sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A queda das máscaras

Há uma frase do escritor inglês Arthur Conan Doyle que diz: "Nenhuma cadeia é mais forte que seu elo mais fraco".

É por este motivo que estamos assistindo o desmoronamento, um a um, dos três poderes no mundo. Nenhum tipo de corporativismo político-econômico consegue se sustentar por muito tempo, pois, quanto mais se amplia a corrente de privilegiados menos seletiva ela fica, enfraquecendo alguns de seus elos. Isto acontece por vários motivos, mas o principal deles é que os interesses pessoais acabam prevalecendo sobre os das próprias corporações.

Nas correntes externas, temos acompanhado as dos bancos europeus e do capitalismo, enfraquecidas por elos representados por alguns poucos países, bancos e organismos internacionais. Ações desesperadas estão revelando ao mundo suas reais intenções, muito mais para salvar particulares do que o sistema ao qual pertencem. Essas injeções bilionárias de dinheiro com a desculpa de salvar esse sistema confundem-se com o salvamento de alguns bancos e países em particular, ou mais especificamente de alguns banqueiros ou nações que se encontram no final dessa cadeia e que nunca aparecem de forma explícita.

Já o corporativismo brasileiro mais implacável hoje é o político e envolve os três poderes da nossa republiqueta tupiniquim. Aos poucos as corporações do executivo, legislativo e judiciário estão se enfraquecendo com os elos fracos denunciados pela natural falta de seletividade dos membros corruptos que ingressaram nessas três correntes. O desespero desses lesas-pátrias nesse fim de linha prenunciado é tão grande ao ponto de não notarem o quanto estão sendo ridículos, tentando desmentir o presenciado e vendendo a imagem de bonzinhos. Um desses exemplos foi o programa do horário político obrigatório do PTB de ontem, quando vimos Roberto Jefferson com aquela cara-de-pau reclamando sobre a corrupção institucionalizada, semanas depois do escândalo do ministro Wagner Rossi de seu partido e do caso do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em que o ex-deputado Jefferson foi acusado de influir na administração com indicações.

O outro exemplo foi do judiciário, com o ministro do STF Ricardo Lewandowski julgando em causa própria e apoiado depois pelo presidente Cezar Peluso, coincidentemente também incluído nas investigações da Corregedoria Nacional de Justiça. O caso do Supremo é pior, pois, estamos falando sobre a última instância da justiça que não admite ser investigada, nem pela corregedoria. O STF tem usado o argumento da tecnicista inconstitucionalidade para permitir que fichas sujas, mensaleiros e membros do próprio judiciário permaneçam impunes ou livres de investigação. O interessante é que o embasamento dessas decisões acaba se tornando inquestionável pela habilidade com que eles utilizam seu notório saber jurídico para decidir em causa própria ou a favor de alguns poderosos. O status de Ministro do Supremo, segundo eles, não admite contra-argumentações ou que sejam contrariados em suas decisões. Deuses do Olimpo?

Todos... todos eles se esquecem de que são APENAS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS como qualquer outro EMPREGADO, realidade agravada em relação aos funcionários de empresas pelo fato de o dinheiro ser nosso, ou seja, do povo brasileiro.

Os mais "eshpertos" dessas correntes perceberão que essa tendência das máscaras caindo é irreversível e que se forem menos arrogantes e teimosos poderão usufruir ainda um pouco mais das benesses que a nossa democrática e permissiva Constituição lhes concedeu. Mesmo corruptos ainda lhes resta a possibilidade de se notabilizarem como salvadores da pátria. Afinal, para nós nessas alturas do campeonato, qualquer exemplo de moralidade estará valendo, mesmo que hipócrita. Desde que promova o saneamento básico para tratar esse esgoto no qual se transformou a política brasileira.

.o.

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