domingo, 26 de março de 2017

O perigoso tudo ou nada das instituições brasileiras



A insistência dos três poderes em tentar resolver a crise da corrupção - cada um ao seu modo - está criando um sério risco para a estabilidade democrática do país.

O PASSADO

No executivo e legislativo é resultado de muitas décadas do povo esquecendo as mazelas dos políticos corruptos, permitindo que eles retornassem à política como se nada tivesse acontecido.

No judiciário, mais especificamente no Supremo Tribunal Federal, acompanhávamos suas decisões só pelas manchetes dos jornais (tipo "Nossa! O Supremo decidiu!!), mas não fazíamos a mínima ideia de como os julgamentos e decições aconteciam.

Já a grande imprensa - o quarto poder - publicava muitas notícias duvidosas que eram assumidas como verdades, segundo seus próprios interesses. A credibilidade era proporcional à audiência dos veículos e do poder econômico das empresas de comunicação. 

O PRESENTE

Se considerarmos a cronologia formal dos anos, tais vícios foram mantidos até meados de 2002, mas na linha do tempo em termos de tecnologia, as mudanças foram - e continuam sendo - exponenciais, sendo absolutamente desnecessário nos aprofundarmos neste raciocínio. Apenas vale lembrar que hoje as informações estão pulverizadas e, mesmo havendo e notícias inverídicas, um jornalista autônomo ou um cidadão de credibilidade pode desmentir toda notícia enganosa ou mal fundamentada desses grandes veículos. 

É muito fácilo notar a grande diferença entre o Mensalão e o Petrolão desbaratado pela Operação Lava Jato. Enquanto o primeiro puniu apenas alguns empresários e alguns bois de piranha políticos, o segundo pôs a nú uma roubalheira quase que generalizada e sem precedentes na história do país e talvez da humanidade, tanto do meio empresarial quanto do político. Mesmo depois do Mensalão, os esquemas de corrupção continuaram a todo vapor, sem a menor preocupação por parte desses vagabundos. Quantos brasileiros não morreram nas portas dos hospitais, assassinados nas ruas ou tornaram-se bandidos por falta de escolas?

A INDIFERENÇA 

Mesmo diante desse quadro assustador, os Três Poderes ainda insistem em resolver o problema segundo seus próprios modos e interesses, distanciando-se das leis e das provas REAIS, altamente comprometedoras. No executivo e legislativo há um claro conluio corporativo (com raríssimas exceções) para melar a Lava Jato e dar impunidade aos políticos e partidos envolvidos nesse vergonhoso escândalo de roubos do nosso suado dinheiro dos impostos, sem contar os casos descarados de enriquecimento ilícito, como o de Lula, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha entre outros. O Congresso mantém seus privilégios imorais - inclusive de suas aposentadorias - e, mesmo diante da imensa crise econômica, mantém seus autos salários e mordomias que alcançam mais de R$ 150 mil por mês, mas querem aumentar impostos, cortar direitos trabalhistas e a previdência do trabalhador.

No caso do STF, muito embora não haja notícias do envolvimento direto nas falcatruas, o partidarismo e o medo são tão notórios que podemos descrever, um a um, as tendências político-partidárias e das ligações de amizade com determinadas figuras políticas de pelo menos metade dos ministros. Outra parte está contra a Lava Jato por puro ciúme de Sérgio Moro, arrogância e empáfia. Consideram-se deuses inatacáveis e inatingíveis, mesmo sendo lentos e omissos em seus julgamentos e, como no Mensalão, tendo absolvido vários réus de crimes como o de formação de quadrilha que, se condenados, os deixariam na cadeia por muito tempo.

O PERIGOSO TUDO OU NADA

Essa indiferença dos Três Poderes está assumindo contornos perigosos, independentemente do resultado de hoje das ruas. Assim como o progresso da tecnologia é exponencial e não obedece proporcionalidade na linha do tempo, o progresso da impaciência do brasileiro também não obedece. Estamos chegando a níveis insuportáveis de desprezo e as instituições estão subestimando a capacidade de revolta do povo. Há sérios riscos de uma convulsão social sem precedentes.

Não somos idiotas ao ponto de aceitar pacificamente aumento de impostos e, principalmente, acordos das instituições que visem a impunidade com a desculpa de poder manter a governabilidade e melhorar a economia. O brasileiro está disposto a sofrer as consequências de um fundo de poço e recomeçar a partir do ZERO se for necessário.

Quem viver verá!

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