segunda-feira, 27 de julho de 2020

COVID-19: LIÇÕES - "OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO"

Quantos estão aprendendo com a pandemia e quantos ainda relutam, imaginando que tudo não passa de um pesadelo, de um sonho ruim do qual acordaremos sem que nada ou muito pouco tenha sido feito?

Quantos entenderam que a ciência, embora tenha aumentado em muito a longevidade do ser humano e criado muitas facilidades para a sociedade, não está totalmente capacitada para lidar com esses "seres vivos" micrométricos chamados vírus. Nigel Brown, cientista da Sociedade de Microbiologia do Reino Unido, disse que “nos últimos 15 anos, vírus gigantes encontrados em amebas complicaram nossa visão de vírus como simples estruturas não-vivas."

Sem envolver Deus ou qualquer tipo de dogma ou crença, por que as pessoas insistem em fechar os olhos e resistir às mudanças que tornariam os efeitos dessa pandemia menos dramáticos e assustadores; mais fáceis de serem transponíveis? Cegueira? Egoísmo? Teimosia? Falta de humildade? Medo de perder seu status na sociedade? De perder tudo aquilo que conquistou durante anos de trabalho (ou quem sabe de trambicagens)?

Para muitos, o pior medo não é o de contrair o vírus, mas de se ver obrigado a recomeçar. É quando resolvem culpar ou se revoltar contra algum ser pensante, seja ele um cientista, um que tenta enxergar com clareza e pragmatismo a gravidade da situação ou aquele político que está sendo pago para resolver os problemas da sociedade. Esses revoltados com "os outros" sempre se excluem das culpas, exceto de terem acreditado e confiado em alguém. Sempre são vítimas, nunca autores ou causadores de nada.

Sim... ninguém pode ser culpado por ter trabalhado muito ou tido sorte para ter uma vida melhor que a da média da sociedade, mas muitos se esquecem de que essa mesma sociedade menos favorecida e mais pobre também contribuiu, de uma forma ou de outra, para o seu sucesso. E é por esquecerem, que quando se revoltam pela falta de dinheiro e reivindicam a volta intempestiva ao trabalho, nem sequer consideram que podem estar empurrando esses menos favorecidos e desprotegidos — dependentes dos serviços de saúde pública —, aos riscos do contágio e de suas consequências de sofrimento e morte.

Repito: "quantos estão aprendendo com a pandemia e quantos ainda relutam"? Quantos ainda não entenderam aquele velho chavão de que de nada vale ser rico num país de miseráveis? Que no capitalismo, assim como em qualquer outro sistema político-econômico, todos precisamos uns dos outros? Portanto, se não formos humanos pela simples consciência humanística, que o sejamos indiretamente por meio de uma ambição menos egocêntrica e burra. 

Nossos governantes nos veem como números, não como pessoas, como seres humanos. Não se sensibilizam com crianças, idosos ou famílias que sofrem, mas sim com seus índices nas pesquisas. Continuam com seus salários e mordomias intocados, usufruindo de todas as facilidades, bonificações e convênios médicos de primeiro mundo.

Enfim, nós, povo, precisamos entender que dependemos uns dos outros e que se não formos solidários e empáticos, não conseguiremos superar este momento difícil e muito menos recomeçar nada.

"(...) Qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um cúbito à sua estatura? Por que andais ansiosos pelo que haveis de vestir? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam, contudo vos digo que nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles" (Mateus 6:24-33)