O processo de identificação de uma oportunidade não é tão difícil. Difícil mesmo é ter a coragem de nos aproximarmos dela para olhá-la um pouco mais de perto e, se for o caso, abraçá-la. No entanto, são tantas as causas que fazem com que não tenhamos coragem que é difícil enumerá-las. São experiências passadas, mágoas, indecisão compulsiva e uma série de outras, mas há uma especialmente complexa: a do boicote inconsciente. Estranho este termo, não? Qual ser humano "normal" (entre aspas) poderia desejar, mesmo que inconscientemente, a infelicidade em detrimento da felicidade?
Na verdade essas pessoas não desejam a infelicidade, mas rejeitam a oportunidade de serem felizes quando esta vai privá-las de um outro bem ou prazer maior, mesmo que mórbido ou qualquer outro patológico. Como este prazer foge das convenções filosóficas ou sociais que definem felicidade, as pessoas o escondem dos outros e de si mesmas, mas mantém inconscientemente o desejo de senti-lo e o medo de perdê-lo. Desta forma, cada chance de felicidade é rejeitada, pois, é muito mais fácil ser exigente com aquilo que ameaça um prazer maior e que já existe (mesmo patológico e inconsciente) do que com um prazer ainda desejado (mesmo que conscientemente desejado).
Por se tratar de um boicote inconsciente, estas pessoas jamais admitirão tal fato, alegando defeitos e incompatibilidades, intensificando tanto suas justificativas ao ponto de desqualificarem a oportunidade e tudo aquilo que estiver ligado a ela. E quando questionada, dirá que encontrou outra oportunidade muito melhor de ser feliz. Isto porque nesta outra, poderá manter oculto seu principal prazer.
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