quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O cinegrafista Santiago deve ser respeitado, e não usado.

Há duas frases de Mahatma Gandhi que falam sobre a violência:
"Eu sou contra a violência porque parece fazer bem, mas o bem só é temporário; o mal que faz é que é permanente." 
"Quando não se possa escolher senão entre a covardia e a violência, aconselharei a violência."
As duas frases aparentemente antagônicas se completam e eu explico. A violência pode aparentemente resolver um problema imediato, mas quase sempre as sequelas não justificam a conquista. No entanto, caso todas as tentativas pacíficas tenham fracassado e a injustiça continue fazendo vítimas, ao invés de nos acovardarmos e nos submetermos ao jugo de carrascos, é preferível reagir.

No caso do Brasil estamos ainda muito longe de uma situação que justifique o emprego da violência. O movimento pacífico de junho mostrou que podemos dar nossos recados aos aproveitadores que normalmente se deliciam com a nossa aparente passividade. Ficaram assustados e correram pra todos os lados, votando projetos de lei parados e criando outros visando sossegar o gigante.

Acontece que o movimento foi reprimido e essa repressão não veio da polícia, mas sim dos manifestantes baderneiros, black blocs, traficantes e bandidos comuns infiltrados. Afirmar que as ações desses maus elementos foi orquestrada pelo governo ou partidos é inferir, mas nós, seres pensantes, podemos muito bem fazer uma pergunta para tentar descobrir: "A quem interessaria o fim desse movimento pacífico, transformando o justo em injusto?" Não que os interessados desejassem bancos e bens públicos quebrados ou mortes de inocentes, pois, diante da violência excessiva perdem até os que têm razão, ou: "O feitiço vira contra o feiticeiro."

O problema é que os violentos não têm limites e é impossível deter uma corrente raivosa. São pessoas - se é que as posso chamá-las assim - que esmagam seres humanos como nós esmagamos baratas. Uma vida a mais ou uma a menos não faz diferença e a causa pode ser qualquer uma ou a falta de uma. É como o bandido que mata sua vítima indefesa porque ela tem, não tem ou deveria ter mais dinheiro. Como aconteceu com meu amigo Flávio que ontem em São Paulo foi assaltado e o ladrão após levar seu relógio e dinheiro sem nenhuma reação, deu uma coronhada em seu rosto fazendo-o ajoelhar-se de dor no chão e em seguida disse: "Seu velho filho da puta, só não mato você porque não quero gastar bala."

Já na morte estúpida do cinegrafista Santiago, o Ministro da (in)Justiça disse que será criada lei para de proteção a jornalistas, além de que o Congresso vai votar a lei que trata de definições e punições para o terrorismo. Solidarizo-me com a família de Santiago, mas também com a da menina Ana Clara Santos Sousa de 6 anos que morreu queimada num ataque a um ônibus em São Luís, ou a outra de cinco anos que foi baleada e morta num ponto de ônibus em Mogi das Cruzes que ia com os pais entregar uma carta ao Papai Noel em uma agência dos Correios.

Não precisamos de leis específicas para proteger jornalistas ou nos protegerem dos terroristas. Precisamos de HOMENS E MULHERES de bem. "O Brasil das 181 mil leis: em um dos mais anacrônicos regimes legais do mundo, o País bate recorde de leis, muitas das quais obsoletas" (Rudolfo Lago - Revista Isto É).

O problema do Brasil é a IMPUNIDADE porque leis não faltam. Falta vergonha na cara dos nossos governantes, do Congresso e do judiciário. Se matarem um advogado, farão leis específicas para punir assassinos de advogados? De delegados? De juízes? De engenheiros? De executivos de multinacionais? De políticos? E as leis "NORMAIS" do Código Penal ficariam para os pobres ou para os que não têm formação? Para o povão? Para as crianças queimadas e baleadas? Para os que não podem pagar um bom advogado?

O recado também é para a imprensa que, embora vítima nesse caso do cinegrafista Santiago, tem lá suas culpas e também precisa refletir. A forma como alguns veículos se vendem para as polpudas verbas governamentais e se omitem de sua missão social, contribuiu muito para a situação em que chegamos neste país candidato ao nojento regime comuno-bolivariano. É visível a parcialidade de certos veículos de comunicação e omitir informação é também ser parcial. Como escreveu o Dr. Dráuzio Varella na folha de São Paulo há 5 anos:
"Na política, chegamos a níveis de imoralidade assumida incompatível com princípios éticos. NOS QUASE dez anos desta coluna, leitor, nunca escrevi sobre política. Adotei essa conduta por reconhecer que há profissionais mais preparados para fazê-lo e por considerar que médicos envolvidos em educação na área de saúde pública devem ficar distantes das paixões partidárias. No entanto, os últimos acontecimentos de Brasília foram tão desconcertantes e chocaram a nação de tal forma, que ignorá-los seria omissão. No trato da administração pública, chegamos a níveis de desfaçatez e de imoralidade assumida incompatíveis com os princípios éticos mais elementares."
Que a imprensa agora não se faça de vítima como realmente foi o cinegrafista Santiago. Como escreveu Dostoievski, "Todos somos responsáveis de tudo, perante todos."

Já estamos aprendendo a separar o joio do trigo!

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