Se as nossas conquistas nascem dos nossos desejos, deles também nascem as nossas frustrações e infelicidades. A obstinação pela busca do objeto do desejo é tão prejudicial quanto a inércia ou a apatia resultantes do desinteresse por velhos ou novos desafios. Não é fácil saber o momento certo de parar, desistir ou esperar; não é fácil empenhar o esforço adequado para retomar, insistir e progredir. Nada é impossível, mas nada também é fácil. E assim vamos caminhando no processo evolutivo, tanto profissional quanto pessoal e espiritual, vencendo algumas batalhas e perdendo outras. Embora às vezes nos pareça, a verdade é que ninguém para, mas anda conforme sua consciência, estímulos e forças. Os obstáculos são os mesmos e não mudam; o que muda é o nosso ânimo relacionado às pretensões dos nossos desejos e aos resultados das nossas tentativas.
O filósofo Arthur Schopenhauer discorre sobre a relação "Desejo e posse" em "A Arte de Ser Feliz":
"Um homem não se sente totalmente privado dos bens aos quais nunca sonhou aspirar e é feliz mesmo sem eles, enquanto o outro que os possua cem vezes mais do que o primeiro, sente-se infeliz quando lhe falta uma única coisa que tenha desejado. Cada um tem seu próprio horizonte daquilo que lhe é possível atingir, e suas pretensões têm uma extensão proporcional a esse horizonte."
"Quando um determinado objeto que se encontra dentro desses seus limites se apresenta e o faz acreditar na possibilidade de alcançá-lo, o homem sente-se feliz; em contrapartida, sentir-se-á infeliz diante das eventuais dificuldades que colocarem em risco tal possibilidade. Tudo o que estiver situado externamente a esse campo visual não atuará de forma alguma sobre ele. Por esse motivo, as grandes propriedades dos ricos não perturbam os pobres, e, por outro lado, para o rico cujos propósitos tenham fracassado, serve-lhe de consolo as muitas coisas que já possui. (A riqueza assemelha-se à água do mar; quanto mais dela se bebe, mais sede se tem. O mesmo vale para a glória)."
"A fonte da nossa insatisfação reside nas nossas tentativas continuamente renovadas de aumentar o limite das nossas pretensões, enquanto o fator que o impede permanece imutável."
Só teria uma coisa a observar diante dessas reflexões: Parar um pouco diante do obstáculo a ser superado, procurar aprender a cada tentativa frustrada, reavaliar padrões repetitivos antes das novas tentativas. E por que não, refazer a nossa ordem de valores?
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