quarta-feira, 10 de abril de 2013

Intolerância burra


É muito triste o que está acontecendo hoje no Brasil. Sempre nos declaramos um povo não preconceituoso, mas no fundo todos sabíamos que o preconceito existia, embora velado. Enquanto as minorias permaneciam silenciosas, os tolerantes hipócritas, continuavam falando mil maravilhas deles mesmos e o mundo inteiro acreditando nessa histórica hipocrisia brasileira. O país da miscigenação de povos e religiões era um exemplo para o resto da humanidade. No entanto, bastou que a liberdade de expressão se instalasse depois de tanto tempo de mordaça para que algumas dessas minorias começassem a reivindicar seus direitos e os hipócritas começassem a tirar suas máscaras.

E assim, o Brasil-exemplo começou a mostrar seu verdadeiro lado de Brasil-comum, com um comportamento exatamente igual à maioria humana do planeta Terra. Religião, cor, sexualidade, enfim, passamos a assumir as mesmas intolerâncias raciais que criticávamos na África do Sul; as mesmas religiosas que criticávamos entre católicos e protestantes na Irlanda e entre judeus e muçulmanos no Oriente Médio. E agora chegou a hora e a vez da opção sexual ser debatida pelo maior país cristão do mundo.

Costumo citar frases de grandes humanistas porque todos eles lutaram contra as classes dominantes, não como representantes de ideologias marxistas ou socialistas com aquelas palavras de ordem pasteurizadas, mas sim manifestando sua consciência com exemplos em suas próprias vidas. Gandhi aprendeu muito com o cristianismo, mas manteve-se fiel ao hinduísmo. Uma vez perguntaram-lhe se ele gostaria de ser cristão e  ele respondeu: "Sem dúvida, eu seria cristão se eles o fossem vinte e quatro horas por dia."

Criou-se então agora no Brasil "cristão" a intolerância generalizada, muito mais hipócrita do que aquela que era velada. Começam a aparecer termos nunca vistos como heterofobia, o contraponto da homofobia, apenas para pagar o radicalismo com a mesma moeda. Líderes cristãos moralistas contradizem os preceitos de suas religiões, induzindo seus rebanhos a praticarem o ódio, agredindo seus "semelhantes" e contrapondo-se aos dogmas e as escrituras que as fundamentaram. Criaram o paradoxo do amor condicionado. Como disse o escritor irlandês Jonathan Swift: "Nós temos a religião suficiente para nos odiarmos, mas não a que baste para nos amarmos uns aos outros."

Que cada um seja o que deseja ser e não desafie aquele que não deseja ser o que ele é, contentando-se em ter esse direito reconhecido e não contestado. "Tolerância não significa aceitar o que se tolera", disse também o humanista Mahatma Gandhi. Se as minorias se contentassem apenas com o respeito e o reconhecimento de serem iguais como seres humanos não haveria problema algum. A questão é que, tanto as maiorias quanto as minorias, condicionam esse respeito e reconhecimento à conversão desses não semelhantes, forçando-os a seguir suas convicções.

Acho que o Brasil tem constituição e leis suficientes para proteger e assegurar os direitos das maiorias e minorias. O que precisamos mesmo é de união contra apenas uma minoria realmente privilegiada:  A DOS POLÍTICOS. Precisamos nos unir contra essa roubalheira generalizada que se instalou no país. Não poderá haver justiça enquanto tivermos uma classe política vivendo em um Brasil completamente diferente do nosso, com sistemas especiais de saúde, segurança e educação pagos com o dinheiro das maiorias e minorias desiguais.

Enquanto ficamos com picuinhas, discutindo opção sexual, cores de peles, qual religião representa Deus na Terra e alimentando ódio uns contra os outros, a minoria política privilegiada aplaude e torce para que desviemos deles o foco das nossas atenções. Nosso Brasil está sendo depenado... quase que irreversivelmente depenado. Somos otários úteis para esses políticos maus-carácteres que estão aí, sugando o dinheiro dos nossos impostos e desviando verbas em causa própria, tendo as ideologias de seus partidos como panos de fundo para suas maracutaias.

Somos apenas otários-úteis, conquistados e ridicularizados discretamente no meio podre dessas facções políticas! Já está mais do que comprovado que políticos são corporativistas e quando a causa é própria, esquecem diferenças ideológicas e unem-se para aprovar seus privilégios.

E o pior é vermos esses eleitores fanáticos com bandeiras nas mãos, gritando palavras de ordem ultrapassadas e arrebanhando adeptos para causas que não são e jamais serão suas.

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Um comentário:

  1. Muito bom esse grito, estamos mesmo precisando de um "tapa no rosto" para ver se reagimos. Gosta da contundência expressada aqui.
    Parabéns.
    Abraço

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