quarta-feira, 31 de maio de 2017

CRACOLÂNDIA: O SEM-LIMITES DA MILITÂNCIA

Eu já disse aqui uma vez e repito... meus apoios na política sempre serão relativos e situacionais. Fora as saídas nas ruas de 1984 pra cá, foram mais de 20 anos conhecendo a política por dentro (argh!) e muitas vezes sendo chamado de ingênuo por militantes dos partidos em que já fui filiado e apoiei (PSB e PSDB). Mas a ingenuidade que eles alegavam era coisa pequena em relação à pouca vergonha de hoje, tipo nomeações, ajudas pontuais e cooptação de eleitores com transportes em dias de eleição. Em todo caso eu sempre achei essas coisas meio estranhas, mesmo sendo pequenas. Em 2002 eu desisti de participar de reuniões de apoio a candidatos ou partidos. Pra não mentir, em 2011 eu ainda participei, mas profissionalmente e felizmente não aceitaram minha proposta.

Desde o início eu aprovei as atuações de Dória, mas sempre disse que esse apoio era pontual nas ações que dariam nova imagem e vida à cidade de São Paulo. Não moro em Sampa, mas durante muito tempo eu frequentei a cidade além de também ter trabalhado lá, e confesso que a SP de hoje nada tem a ver com a daquela época. Lógico! Mais de 30 anos se passaram e todas as cidades mudaram. Como no Brasil não há o hábito de se planejar nada, a maioria das cidades mudou pra pior e raríssimas são as exceções.

No entanto, apoiar algumas ações de Dória não quer dizer que eu o apoie para ser presidente. No Brasil, a escassez de valores políticos é tão grande que qualquer administrador público que tome um pouquinho de atitudes corajosas, os eleitores já querem transformá-lo em herói. Propaganda e marketing (minha área) pode ajudar a construir falsos ídolos, mas não têm o condão de mantê-los sem que a realidade dos fatos corrobore. Dória está longe de me representar antes de provar nos seus 4 anos de mandato que fará jus ao menos a uma indicação. Se sair antes, pra mim, já não terá qualquer chance. Isso porque um administrador que opta pelo poder em detrimento do compromisso e da coragem já não serve mais pra nada.

No caso da cracolândia, sou a favor do pulso firme (sem violência) e da internação compulsória orientada por profissionais da saúde. Mas vejam bem o que estou dizendo: PROFISSIONAIS DA SAÚDE e não PROFISSIONAIS DA SAÚDE MILITANTES. Pra mim, a opinião dessas pessoas que se dizem humanistas, mas são contra de forma GENERALIZADA não merecem nenhum crédito. Mais ainda aquelas que são a favor de não mexer em nada ou que acham que uma pessoa entregue às drogas e aos traficantes têm direito e condição de escolha. Desculpem, mas que porcaria de opinião é essa? E se algum parente seu estivesse lá? Repito: sou a favor de uma ação planejada e muito melhor do que foi essa primeira que apresentou alguns erros boçais. Mas já foi um começo que mexeu com a indiferença de muito humanista marca-barbante que tem por aí.

Finalizando, minha opinião é que esses militantes são uns irresponsáveis e valem muito menos que esses pobres drogados. Valem menos porque estão dominados pela droga da ideologia e da política partidária irresponsável. Os pobres coitados da cracolândia só prejudicam a eles mesmos, mas esses militantes dominados pela droga do fanatismo prejudicaram e continuam prejudicando milhões.

Não há tratamento pra esse tipo de drogado. Nem internação compulsória que resolva.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

DUAS CATEGORIAS DE JUÍZES


Sempre que o STF profere alguma decisão bizarra, o povo logo se apressa para sentenciar: “a Justiça no Brasil é uma piada”.

Nem se passa pela cabeça da galera que os outros juízes – sim, os OUTROS – se contorcem de vergonha com certas decisões da Suprema Corte, e não se sentem nem um pouco representados por ela.

O que muitos juízes sentem é que existem duas Justiças no Brasil. E essas Justiças não se misturam uma com a outra. Uma é a dos juízes por indicação política. A outra é a dos juízes concursados.

A Justiça do STF e a Justiça de primeiro grau revelam a existência de duas categorias de juízes que não se misturam. São como água e azeite. São dois mundos completamente isolados um do outro. Um não tem contato nenhum com o outro e um não se assemelha em nada com o outro. Um, muitas vezes, parece atuar contra o outro. Faz declarações contra o outro. E o outro, por muitas vezes, morre de vergonha do um.

Geralmente, o outro prefere que os “juízes” do STF sejam mesmo chamados de Ministros – para não confundir com os demais, os verdadeiros juízes.

A atual composição do STF revela que, dentre os 11 Ministros (sim, M-I-N-I-S-T-R-O-S!), apenas dois são magistrados de carreira: Rosa Weber e Luiz Fux. Ou seja: nove deles não têm a mais vaga ideia do que é gerir uma unidade judiciária a quilômetros de distância de sua família, em cidades pequenas de interior, com falta de mão-de-obra e de infra-estrutura, com uma demanda acachapante e praticamente inadministrável.

Julgam grandes causas – as mais importantes do Brasil – sem terem nunca sequer julgado um inventariozinho da dona Maria que morreu. Nem uma pensão alimentícia simplória. Nem uma medida para um menor infrator, nem um remédio para um doente, nem uma internação para um idoso, nem uma autorização para menor em eventos e viagens, nem uma partilhazinha de bens, nem uma aposentadoriazinha rural. Nada. NADA.

Certamente não fazem a menor ideia de como é visitar a casa humilde da senhorinha acamada que não se mexe, para propiciar-lhe a interdição. Nem imaginam como é desgastante a visita periódica ao presídio – e o percorrer por entre as celas. Nem sonham com as correições nos cartórios extrajudiciais. Nem supõem o que seja passar um dia inteiro ouvindo testemunhas e interrogando réus. Nunca presidiram uma sessão do Tribunal do Júri. Não conhecem as agruras, as dificuldades do interior. Não conhecem nada do que é ser juiz de primeiro grau. Nada.

Do alto de seus carros com motorista pagos com dinheiro público, não devem fazer a menor ideia de que ser juiz de verdade é não ter motorista nenhum. Ser juiz é andar com seu próprio carro – por sua conta e risco – nas estradas de terra do interior do Brasil. Talvez os Ministros nem saibam o que é uma estrada de terra – ou nem se lembrem mais o que é isso.

Às vezes, nem a gasolina ganhamos, tirando muitas vezes do nosso próprio bolso para sustentar o Estado, sem saber se um dia seremos reembolsados - muitas vezes não somos. Será que os juízes, digo, Ministros do STF sabem o que é passar por isso?

Por que será que os réus lutam tanto para serem julgados pelo STF (o famoso “foro privilegiado") – fugindo dos juízes de primeiro grau como o diabo foge da cruz?
Por que será que eles preferem ser julgados pelos “juízes” indicados politicamente, e não pelos juízes concursados?

É por essas e outras que, sem constrangimento algum, rogo-lhes: não me coloquem no mesmo balaio do STF. Faço parte da outra Justiça: a de VERDADE.

( juíza Ludimilla Lins Grilo)

quarta-feira, 3 de maio de 2017

GILMAR MENDES É UM NADA

Para um egoico, um indivíduo que se acha o máximo, muito pior do que xingar sua mãe e falar que ele não tem caráter é dizer que ele é UM NADA. Principalmente quando vaidoso se acha acima da própria lei e - e aí vai outra ofensa mortal - é muito bem pago por nós, seus patrões. Sim... nosso empregado, mas não como um outro qualquer, pois, um funcionário de uma empresa privada não receberia tanto pelo que tem obrigação de fazer e muito menos pelo que não fez e não faz. Num emprego normal, Gilmar Mendes já estaria no olho da rua, procurando emprego como estão outros 14 milhões de brasileiros ou quem sabe dormindo debaixo de uma ponte qualquer.

Gilmar Mendes é UM NADA. Um funcionário público Denorex, aquele que parece, mas não é. Sua atitude ontem de tentar desmoralizar o Ministério Público não foi juvenil como ele alegou ser o comportamento dos procuradores, mas sim infantilmente ridícula. Centenas de gilmares não fazem um Deltan Dalagnol ou meio Sérgio Moro. É preciso muito mais do que uma simples toga e um título de ministro escolhido para o Supremo. É preciso caráter ilibado, mas não com ilibação reconhecida pelo Presidente da República e depois sabatinado por um Congresso vergonhoso que também aprovou Dias Toffoli e outros "ilibados" de notório saber jurídico que estão por lá.

"Há dez anos, o jurista e professor da USP Dalmo Dallari publicou artigo que gerou polêmica em que sustentava: 'Gilmar Mendes no STF é a degradação do judiciário brasileiro'. Agora, ele reafirma e diz mais: 'Há algo de errado quando um ministro do supremo vive na mídia' " (Pragmatismo Político)

Gilmar Mendes é UM NADA. É apenas mais um que integra nossa coleção compulsória de figurinhas repetidas deste país de instituições falidas que se chama Brasil. É mais um que "se acha", mas não faz a menor ideia do que estamos pensando e do que achamos que ele é.

Gilmar Mendes é UM NADA e NADA mais.