terça-feira, 30 de outubro de 2018

EQUÍVOCOS, CORPORATIVISMO E DESONESTIDADE INTELECTUAL

EQUÍVOCOS, CORPORATIVISMO E DESONESTIDADE INTELECTUAL

Ontem Bolsonaro atacou a Folha no Jornal Nacional e Bonner imediatamente contra-argumentou:

"Às vezes, eu mesmo achei que críticas que o jornal Folha de S.Paulo tenha feito ao Jornal Nacional tenham sido injustas. Isso aconteceu algumas vezes. Mas, para ser justo, o jornal sempre nos abriu a possibilidade de nos apresentar, a nossa discordância, de apresentar os nossos argumentos. A Folha é um jornal sério, importantíssimo na democracia brasileira. É um papel que a imprensa nacional desempenha e a Folha faz parte desse grupo"

Eu condeno a forma como o assunto foi abordado por Bolsonaro, inclusive ameaçando: "(...) mas no que depender de mim, na propaganda oficial do governo, a imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradamente não terá apoio do governo federal"

Vamos dividir o problema em duas partes. O primeiro é a ameaça de Bolsonaro dizendo o que não deveria. Os critérios de utilização de verba pública para a veiculação de propaganda governamental deve ser puramente técnico para atingir seu público alvo, ou seja, audiência, custo por mil e outros já conhecidos no meio publicitário e dos anunciantes. Dinheiro público não pode ser utilizado como instrumento de vingança política. Ponto.

A segunda parte é sobre a fala do Bonner que mostrou uma verdade parcial e corporativista. Parcial e corporativista porque "imprensa não critica imprensa". Não me refiro às opiniões das editorias ou de colunistas dos veículos, mas sim à desonestidade intelectual em matérias informativas feitas com o propósito de proteger ou atacar pessoas com interesses escusos. Explico.

É comum e lícito em países democráticos veículos declararem apoio a determinados políticos em campanhas. Cito o exemplo do Estadão que em 2010 fez um editorial com o título "O Mal a Evitar" no qual apoiava José Serra na disputa presidencial com Dilma. O risco de assumir tal posição é único e exclusivo dos veículos e serão os leitores que os julgarão. Isto se chama "honestidade intelectual".

No caso da Folha a história é outra. O jornal publicou matéria afirmando que a equipe de Bolsonaro havia pago 12 milhões para que empresas fizessem SPAMs mentirosos e depreciativos ao PT pelo whatsapp. A autora da matéria, jornalista Patrícia Campos Mello, não conseguiu comprovar tal compra, apresentando apenas algumas propostas dessas empresas feitas inclusive para a equipe de Alckmin que não aceitou.

Mais tarde descobriram que a jornalista é filha de Hélio Campos Mello, proprietário da revista Brasileiros que aparece na delação da Odebrecht como beneficiário de 1,6 milhão proveniente de propinas a pedido de Mantega.

Portanto, não estamos falando sobre o direito de um veículo ter linha editorial a favor ou contra determinado candidato, mas sim de mentira ou desonestidade intelectual em matéria informativa ou reportagem, coisas bem diferentes.

Então, Bonner... este é o "papel que a imprensa nacional desempenha e a Folha faz parte desse grupo"?

De qual grupo estamos falando?

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Joseval Peixoto e Elio Gaspari pensam com o fígado e com as suas paixões




Joseval Peixoto: "Mais uma vez a liberdade de informação é violada no Brasil " (https://www.youtube.com/watch?v=CVQFCuD17Vk)

Joseval... direito não é ciência exata, para pensar com o cérebro e não julgar numa planilha do Excel. Vamos dizer que algum partido com vínculo ao tráfico de drogas resolva pedir autorização para o Fernandinho Beira-Mar dar uma entrevista a um jornal de uma comunidade dominada pelo tráfico. E que esse condenado peça voto para alguém que defenderá interesses dessa comunidade (e dos traficantes também, lógico). Nesse seu raciocínio de liberdade de imprensa, Fernandinho poderia pedir votos para um candidato (desde que não incite pessoas ao crime) e fazer críticas a outros candidatos. Você autorizaria? Espelhe-se na Constituição americana e nas decisões de seus juízes, Joseval. Lá os magistrados definem muitas coisas pelo espírito ou preâmbulo da Constituição. Foi o que o ministro Fux fez. Pense mais e seja menos jurisdiquês. Justiça não é ciência exata. Também exige bom senso, coisa que você parece não ter.

Elio Gaspari: "A publicidade de um pedaço da confissão seletiva de Antonio Palocci ofendeu a neutralidade do Poder Judiciário ( https://oglobo.globo.com/opiniao/a-bala-de-prata-feriu-moro-23120931)

Tem que explicar pro já famoso Lulista Gaspari, que direito não é ciência exata e deve-se pensar com o cérebro e não julgar um caso numa planilha do Excel. Vamos dizer que algum partido com vínculo ao tráfico de drogas resolva pedir autorização para o Fernandinho Beira-Mar dar uma entrevista a um jornal (legal, com jornalista responsável e tudo) de uma comunidade dominada pelo tráfico. E que esse condenado peça voto para alguém que defenderá interesses dessa comunidade (e dos traficantes também, lógico). Nesse seu raciocínio de liberdade de imprensa, Fernandinho poderia pedir votos para um candidato (desde que não incitasse pessoas ao crime) e fazer críticas a outros candidatos. Você autorizaria? Espelhe-se na Constituição americana e nas decisões de seus juízes, Gaspari. Lá os magistrados definem muitas coisas pelo espírito ou preâmbulo da Constituição. Foi o que o ministro Fux fez. Pense mais com a cabeça e menos com as suas paixões. Justiça não é ciência exata. Também exige bom senso, coisa que você parece não ter.