segunda-feira, 12 de julho de 2010

O mau exemplo está na realidade

Hoje o senador Christóvam Buarque leu um artigo da Folha de S.P. sobre maus exemplos em novelas e programas de televisão para os jovens. Realmente, há uma certa exploração do superficial, privilegiando ou criando certos rótulos que favorecem o poder aquisitivo e a beleza física, colocando-os como indicadores de sucesso e de felicidade. E o senador pergunta: Por que a cultura e o conhecimento não são mostrados como importantes exemplos entre as qualidades humanas, responsáveis pelo sucesso na vida?

Reconheço no senador Christóvam a figura de um batalhador pela educação. Mesmo que tal insistência seja pela identificação de um nicho do mercado eleitoral (embora neste país a educação dê muito menos votos que o assistencialismo e o empreguismo), a causa é nobre. Antes existissem mais políticos com essa "má intenção".

Se eu fosse relacionar os maus exemplos e classificá-los por ordem de importância, certamente as novelas não estariam entre os primeiros colocados. Motivo principal: O poder de influência da FICÇÃO comparado ao da REALIDADE.

Podemos até dizer que a ficção pode banalizar os bons valores ao longo do tempo, mas nunca será tão contundente quanto os maus exemplos que a população mais esclarecida presencia no dia-a-dia do mundo político e governamental. Não são os roteiros novelísticos com tramas diabólicas ou histórias de belos casais ricos e sem cultura, os grandes responsáveis pelas mudanças na ordem de valores do povo brasileiro. O telespectador não é tão bobo e inocente a ponto de, ao voltar para a sua realidade do dia-a-dia, não perceber que sua vida não pode ser reescrita e ajustada como um roteiro de novela.

O que ofende a ordem de valores da população decente e questiona o bom-senso básico adquirido na infância e na juventude, são os exemplos da REALIDADE mostrada nos telejornais, nos horários políticos e nas propagandas governamentais. São os exemplos de ROUBOS, de prática de NEPOTISMO, de utilização indevida do DINHEIRO PÚBLICO e, principalmente, de IMPUNIDADE. São também as propagandas oficiais que tentam nos convencer de que estamos na Terra Prometida ou bem próximos dela. São os VÍDEOS REAIS com meias e cuecas cheias de dinheiro público e seus  "manequins de carne e osso" declarando que se tratava de dinheiro para comprar panetones ou viabilizar ações sociais para a população carente.

O povo sabe diferenciar a REALIDADE da FICÇÃO e tem boa noção do certo e do errado. Tem muito bem definida sua ordem de valores principalmente para certas coisas, mesmo sem ter tido a oportunidade de uma educação ideal na infância ou na juventude. Parafraseando Rui Barbosa, o que o povo não sabe mais é se vale a pena ser honesto.

Como nos dois Twitts que escrevi ontem para o senador Christovam::

@Sen_Cristovam  "O mundo recompensa com mais frequência as aparências do mérito do que o próprio mérito" (La Rochefoucauld )

@Sen_Cristovam  "A novela imita a vida ou a vida, a novela? Escolha de eleitor também é assim. Escolhe pelo que parece e não pelo que é."

-o-



Um comentário:

  1. Bem dito, texto excelente e embasado.
    Sempre peço aos que estão próximos, que tenham consciêcia na hora do voto, que não o vendam por uma cesta básica ou coisa do gênero. Vai ser um prazer podermos compartilhar idéias e dividirmos opiniões.
    Deixo aqui o endereço de meu blog e aviso que como no twitter também estou te seguindo aqui.http://fabrizziozampier.blogspot.com/
    Abraço, e como sempre digo #tamojunto
    Fabrizzio

    ResponderExcluir

Contra-argumente ou concorde, não importa. O importante é exercitar a nossa reflexão.