Não é novidade para ninguém que alguns veículos de comunicação ainda mantém a velha estratégia macabra do jornalismo que explora a miséria humana para ganhar audiência. Ninguém nega a importância de se mostrar a realidade nessas ocasiões de tragédias como as do Rio, não só para informar a população como também sensibilizar e cobrar algumas autoridades que se comovem e se preocupam mais com a perda de popularidade do que a de vidas humanas. Ou em fazer média com a presidente Dilma e mentir que nunca deixou de receber verbas e apoio do governo federal, né seu Cabral? Cadê os 30 milhões de Angra?
O papel dos veículos de informar também envolve o de utilidade pública e nesses momentos não há como tentar separá-los. Alguns veículos são extremamente seletivos e não abrem mão de seus espaços publicitários, direcionando informações sobre locais para doações de sangue, roupas e mantimentos apenas para seus portais da internet. É ótimo que coloquem também, mas eu pergunto: temos mais pessoas com internet ou domicílios com TVs? Que espécie de esmola é essa?
Sem contar que ainda vemos, infelizmente, aquela cena do repórter entrevistando alguém que acabou de perder a família e fazendo a clássica pergunta: "O que você está sentindo neste momento?". E em seguida, conforme ensina o manual do sadojornalismo, o "sensível" profissional permanece calado segurando o microfone perto da boca do infeliz, até que o pobre coitado se desabe em suas emoções num choro perversamente induzido.
Sem contar nos casos em que alguns da imprensa regional, além de não denunciarem com seriedade as omissões do executivo com medo de que tal postura reflita no faturamento do veículo, ainda culpam os moradores pelo fato de não terem saído de suas casas. Quantas prefeituras e governos já receberam verbas para moradia e não deram prioridade aos que moram locais de risco ou desviaram essas verbas para outros fins, inclusive os ilícitos?
Sim... tem gente séria sim, mas contamos nos dedos de uma das mãos os veículos conscientes de suas responsabilidades como serviço de utilidade pública. Se o problema é perda de faturamento, por que não criam um BOLETIM PATROCINADO periódico (ou apoios múltiplos) para informações com endereços dos locais de entrega das doações, informações sobre o que está sendo mais necessário, modo de embalar etc etc etc?
Não tenham vergonha não! Tenho CERTEZA de que muitas empresas se interessariam em patrocinar ou apoiar uma iniciativa dessas e ganhariam uma ótima imagem institucional, além de ser muito mais nobre para os veículos do que aquilo que fazem hoje na cobertura dessas tragédias. Essa história de não associar a imagem do produto ou marca a desastres é coisa de manualzinho fajuto de Marketing que, normalmente, subvaloriza a inteligência do consumidor. Tudo dependerá da sutileza com a qual o opoiador aparecerá. É óbvio que não será assim: "Ajuda às vítimas do desastre de mais de 700 mortos no Rio", patrocínio exclusivo de...
Taí a idéia!
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