Nos "Manuscritos do Mar Morto", por exemplo, não há como negar a ligação de Jesus com os essênios (viveram entre 150 a.C e 70 d.C). Como rabi e judeu, seria natural que Jesus tivesse até participado de reuniões em mosteiros essênios, onde os hábitos coincidem com as suas pregações. Historiadores chegam a afirmar que essenismo e cristianismo são uma coisa só. Dizem que mais do que Belém e Jerusalém, o Qumran com seu mosteiro e seus manuscritos, é o berço da revelação cristã. Outro fato interessante sobre a vida dos essênios é que eles eram verdadeiros revolucionários. A Bíblia tenta disfarçar o lado humano de Jesus em muitas de suas passagens. O machismo da época, por exemplo - e que perdura nos dogmas até hoje -, omitiu a proximidade de Jesus com Madalena para esconder seu lado de ser humano. Não entendem que não há característica terrena que possa tirar a excepcionalidade de seus pensamentos e ações. Mas não pretendo discutir aqui esses detalhes que dariam para escrever outra Bíblia. Quem estiver interessado no assunto pode beber direto da fonte nos sites "The Dead Sea Scrolls", "Digital Dead Sea Scrolls". Veja também no Youtube:
- Os Manuscritos do Mar Morto - Parte 01
- Os Manuscritos do Mar Morto - Parte 02
- Os Manuscritos do Mar Morto - Parte 03
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 01
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 02
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 03
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 04
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 05
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 06
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 07
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 08
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 09
- O Sepulcro Esquecido de Jesus - Parte 10
Minha intenção não é desqualificar o Novo Testamento ou quaisquer escrituras, mas tentar buscar a essência dos verdadeiros valores desses ensinamentos, valores estes que não podem ser apropriados por dogmas de nenhuma religião e muito menos por essas que existem apenas há dois mil anos. Afinal, o Budismo já transmitia esses valores espirituais de forma estruturada no século IV antes de Cristo. O problema está na interpretação e na forma de absorver os valores transmitidos.
Existe uma grande diferença entre exigir que você "seja assim" e de dizer que ao mudar naturalmente sua ordem de valores "se tornará assim". Exigir que você "não acumule bens" ou dizer que ao mudar naturalmente sua ordem de valores "não sentirá falta de alguns bens". O problema é que a religião induz seu seguidor a adotar comportamentos por temor a Deus, mesmo que se sinta desconfortável. E o resultado é a criação de "cascas" que apenas disfarçam seus verdadeiros valores. Mantém boa imagem na religião e na sociedade, mas guarda um imenso conflito consigo mesmo.
Não é errado não conseguir sentir, assim como não é errado sentir o que se sente. Errado mesmo, é achar errado o que se sente. Nossos valores são constantemente reavaliados durante a vida e as mudanças ocorrem com o viver, principalmente com as esperanças, frustrações, ilusões e desilusões.
As religiões e suas festas religiosas são apenas parâmetros históricos que nos remetem às reflexões mais profundas sobre valores essenciais da vida em determinados dias do ano. As sementes são plantadas e cada uma fica ali, quietinha, em algum canto da nossa essência, até receber o fluído específico que a fará germinar. Os valores essenciais da vida nasceram com você e não a partir do momento que lhe disseram que existiam. São as inúmeras mudanças que ocorrem em nossas vidas. As passagens das trevas para as luzes.
Para religiosos, ateus ou agnósticos, não importa, termino com um texto de Antonio Lobo Antunes:
"Com o passar do tempo, há dois sentimentos que desaparecem: a vaidade e a inveja. A inveja é um sentimento horrível. Ninguém sofre tanto como um invejoso. E a vaidade faz-me pensar no milionário Howard Hughes. Quando ele morreu, os jornalistas perguntaram ao advogado: «Quanto é que ele deixou?» O advogado respondeu: «Deixou tudo.» Ninguém é mais pobre do que os mortos."
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