sábado, 24 de agosto de 2013

Pesquisa de opinião: Dilma reverteu o quadro desfavorável?

Antes de mais nada quero fazer uma afirmação: estatística é coisa séria, suas fórmulas têm base científica (teorias probabilísticas) e merece credibilidade. Trabalhei algum tempo nesse segmento e posso dizer que é uma forma prática e rápida de obtermos informações confiáveis, importantes e decisivas. É muito utilizada na economia, biologia, engenharia, geologia, psicologia e outras ciências. Pesquisas de opinião utilizam os mesmos fundamentos matemáticos da estatística.

O problema das pesquisas de opinião está muito mais na forma de interpretá-la e divulgá-la do que nas suas prováveis manipulações. Não há como abordar todos os mitos e variáveis que banalizaram essa ciência, mas vou tentar apontar alguns dos principais.

EU COMO UM FRANGO INTEIRO E VOCÊ NÃO COME NADA, PORTANTO, EU E VOCÊ COMEMOS MEIO FRANGO CADA UM: Pessoas que usam essa frase para dizer que a estatística não mostra a realidade estão falando besteira. Isto não é estatística, mas sim média aritimética, coisa bem diferente. Cálculos estatísticos levam em consideração o número de amostras em relação ao total da população, distribuição, testes de significância que determinam aquela famosa margem de segurança para cima e para baixo, entre outros.

MANIPULAÇÃO DOS NÚMEROS: Sim, ela existe. Um partido, por exemplo, pode contratar uma empresa de perquisa não séria para manipular entrevistas, mudar números e mentir para os eleitores. No entanto seria muita ingenuidade acreditar que os partidos adversários prejudicados não fizessem pesquisas sérias para desmoralizar os falsificadores. Se houver uma diferença muito significativa, essa empresa mal intencionada será facilmente desmascarada, como já aconteceu em várias oportunidades.

IMPRENSA: É aqui que começam a aparecer os princpais problemas. Manchetes nos jornais podem influenciar no aumento da tendência se estiverem mal intencionados. Um percentual, seja ele positivo ou negativo, pode crescer ou reduzir de acordo com o destaque que é dado pela imprensa e cito as recentes pesquisas sobre a popularidade da presidente Dilma como exemplo.
PESQUISA DE MARÇO
Ótimo/Bom: 63%
Regular: 29%
Ruim/Péssimo: 7% 
PESQUISA DE JUNHO
Ótimo/Bom: 55%
Regular: 32%
Ruim/Péssimo: 13% 
PESQUISA DE JULHO
Ótimo/Bom: 31%
Regular: 37%
Ruim/Péssimo: 31% 
PESQUISA DE AGOSTO
Ótimo/Bom: 38%
Regular: 37%
Ruim/Péssimo: 24%

Exemplo de manchetes que influenciam tendências, dependendo do enfoque


Para não me alongar, pois, analisar todos esses números exigiria muitas páginas, na imagem acima dou exemplos de manchetes que causam impactos completamente diferentes nas tendências (pesquisas futuras) utilizando os mesmos números. Apesar do resultado de agosto ter sido maior, se traçarmos uma linha de tendência (consegue-se facilmente isto utilizando uma planilha Excel), veremos que, ESTATISTICAMENTE, a popularidade de Dilma PERMANECE EM QUEDA e AINDA não há base estatística para dizer que a curva foi revertida.

Portanto, é muito importante avaliar pesquisas de maneira menos superficial, olhando todos os números e prestando atenção nas manchetes das fontes de informação. Leiam análises, comentários e cheguem às suas próprias conclusões SEM ACREDITAR no que lê nas manchetes dos jornais.

O governo despeja muito dinheiro em anúncios para acreditarmos no primeiro veículo de comunicação que aparece.

O melhor veículo para conhecer a verdade ainda é o seu raciocínio.

domingo, 11 de agosto de 2013

De filho pra pai e de pai pra filho

Como pai e sendo hoje o dia que nos deram, sinto-me com liberdade para dizer abertamente o que eu sinto, numa difícil e delicada tentativa de equilibrar a emoção de ser pai e avô com o pragmatismo do ato da concepção, instinto que perpetua a espécie humana.

Emocionalmente como pai e sem jamais ter deixado de pensar como filho, posso hoje mais do que nunca dizer que é uma emoção única, assim como é única, diferente e incomparável a emoção de ser avô. Meus filhos sabem que eu os amo e meu pai também sabia, cada um do seu jeito. Meu netinho talvez ainda não compreenda amor num significado que os adultos há muito tentam - sem sucesso - racionalizar, mas certamente sente do jeito dele que eu o amo, ou gosto dele, não importa... isso é coisa que não se mede e crianças não perdem muito tempo com essas bobagens de significados.

Pragmaticamente como gerador auxiliar de existências humanas, o sentimento de posse dos pais vai gradativamente diminuindo com o tempo. Geramos filhos para o mundo e do mundo eles são. É por meio desse desejo ou sentimento de posse que a natureza impõe aos pais as noções de responsabilidade para com os seus filhos, pois, o ser humano é egoísta e cuida melhor daquilo que cosidera seu. No entanto, assim como é anormal a infantilidade da criança não reduzir à medida que ela cresce, também é anormal não reduzir o sentimento de posse dos pais que envelhecem.

Antes de tentar educar seus filhos, ame-os primeiro!

Três frases que deixo neste dia para que nós, pais e filhos, pensemos juntos:
- "A nascente desaprova quase sempre o itinerário do rio." (Jean Cocteau)
- "Se não se tem um bom pai, é preciso arranjar um." (Nietzsche)
- "Eduque-o como quiser; de qualquer maneira há-de educá-lo mal" (Sigmund Freud)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ministros do STF: A Constituição é um meio e não um fim.


Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988:

"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil."

Enquanto a constituição americana recebeu 27 emendas em 200 anos, nossa Carta Magna já foi alterada, aviltada e remendada, recebendo mais de 70 emendas desde que foi promulgada, há 25 anos. Este é um reflexo, não do povo, mas da falta de representatividade dos partidos e dos políticos que elegemos e essa falta de representatividade se reflete, com raríssimas exceções, na escolha de nossos ministros representantes do Supremo Tribunal Federal.

Escreveu Victor Hugo em "Os Miseráveis": "O direito é a justiça e a verdade. O característico do direito é conservar-se perpetuamente puro e belo. Esta luta entre o direito e o fato dura desde a origem das sociedades. Terminar o duelo, amalgamar a ideia pura com a realidade humana, fazer penetrar pacificamente o direito no fato e o fato no direito, eis o trabalho dos sábios."

Só se forma essa amálgama que une o fato ao direito e vice-versa com o elemento da consciência do espírito de justiça, essência subjetiva do preâmbulo constitucional, mas necessária quanto a Constituição permite duas ou mais interpretações. A busca pela verdade não está restrita aos tecnocratas da lei, pois, justiça antes de tudo é um sentimento e leis não são expressões matemáticas. Diante disso, o sentimento coletivo pode não ser o melhor juiz, mas certamente é o melhor termômetro de uma decisão.

Um dos grandes benefícios promovidos pelo mensalão foi o de fazer o povo aproximar-se mais do Supremo Tribunal Federal e entender que há sim influências políticas na corte máxima e que essas influências relativizam o conceito de justiça. Utilizo parte de uma frase de Gilmar Mendes quando se referiu às corregedorias para dizer que "até as pedras sabem" para me referir às tendências de Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, baseando-se em suas entrevistas quando escolhidos para ocupar as duas cadeiras do STF. Antes mesmo de mergulharem seus cérebros nos processos do mensalão, fizeram declarações que não deveriam ter feito (atos falhos?). É o mínimo que se espera de "juízes imparciais" (redundância?) diante de processos importantes e polêmicos. Zavascki alertou para o risco de “banalização” da figura penal da formação de quadrilha e disse que muitas vezes o mais apropriado seria enquadrar os réus como coautores de crimes. Já Barroso disse que o julgamento do mensalão foi "um ponto fora da curva" e que a Corte "endureceu" no caso. Duas bolas de caçapas cantadas.

Enfim, a tecnocracia pode dar retaguarda legal para decisões, mas não há lei que impeça o julgamento e a subida da temperatura do termômetro popular. Ministros do supremo não são deuses, são funcionários pagos com dinheiro público, ou seja, nosso dinheiro. Esses dois senhores não estão lá para representar correntes ideológicas e a si próprios ou expressar suas vaidades em saberes juridicos em relação aos de Joaquim Barbosa. Estão lá para promover a igualdade e a justiça no país.

Para as interpretações constitucionais, Nietzsche tem uma frase perfeita: "Os leitores extraem dos livros, consoante o seu caráter, a exemplo da abelha ou da aranha que, do suco das flores, uma retira o mel e a outra o veneno."

Constituição é um meio e não um fim.

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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O PT é Madre Teresa de Atuclac

A humanista Madre Teresa de Calcutá quando era convidada para uma passeata CONTRA a guerra, dizia que só participaria se a ela fosse A FAVOR da paz. É a mesma coisa? Não... há uma grande diferença estar contra e a favor. Sutil, mas há. Quando a gente está contra algo acaba se perdendo, dividindo o esforço e fugindo do objetivo mais nobre.

Dilma ontem numa entrevista informal, quando perguntaram o que ela achava da valorização do dólar e do crescimento de 1,7 a 1,8 dos EUA, disse que ela acredita que o Brasil terá um crescimento muito mais robusto que eles com os nossos (!?) 2,2 ou 2,5 previstos. O que será que a dona Dilma entende por robustez? Ser 7º do mundo no PIB e 84º no Índce de Desenvolvimento Humano, antepenúltimo da América Latina, atrás de países como o Chile (44º no ranking), Argentina (45º), Uruguai (48º), Cuba (51º), Bahamas (53º), México (57º), Panamá (58º), Antígua e Barbuda (60º), Trinidad e Tobago (62º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º), Jamaica (79º), Peru (80º), e Equador (83º)

É impressionante a falta de bom senso nesse estilo lulista de fazer política da Dilma, ou mais especificamente, de reproduzir as palavras daquele que está nos bastidores e que nunca saiu da presidência, segundo ela mesma. Para o PT, estar contra os EUA é mais importante do que a favor de uma vida digna para os brasileiros. Como eu disse, é uma questão de foco... de objetivo, coisa que o PT nem faz ideia do que seja.

O PT não consegue e não sabe ser a favor de nada. A única especialidade dele é ser contra. A comissão da Verdade não é a favor da verdade, mas contra o governo militar; implantar o bolivarianismo não é ser a favor do comunismo, mas ser contra os EUA; apoiar o governo ditador do Irã e da Coreia do Norte não é ser a favor da soberania desses países, mas de ser contra os opressores do hemisfério norte; liberar verbas para seus aliados não é ser a favor de melhorias para o povo, mas de lutar contra a oposição... e por aí vai.

Enfim, o negócio do PT é ser contra porque não sabe fazer outra coisa. E nessa obstinação de ser contra, incluiu o povo brasileiro e sua dignidade mínima de ser humano. O povo está sendo usado para seus objetivos globais, como massa de manobra. É o PT contra o mundo e contra ele mesmo.

Madre Teresa de Calcutá às avessas.

Complemento com o comentário de hoje cedo do Carlos Sardenberg "Crescer 2% com inflação de 6% é pouco para o Brasil": clique