Não descartamos ou doamos os nossos bens para agradar a Deus, para comprar nossa entrada no reino dos Céus ou para conquistar a paz de espírito. O verdadeiro desprendimento acontece quando nos desfazemos deles naturalmente porque não os percebemos mais. Sentimos não serem mais necessários para o que antes chamávamos de felicidade.
Mas é bom lembrar que não há nada de errado em possuir bens se os consideramos importantes para a nossa vida. A energia do dinheiro é boa, desde que a fonte seja honesta e não tenha prejudicado ninguém quando adquirido. No entanto, existem pessoas que passam a vida inteira buscando a felicidade no dinheiro e no poder, mas não há uma que não reveja os valores dessa escolha quando envelhece. Não por querer trocar o dinheiro pela longevidade, mas por ter percebido que a felicidade está na liberdade e nas coisas simples da vida. Por ter entendido que a busca frenética pelo poder e pela riqueza traz junto a inveja e a vaidade.
Como observa o escritor e psiquiatra português Antonio Lobo Antunes: "Com o passar do tempo, há dois sentimentos que desaparecem: a vaidade e a inveja. A inveja é um sentimento horrível. Ninguém sofre tanto como um invejoso. E a vaidade faz-me pensar no milionário Howard Hughes. Quando ele morreu, os jornalistas perguntaram ao advogado: «Quanto é que ele deixou?» O advogado respondeu: «Deixou tudo.» Ninguém é mais pobre do que os mortos." (Diário de Notícias - 2004)
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