sábado, 11 de agosto de 2018

DE PAI PRA FILHO E DE FILHO PRA PAI

Como pai e sendo hoje o dia que nos deram, sinto-me com liberdade para dizer abertamente o que eu sinto, numa difícil e delicada tentativa de equilibrar a emoção de ser pai e avô com o pragmatismo do ato da concepção, instinto que perpetua a espécie humana.

Emocionalmente como pai e sem jamais ter deixado de pensar como filho, posso hoje mais do que nunca dizer que é uma emoção única, assim como é única, diferente e incomparável a emoção de ser avô. Meus filhos sabem que eu os amo e meu pai também sabia, cada um do seu jeito. Meu netinho talvez ainda não compreenda amor num significado que os adultos há muito tentam - sem sucesso - racionalizar, mas certamente sente do jeito dele que eu o amo, ou gosto dele, não importa... isso é coisa que não se mede e crianças não perdem muito tempo com essas bobagens de significados.

Pragmaticamente como gerador auxiliar de existências humanas, o sentimento de posse dos pais vai gradativamente diminuindo com o tempo. Geramos filhos para o mundo e do mundo eles são. É por meio desse desejo ou sentimento de posse que a natureza impõe aos pais as noções de responsabilidade para com os seus filhos, pois, o ser humano é egoísta e cuida melhor daquilo que cosidera seu. No entanto, assim como é anormal a infantilidade da criança não reduzir à medida que ela cresce, também é anormal não reduzir o sentimento de posse dos pais que envelhecem.

Antes de tentar educar seus filhos, ame-os primeiro!

Três frases que deixo neste dia para que nós, pais e filhos, pensemos juntos:

- "A nascente desaprova quase sempre o itinerário do rio." (Jean Cocteau)

- "Se não se tem um bom pai, é preciso arranjar um." (Nietzsche)

- "Eduque-o como quiser; de qualquer maneira há-de educá-lo mal" (Sigmund Freud)

sábado, 4 de agosto de 2018

CONVICÇÕES

Bolsonaro definitivamente não é e nunca foi meu candidato e só não explico detalhadamente aqui para não atrair mensagens de ódio e em respeito a alguns amigos partidários, mas postarei uma reflexão.

Tortura nunca mais, certíssimo! Foi uma fase triste e infeliz do passado recente, assim como todas agressões praticadas no período do governo militar. Independentemente dos números de um lado e de outro, pois, afinal não se mede violência num razonete de débito e crédito, são fatos que pertencem ao passado, e hoje, mesmo sabendo que ainda há abusos em delegacias, nas ruas e nos redutos do crime organizado, temos uma Constituição que, mesmo imperfeita e muitas vezes capciosamente mal interpretada, prevê punição severa para esses tipos de crimes.

Na idade moderna, reis torturaram e mataram em nome da monarquia, a igreja e as religiões em nome de deus. Na contemporânea o nazismo dizimou milhões, o comunismo outros tantos. Aos poucos, nações e religiões (com algumas exceções) vêm se retratando e pedindo desculpas por esse passado tenebroso e falam sobre ele com vergonha e um certo desconforto.

No entanto, após 600 anos de massacres, em pleno século XXI, ainda vemos pessoas abraçadas em suas convicções apontando seus dedos uns para os outros, ignorando de forma seletiva as crueldades promovidas por suas ideologias e religiões.

Enquanto a ideia de violência justificada existir, enquanto as ideologias e religiões por meio de seus adeptos não reconhecerem publicamente os erros do passado e não se desvencilharem de suas convicções, continuaremos a ser o que sempre fomos: cegos, hipócritas e desumanos.