domingo, 30 de setembro de 2012

O aparente paradoxo do amor racional

Alguém já viu Deus? Ele é bonito, inteligente, tem voz, semblante e sorriso suaves? Nunca viu? Ah, pra você Ele é despersonalizado, representado por uma energia amórfica da qual emana a paz e o amor incondicional?  E como consegue amá-lo pelo que dizem que Ele é e pelo que você acredita que Ele seja? Fundamentado apenas na sua fé? E por que só para esse casos você privilegia sentimentos mais nobres e mais sutis?

Certamente vocês me dirão que o amor por Deus é um amor diferente dos outros e eu perguntarei: por que então, tanto o incondicional de Deus quanto o carnal da paixão têm o mesmo nome? Não acham que deveriam então dar um diferente para um desses dois sentimentos definidos pela mesma palavra? E se dessem outro nome a um deles, qual dos dois mereceria permanecer como AMOR... pura e simplesmente AMOR? O amor por uma pessoa ou o amor incondicional?

É lógico que o verdadeiro amor não é só o incondicional. O amor terreno também pode existir por toda a vida, desde que tenha valores mais nobres e menos frágeis como sexo, status e dinheiro. Os que confundem amor com tesão, normalmente vinculam a eternidade desse amor com a libido ou desejo sexual eterno. Pessoas que mantém o mesmo desejo com a(o) mesmo(a) parceiro(a) até o fim da vida são pontos fora da curva e os primeiros eliminados nos cálculos estatísticos que avaliam os hábitos da média do ser humano. Manter o mesmo apetite sexual é particularidade genética ou mental atípica e só quando duas pessoas com esses mesmos desvios se encontram é possível viver um caso de amor carnal por toda a vida. E este é um dos motivos pelo qual muitas pessoas pulam de galho em galho buscando a paixão eterna, frustrando pessoas e colecionando mágoas. Ainda acreditam em romeus e julietas; em príncipes e belas adormecidas; em contos de fadas; em amor perfeito. Disse o escritor russo Lev Tosltoi sobre o amor carnal: "Dizer que se vai amar uma pessoa a vida toda é como dizer que uma vela continuará a queimar enquanto vivermos."

Nenhum amor suporta constantes necessidades de provas; nenhum amor sobrevive a um sonho idealizado em conto de fadas; nenhum amor se conserva por meio dos instintos sexuais do casal, assim como da admiração pelo status e pela saúde da conta bancária. Sim, esses valores compõem a química da aproximação e são importantes, mas certamente balançarão com o tempo. Por isso é imprescindível usar a razão para escolher, assim como a empatia e a tolerância para manter o amor sólido. O amor não sobrevive a duas ordens de valores distintas em seus pontos fundamentais e não é difícil perceber esta diferença logo após a aproximação, mesmo impulsionada pelos instintos de perpetuação da espécie identificados por Freud.

O amor duradouro, por mais paradoxal que pareça, é o amor racional.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A mensagem subliminar de Isadora Faber

A menina Isadora Faber de Florianópolis está movimentando a mídia nacional com seu "Diário de Classe" da escola em que estuda, revelando as mazelas do ensino público e cobrando providências das autoridades políticas locais. Sua página no Facebook (veja aqui) já foi curtida 316 mil vezes e seu último post de ontem foi curtido 7 mil vezes e compartilhado por quase mil pessoas. Não vou escrever sobre sua página porque ela já está mais do que propagada no FaceBook, na Internet e na imprensa. Embora ela esteja famosa, imagino que sua vida de pré-adolescente e dos hábitos de sua família devem ter mudado radicalmente. Alguns governantes e membros do legislativo (exceto os da oposição) devem estar morrendo de ódio de Isadora porque políticos não suportam ver suas incompetências expostas publicamente. A diretora da escola também deve estar muito incomodada com isso tudo e eu até entendo, pois, os diretores das escolas públicas de hoje precisam ser mais políticos que administradores para salvar suas peles. A submissão das diretorias aos governantes é total. Outros poucos acham que ela quer aparecer, mas, desconsiderando os medrosos desse pequeno grupo, a outra parte é formada por invejosos que desdenham de sua fama.

A mensagem que eu chamo de subliminar é o fato de Isadora estar assumindo um papel que no passado foi de estudantes universitários da UNE, hoje transformados em pelegos do governo federal, comprados com dinheiro público e aliciados com projetos de sedes milionárias. Esforçando-me para ser mais realista e menos nostálgico, já defini essas mudanças em um outro post meu aqui neste mesmo blog:
"Na minha época os estudantes eram despojados e idealistas. Não trocavam suas convicções por nada deste mundo e não tinham medo. A adrenalina era droga permitida, sua produção era interna e não precisava de receita. Estudantes não se vendiam e se indignavam com roubos e com a desigualdade social. Sabiam se organizar e tinham sensibilidade para distinguir uma voz sincera de comando em meio à multidão. E quando o coração batia alto, era como se as palavras de Mahatma Gandhi ecoassem em seus ouvidos: "Quando a verdade fala em mim, sou invencível". Cassetetes e bombas de gás pareciam não fazer efeito. Eles não queriam doações, propinas, empregos ou quaisquer tipos de vantagens para suas entidades representativas. Queriam justiça social, seus direitos de cidadania e poder falar... apenas e tão somente isto. Não consideravam ter algo a perder porque a época era de SER e não de TER. Um ideal valia mais que computadores, carros e roupa de grife. A amizade entre eles era sincera e trair a confiança era pior que a morte. Eram seres mirrados e sem corpos "malhados". Não treinavam jiu-jitsu, caratê e nem frequentavam academias. Eram aquilo ali que todos viam, seja por dentro ou por fora, sem embrulho pra presente. Cabeludos, calças justas e camisetas pra fora. Era pegar ou largar, mas quem pegava sabia o que estava levando."

O que fez então a Isadora? Simplesmente ocupou o espaço deixado pelos idealistas medrosos ou que venderam seus ideais para os corruptos, pelos estudantes alienados e ignorantes da história política brasileira. Impulsionada pela química hormonal da pré-adolescência unida à explosão da internet e da liberdade de expressão, Isadora está mostrando o novo estilo de protesto de sua geração, conscientizando sem sair às ruas, em frente ao seu computador.

Essa é a mensagem subliminar que o blog da Isadora passa para os corruptos conservadores. Que as ações convencionais desses ladrões do dinheiro público e de seus comparsas (permissivos ou indiferentes) serão mais difíceis neste século XXI. E que mesmo mudando o "modus operandi", de um jeito ou de outro, eles serão flagrados por essa turminha porreta de novos cidadãos que está surgindo. Dentro de pouco tempo, os próximos diários desses jovens no FaceBook serão sobre segurança, saúde pública e corrupção. Aguardem!

E que os maus políticos se cuidem... bater nessas crianças índigo e de cristal que nasceram para mudar o planeta e hoje estão com 13 anos, além de revoltante é crime hediondo.

Saiam dessa, espertinhos!

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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Protecionismo só existe o econômico?

Dilma hoje no discurso de abertura tomou posições coerentes em relação aos conflitos da Síria e Palestina, defendendo a diplomacia e diálogo ao invés de intervenção militar, apoiada ou não pela ONU. Se o intervencionismo militar resolvesse alguma coisa, os problemas do Iraque estariam resolvidos há muito tempo, mas o que vimos foi um número de mortos superior ou, na melhor das hipóteses, igual ao de uma guerra civil. Sem contar as confusões políticas e religiosas que provocaram sentimento de revolta do povo diante da quebra de sua soberania. A cultura de cada povo tem seus aspectos próprios e por mais que sejamos empáticos jamais conseguiremos nos colocar no lugar deles e muito menos entender sua ordem de valores. Sem considerar que os interesses dessas intervenções geralmente nunca são os sentimentos humanistas alegados. Esses sentimentos nobres apenas camuflam interesses político-econômicos e sentimentos de vingança de alguns países que gozam de direito de veto na ONU.

No aspecto econômico, acho que Dilma também se posicionou corretamente sobre o alegado protecionismo reclamado pelos americanos quando no aumento das taxas de importação para alguns produtos com o objetivo de segurar a supervalorização do dólar. Essa supervalorização prejudicaria ainda nossos exportadores, aumentando o déficit brasileiro nesse fluxo comercial com os EUA. Exceto em alguns curtos períodos, a balança sempre pendeu mais para o lado americano. As decisões tomadas em relação ao aumento das taxas em 100 produtos importados dos EUA (provavelmente também em mais outros 100) provocaram a ira diplomática dos americanos, mas bem que eles fazem o mesmo e muitas vezes pior em suas práticas de mercantilismo, já tendo sido repreendidos e condenados pela OMC em várias ocasiões por prática de subsídios (álcool, laranja, empresa Boeing, entre outros), práticas essas muito piores do que aumentar impostos pontualmente, pois, aumenta artificialmente sua capacidade de concorrência no mercado internacional, independentemente da produtividade  do setor.

Mas vamos agora às incoerências do discurso da presidente Dilma (é... presidentE mesmo - clique e leia "Presidente ou Presidenta?"). Só existe protecionismo econômico no mundo? E o protecionismo político ideológico? Por que a presidente, tão preocupada com direitos humanos e de soberania de países do hemisfério norte, esconde ou pior, considera normais os problemas das eleições do Paraguai, regimes ditatoriais na Venezuela, Bolívia e Cuba e falta de liberdade de imprensa na Argentina? Oras... cumplicidade entre países para defender interesses próprios só existe no hemisfério norte? E a cumplicidade comuno-bolivivariana da América Latina? Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço? Cadê a arauto da justiça, mas que só reclama da injustiça dos outros?

Dessa forma, os argumentos da presidente em seu discurso na ONU podem ter sido 70% certos e os outros 30% poderiam até conter omissões, mas jamais conflitantes com a igualdade cobrada na primeira parte de sua fala. Liberdades de mercado e de expressão andam juntas. Além do mais, enquanto o Brasil continuar deixando impunes políticos corruptos e pior, os tribunais estiverem sofrendo influência do legislativo e executivo para garantir a continuidade da impunidade, todo discurso bonito será considerado hipócrita. Por mais coerente que pareça ser.

Justiça parcial, é injustiça. E não podemos ser justos se não formos integralmente humanos.

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Inconsciente mórbido



INCONSCIENTE MÓRBIDO

O orgulho te impede reparar o estrago deixado
pela morte da esperança e desilusão consumada;
choras o novo e saúdas a volta do velho destino,
num mórbido alívio de ver a felicidade em fuga.

Retornas às velhas ilusões travestidas de esperança,
sem refazer teus valores, sem inovar teus desejos,
como se a felicidade tivesse de adaptar-se
às tuas irretocáveis verdades e doentias necessidades;
à tua incansável resistência às realidades vividas.

E deixas pelos retos caminhos que tortuosos fizeste,
as marcas desses [até por ti] previsíveis desenganos
e continuas vagando desconcertada pela vida,
pelas estradas desconcertadas que sempre deixaste.

(Petrus Falcin)
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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A vingança da Criatura

THE REVENGE!
A partir das eleições deste ano começa a virada da Criatura sobre o Criador, ou seja, dos eleitores sobre os políticos. Ela não será marcada por gritarias e passeatas, mas por um estilo silencioso e diferente dos demais que rolam por este mundão afora. Mas de onde vem esta ideia? De algum guru ou profeta dos tempos modernos? Não! Vem da lei mais antiga e certa do Universo, imune às emendas parlamentares e aos julgamentos tendenciosos, das primeiras à última instância. Da LEI DO RETORNO.

Castigo de Deus!, dirão os religiosos; aqui se faz, aqui se paga!, dirão os céticos e agnósticos; raciocínio lógico!, dirão os racionais, cartesianos e pragmáticos. Tudo bem, cada um tem o direito de acreditar no que quiser, mas neste caso específico, mesmo sendo espiritualista, agnóstico e humanista, vou para o lado dos racionais.

Enquanto direita e esquerda se estapeiam com suas ideologias, os que realmente decidem a parada estão calados. Cansados dessa discussão - que já não é sobre o sexo dos anjos porque suas lideranças políticas já decidiram, em comum acordo com a Igreja, de que todos os anjos são assexuados - as Criaturas mostrarão que aprenderam de forma subliminar, a patifaria de como é que se faz "a coisa". Eles receberão os candidatos em período eleitoral com sorrisos de boas vindas, mas na hora do voto darão uma grande banana pra esses dissimulados e votarão nos candidatos que eles quiserem votar. E encontrando-os na rua dirão: "votei no senhor, dotô, mas que pena... parece que dessa vez num deu, né? Mas tenha fé que na próxima o dotô ganha!" E na despedida o eleitor - do outro - diz: "olha, mas na próxima tô com o dotô de novo, viu? Conte comigo! O dotô foi injustiçado, mais é bão!"

A partir do momento em que os políticos começarem a se ferrar é que perceberão que o getulismo, o ademarismo, o janismo e o lulismo morreram da insuficiência hepática do fígado dos outros. Que foram bons professores de arte dramática, mesmo sem querer. Terão de reduzir suas verbas de sapato-de-subir-morro e investirão mais em seus blogs, sites e nas redes sociais da internet, interagindo mais com seus possíveis eleitores que, mesmo à revelia desses aproveitadores sazonais, estarão mais cansados de todo esse teatro barato, além de bem mais informados. Serão convencidos com projetos e histórico de realizações.

Será a vingança da Criatura contra seu Criador, resultado da democratização do acesso à informação sem o ranço dos interesses velados. Resultado do julgamento do mensalão democraticamente mostrado de forma nua e crua, sem possibilidade de ser escondido, seja pela imprensa venal ou de chapa branca.

Duvida? Então pague pra ver!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Leia-se: " Não é isso que eu quero que você pense"

"Não é isso que você ta pensando!"




O Brasil só suportou todos esses anos de mentiras políticas porque a população ainda não estava democratizada e "desmedada" o suficiente para gritar sua insatisfação diante dos descalabros que via e pressentia. Os brasileiros de bem ainda desconfiavam do seu direito de gritar pela retomada da posse de seu país. Boa parte dos antigos intelectuais de esquerda se recusava aceitar o desmoronamento de seus sonhos socialistas alimentados desde a época da ditadura militar. E os novos, educados pela história que não presenciaram e apenas leram ou ouviram contar, foram facilmente enganados por esses lesa-pátrias travestidos de socialistas que estão no poder querendo implantar sua oligarquia mequetrefe (termo da moda).

E agora vem o "chefe" - aquele mesmo que pediu desculpas ao país pelo mensalão - dizer que esse esquema sórdido nunca existiu e que tudo é imaginação e estratégia da oposição. Será que a quimioterapia e a radioterapia queimaram seletivamente algumas regiões do seu cérebro? Ou quando saiu dos seus 8 anos de (des)governo achou o Brasil já havia se transformado na sua tão sonhada Cuba ou Venezuela? Alguém precisa dar uma chacoalhada nele e dizer que os tempos da Alemanha nazista já se foram e aqui não há espaço para Goebbels tupiniquins. Que nos dias de hoje não serão auto-falantes em praças públicas ou ex-barbudos-falantes em palanque eleitoral que (des)informarão e lavarão os cérebros do povo.

O pavor é o maior inimigo do raciocínio e nem me refiro às equações complicadas, mas até mesmo às expressões aritméticas mais elementares. O PT está dando tiro no pé, um atrás do outro nesse período de julgamento do mensalão. Primeiro Lula pressiona Gilmar Mendes e depois diz que o julgamento do STF é uma ameaça à democracia. Depois vem Haddad dizendo que é degradante ter sua imagem associada à José Dirceu e Delúbio. E pior... escreveu isso e ainda registrou em cartório para se defender dos ataques da propaganda eleitoral de Serra.

Enfim, parafraseando Simone de Beauvoir, "É horrível assistir à agonia de uma esperança".

Horrível pra eles e para suas esperanças que, diga-se de antemão,  não são as mesmas do povo mais esclarecido e consciente.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Brasil Carinhoso - Bom dia, dona Dilma!


Escrever algo para introduzir ou complementar este texto seria heresia.


BRASIL CARINHOSO

Bom dia, dona Dilma!

Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do BRASIL CARINHOSO.

Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.

Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para engordar sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida, um plano quinquenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.

É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a plateia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.

Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora. Sou bastante madura, bastante politizada, sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e delirante. Vocês são adeptos do quanto pior, melhor. São discricionários, praticantes do bullying mais indecente da História do Brasil.

Em 1988 a Assembleia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a lei*. Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição, enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida d e que são mal-nascidos. Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação. Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou? O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma? Oi, por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!

Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico, profissionalizante. Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste. Nossos meninos e jovens leem (quando leem), mas não compreendem o que leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o que estou informando.

Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.

A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente. Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente. Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para as burras dos governos. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.

Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora saber com quem está falando.

Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o seu veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo. Sou fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez. Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é os outros. A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.
Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.

A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileira vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à delinquência e às drogas.

Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social, alienada e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, est a foi a escolha de vocês.

A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou niente? Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital. Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói.

Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE. Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português. Por favor, corrija esta informação.

Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém, ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.

Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.

Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são. Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.

A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social. Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!

Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo petista.

Último lembrete: a pobreza é uma consequência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.

Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Crítica, julgamento e veredicto - Ensaio II

Vivemos das nossas ilusões. Não enxergamos o que vemos, mas o que desejamos ver. E dessa visão seletiva nasce e borbulha a fonte do nosso julgamento. Ninguém consegue viver sem julgar; ninguém julga sem morrer um pouco.

O que nos incomoda é o julgamento ou a condenação? Alguém reclama quando é absolvido, seja por um tribunal, pela sociedade ou por uma só pessoa? Não... ninguém reclama dizendo: Você me absolveu! Julgamento é um processo que avalia os prós e contras para determinar uma escolha. No entanto, como o ser humano é especialista em unificar significados para defender seu ego, unificou as palavras CONDENAÇÃO e JULGAMENTO, sendo que uma (Julgamento) é um processo e outra (condenação), o veredicto. Quando se diz, “você me julgou”, na verdade se quis dizer "você me condenou".

O julgamento faz parte do ser humano e não há nada de errado em julgar, desde que seja um processo interno; desde que não se rotule o objeto do julgamento; que não nos fechemos para uma reavaliação constante. Um processo sem veredicto, dinâmico e inconclusivo, utilizado apenas para escolhas momentâneas e não definitivas.

A verdade, a mentira; o bem, o mal; o certo e o errado fazem parte do dualismo móvel que modela a nossa essência. Nas religiões e nos dogmas, por exemplo, o dualismo é estático porque necessita impor verdades, pois, aceitar o dinamismo da evolução e mudar seria transformar verdades-leis em contradições diante de seus seguidores. As religiões com as suas verdades transformaram a humanidade numa confraria de seres inflexíveis e intolerantes.

O problema não está em julgar, mas em declarar publicamente o veredicto, seja ele de absolvição ou condenação. O problema está em rotular e influenciar pessoas. O problema está em não julgar a si mesmo com a mesma assertividade e eficácia com que se julga o outro.

O filósofo Arthur Schopenhauer em "Aforismos para a Sabedoria de Vida", faz uma reflexão sobre a crítica e a auto-crítica, comparando o crítico com um cão que late na frente do espelho, sem entender que aquilo que vê é um reflexo da sua própria imagem.

Por outro lado, quase que inconscientemente, quem critica trabalha para sua própria melhoria, submetendo secretamente suas próprias omissões e ações aos parâmetros da sua consciência, embora motivado pela observação do comportamento alheio.

Este processo de crítica e auto-crítica, mesmo não sendo público, é a base evolutiva do ser humano. Latindo para a imagem do espelho, essa variação pensante de cão acaba guardando suas incoerências num determinado cantinho do inconsciente e, mais cedo ou mais tarde, as encontrará nas faxinas dos porões da alma.

Tarde demais?

Não! Só se faz faxina no momento certo. Depende da tolerância de cada um à poeira acumulada com o tempo.






Julgar não é condenar e absolver não é perdoar. Julgamos quando precisamos decidir; perdoamos quando compreendemos.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entre direita ou esquerda, siga reto.

Este é um tema delicado que deve ser lido integralmente, atitude difícil tanto para radicais de direita quanto de esquerda. Isto porque o radical não suporta a possibilidade de não ter razão para continuar agarrado em suas crenças. E quanto mais corpo ganham as razões do contraditório, mais cego e possesso ele fica. Parafraseando o escritor Oliver Holmes, "A mente de um fanático é como a pupila do olho: quanto mais luz incide sobre ela, mais ela irá se contrair". Portanto, se você é fanático, melhor parar de ler e continuar decorando suas escrituras ideológicas. Estou cansado de direitas, centros e esquerdas.

Não gosto e jamais gostei da palavra patriota. Muita injustiça no mundo foi feita em nome do patriotismo, "qualidade" esta exaltada por ditadores para criar o ufanismo popular, ambiente conveniente para desviar a atenção das massas diante da necessidade estratégica dos governos opressivos de justificar ações que contrariam alguns dos mais importantes e elementares direitos do ser humano. Direitos estes que, principalmente, envolvem a liberdade e o direito de defesa dos contrários ao regime implantado. Albert Einstein dizia, com razão, que "o nacionalismo é uma doença infantil; o sarampo da humanidade."

E quando falamos sobre opressores e oprimidos para brasileiros, a primeira ideia nos remete aos tempos da ditadura militar que, muito antes das razões, nos revelam um período de violência que nos causaram - e ainda causam - apreensão e espécie. Razões estas que, por mais fortes que sejam, tanto no Brasil militar quanto nos "paredons" de Cuba, da antiga União soviética ou de outros povos oprimidos, jamais conseguirão se sobrepor às dores das torturas e injustiças sofridas por seres humanos e suas famílias em nome do que quer que seja. Pior ainda foram violências cometidas contra pessoas que nem sequer sabiam o que elas mesmas haviam feito, vítimas de denúncias vazias como nos tempos da terrível santa inquisição.

E afinal, o que é direita e o que é esquerda?
História: O termo surgiu durante a Revolução Francesa (Monarquia Constitucional), em referência à disposição dos assentos no parlamento; o grupo que ocupava os assentos da esquerda apoiavam as mudanças radicais da Revolução, incluindo a criação de uma república ou o parlamentarismo da Inglaterra e a secularização do Estado. 
Esquerda: O termo esquerdista passou a definir vários movimentos revolucionários na Europa, especialmente socialistas, anarquistas e comunistas. O termo também é utilizado para descrever a social democracia e o liberalismo social (diferente do liberalismo econômico, considerado atualmente de direita). 
Direita: O termo refere-se geralmente ao conservadorismo e ao liberalismo econômico de livre mercado. Muitos libertários e liberais, porém, recusam esse tipo de enquadramento. A partir do século XX, o termo extrema-direita passou também a ser utilizado para o fascismo, bem como para grupos ultranacionalistas.
Rótulos... só rótulos! Já estou cansado também desses "esquerdistazinhos" de araque que repetem o tempo todo chavões e palavras de ordem da esquerda retrógrada, como se ainda estivéssemos ouvindo ecos de tempos remotos que ficaram ricocheteando no vale do tempo. Catequizadores fora de moda que decoraram bordões do empoeirado manual de práticas estalinistas e que até hoje vêem fantasmas aterrorizando seus castelos medievais ideológicos. Não percebem que já estamos mais politizados, cansados dessas idiotices ideológicas que tentam nos meter goela abaixo por imaginarem que estamos ainda trancados nas masmorras desses seus castelos, sem sinal de Internet e sem acesso à informação. É a pretensão de nos impor uma espécie de tutela inconscientemente consentida por meio de frases ultrapassadas, imaginando que essas besteiras se acomodarão silenciosamente em nossos subconscientes imaturos, transformando-nos em zumbis a serviço de uma esquerda retrógrada que já faz parte do mundo dos espíritos.

Estamos entrando na era do humanismo. Atrasados, mas estamos. O mundo está menor e os seres humanos encontram-se irreversivelmente mais próximos, além de cansados de tantas tentativas frustradas desses dominadores dissimulados que se escondem sob o pano vermelho-acinzentado de suas propostas pseudo-humanistas, prometendo-nos uma nação mais justa, igualitária e rica. Igualitária, mas só para os membros do politburo tupiniquim que desejam formar; justa, mas no sentido da estreiteza de suas ideias e pensamentos, e rica para que alguns privilegiados do regime possam roubar mais para seus partidos políticos e para si próprios.

Fanatismo e compulsão ao roubo são doenças, mas não virais. Podem ser facilmente prevenidas por meio da educação social e política. E para os portadores dessa patologia, a cura está no repouso absoluto até esvaziar suas mentes doentes para depois reeducá-las dentro de conceitos mais atuais e mais humanistas.

Se não conseguirem curar-se com esses remédios, tentem saltar no próprio abismo negro que criaram. Farão um grande bem para a humanidade.

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sonhos e ilusões

Quantas chances não perdemos na vida por desejarmos coisas que, no fundo, sabemos que não conseguiremos? Quantas chances não perdemos na vida por desistirmos de algumas coisas porque achávamos que não as conseguiríamos. Até onde deve ir a persistência antes de se tornar obstinação?

A verdade é que estamos sempre entre nossos sonhos e nossas reflexões; entre decisões e indecisões. Viver é sonhar; viver é tentar; viver é buscar; viver é alcançar; viver é desistir; viver é perder. Viver também é refletir, poetar, prosear e filosofar:

  • "Não abandones as tuas ilusões. Sem elas podes continuar a existir, mas deixas de viver." (Mark Twain)
  • "Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos." (Fernando Pessoa)
  • "Ser rico é saber contentar-se com o que se tem" (Lao-Tsé)

A diferença entre sonho e ilusão está na linha do tempo. O sonho - realizado ou não - nunca deixa de ser sonho e a ilusão só pode ser definida após a frustração desse sonho. Portanto, não é certo dizer "isso que você quer é pura ilusão" porque nossos limites são estabelecidos pela intensidade dos nossos próprios desejos. E essa intensidade, por sua vez, é definida pela nossa ordem de valores. Daí a dificuldade de empatia e, consequentemente, de tentarmos estabelecer limites para outras pessoas. Antes de aconselhar sobre os limites dos sonhos de alguém, lembre-se do que escreveu Fernando Pessoa:

"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."

Sonhe e acorde; abstraia-se e volte a sonhar.

Pois, "somos do mesmo tecido de que são feitos os sonhos" (Shakespeare)