução do ego se dá através das fases da vida. È um desenvolvimento global, no qual não existe uma seqüência rígida dos estágios.
A evolução do ego pode ser dividida em três fases:
a) Primeira infância e infância;
b) Idade adulta;
c) Velhice.
Primeira infância e infância
Nesta fase há uma identidade total, não diferenciada, que começa a se modificar. A identidade ego-Self gradualmente se separa e elementos do meio ambiente interagem para produzir uma primeira personalidade real.
Destacam-se seis estágios, que em vários momentos, se sobrepõem:
a) Realidade unitária;
b) De-integração;
c) Dimensão mágica;
d) Experienciar mitológico;
e) Medo;
f) Consciência.
Realidade unitária
Primeira infância ocorre logo após o nascimento. A psique da criança opera como uma totalidade relativamente indiferenciada.
Não há diferença racionalmente experimentada entre dentro e fora, entre sujeito e objeto, porque o eu não está presente.
É a fase da participação mística, quando a criança atua em estado de unidade com o que está a seu redor, por isso é muito influenciada pelo que o meio é, mais do que pelo que se faz ou se diz. A atmosfera psíquica é parte da criança.
De-integração
Processo que implica na separação da Realidade Unitária, com a finalidade de estabelecer um centro de consciência, um eu.
De-integração é uma propriedade espontânea do Self de se dividir formando um eu e propiciando a divisão sujeito-objeto.
Os primeiros indícios do eu aparecem por volta de dezoito meses (1 ano e meio). São eles: desenhos de círculos (mandalas), dizer não, dizer eu. O eu, recém surgido, começa pela primeira vez a ter a sensação de si como foco de permanência. Para a criança a mãe atualiza o Self continente.
Dimensão mágica (nascimento - 6/7 anos)
Mãe e criança interagem como se possuíssem uma identidade telepática. É uma fase pré-simbólica, onde não é possível uma compreensão racional. Não há habilidade abstrata.
Não há diferenciação entre a imagem e o objeto que ela representa, entre causa e efeito, vontade,responsabilidade e culpa. Existe uma identidade com o meio envolvente, que é poderosamente mágico. A sobrevivência psíquica e física da criança depende totalmente dos pais. O desenvolvimento do eu ocorre em termos do corpo.
Experienciar mitológico (6/7 anos – 12/14 anos)
Gradualmente a fantasia sai do nível corporal para imagens mais gerais e, então, para conceitos. Aparece a capacidade de distinguir imagens e conceitos dos objetos que eles representam.
Os elementos arquetípicos, afetos, pulsões, ameaçadores do ego nascente, ainda frágil, aparecem como bruxas, demônios, monstros, dragões, que precisam ser dominados por figuras heróicas.
A figura paterna torna-se mais importante. Há o predomínio do arquétipo paterno, como pulsão para a independência, ordem e disciplina.
Medo
Sensação de inadequação resultante da desproporção entre o pequeno ego e o poder esmagador do mundo mágico que o rodeia, provocando o medo.
O medo é uma experiência normal para a criança e não precisa ser combatido, a não ser quando for patologicamente excessivo.
O medo do escuro, comum nas crianças, é o medo de ser novamente engolido pelo inconsciente original, já que o inconsciente é a escuridão, assim como o consciente é a luz.
O medo existencial, que nunca abandona o indivíduo, é o estímulo para o desenvolvimento psicológico. Com ele se faz oposição ao que é temido.
Consciência
A separação crescente ao inconsciente é sentida como uma quebra à ordem natural. Aparece a possibilidade de escolha individual e escolher significa sacrificar possibilidades.
Escolha - risco de errar - culpa
O medo e a culpa naturais na infância são sentimentos que levam ao desenvolvimento do sentido de responsabilidade.
O estabelecimento de um padrão interno de certo e errado é fundamental para o desenvolvimento do ego. A consciência racional surge depois dos 14 anos.
No início a consciência é idêntica ao código ético coletivo.
A consciência mais individual, com julgamentos racionais e questionamento da validade dos padrões coletivos só ocorre na idade adulta. A consciência mais verdadeira, realmente individual, só aparece mais tarde, quando há o confronto entre o ego e o Self.
Idade adulta
Na vida adulta as coisas e as pessoas não são mais vivenciadas como poderes, mas são apenas pessoas e coisas.
O ego com sua racionalidade e controle consciente da vontade é dominante. É a única fonte de poder. É a época do controle monárquico do ego.
A conexão com o Self original parece ter se perdido e “deve ser perdida”. O adulto normal acredita ser ele próprio o senhor de seu destino.
O indivíduo tem a ilusão de que pode submeter tudo à sua vontade, pois sem esta ilusão, ele não pode adaptar-se socialmente.
O objetivo é satisfazer as suas próprias necessidades de sobrevivência e competitividade, evitar o desprazer, a fim de se adaptar ao mundo real.
A única realidade psíquica parece ser a experiência subjetiva que o ego tem de si mesmo.
A preocupação do ego é com o mundo exterior: o inconsciente compensa isto ao confrontá-lo com a realidade psíquica interior, em termos de projeções. O inconsciente começa a estar em desacordo com o funcionamento consciente.
Velhice
Fase do retorno. O movimento é em direção à totalidade do indivíduo. Os elementos não racionais pressionam para que haja a integração. O ego tem que se relacionar com o Self novamente, não como uma identidade inconsciente, mas sob a forma de um encontro consciente.
A vivência desta fase ocorre quando e ego está forte para encarar o Self.
As repressões da primeira metade da vida, que serviram para o desenvolvimento do ego, não podem mais ser mantidas. Surgem as questões: Quem sou eu? Para que estou aqui? Qual o significado da minha existência? Há a necessidade de adaptação ao mundo de dentro, até então, relativamente desconsiderado.
Há a confrontação com os limites do ego, até a confrontação com o limite máximo, a morte física. A partir dos 35 anos, começam a surgir os primeiros sonhos com a morte, de forma velada, mas como lembrete de que agora tem que ser levada em conta.
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