segunda-feira, 28 de maio de 2018

NÃO É SÓ PELOS 46 CENTAVOS DO DIESEL

Quando mencionei num post essa frase que nos remete ao início do movimento de 2013 foi uma comparação para que a gente pense de maneira menos superficial nessa greve dos caminhoneiros. Em 2013, o estopim foram os 20 centavos do passe livre, mas essa reivindicação tornou-se algo muito menor, mesmo porque a maioria da população mais esclarecida não aprovava essa ideia de passe livre por um simples motivo: não há nada que saia de graça sem que alguém pague por isso. Dinheiro não nasce em árvores. Em economia não há espaço para a poesia.

Chamaram Pedro Parente de gênio quando, de alguma forma, estancou a sangria da Petrobrás e melhorou sua imagem internacional com o equilíbrio financeiro da empresa. Gênio? O que o novo presidente da Petrobrás fez foi abrir uma planilha do Excel com as colunas de débito e crédito e providenciar seu equilíbrio, aproveitando-se do monopólio de mercado, para repassar as oscilações do mercado internacional ao cidadão (só os aumentos porque as reduções nunca vimos chegar) e da possibilidade de ditar o preço final dos combustíveis. Agora, fale a verdade... você não gostaria que a sua empresa pudesse fazer o mesmo? Em resumo, Pedro Parente simplesmente ignorou os impactos econômicos e sociais dessas decisões.

Da mesma forma, o preço do diesel nessa greve dos caminhoneiros está longe de ser o principal problema brasileiro, fazendo-nos refletir sobre termos sempre que engolir e pagar os prejuízos da incompetência, dos roubos e desvios de dinheiro público. Nos faz perceber que os sistemas de transporte do país e de escoamento da produção estão entregues aos lobbyes das montadoras, empresas de transporte e empreiteiras. Por que um país de topografia invejável como o Brasil não investe em ferrovias? Não é muito difícil de entender .

Enfim, essa greve não pode se limitar a reduzir os preços dos combustíveis e outros derivados do petróleo. Há um caminhão de reflexões sobre a miséria que recebemos de volta em saúde, saneamento básico, transportes, segurança e educação.

Não é pelos 46 centavos. É pelos 2 trilhões de impostos que pagamos e das centenas de bilhões que são mal empregados ou desaparecem no meio do caminho.

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