domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Maria, rogai por nós pecadores

Em primeiro lugar, quero me solidarizar com os pais, amigos e parentes dos mais de 230 mortos (a maioria jovens) da casa noturna em Santa Maria, RS. A morte trágica sempre deixa profundas sequelas psicológicas, principalmente nos familiares. Se é motivo de comoção para nós que nos abalamos apenas vendo e ouvindo notícias, imaginem para parentes e amigos. Enfim,  é uma situação de difícil empatia. Só o tempo e a justiça poderão reduzir a dor da perda, embora sem trazer de volta os que lá pereceram.

Não havia alvará dos bombeiros e a casa funcionava de maneira irregular sem saídas de incêndio, ou seja, falha e responsabilidade da prefeitura local. Não quero crucificar ninguém porque não conheço detalhes das leis e não sei se o Corpo de Bombeiros teria autoridade para lacrar a casa, mas creio que possa apenas notificar. Acredito que essa tarefa seja de responsabilidade da prefeitura que tem a missão de aprovar o funcionamento e fiscalizar. Teve "jeitinho" brasileiro para que a casa, mesmo irregular, estivesse em pleno funcionamento? Não sei e não quero culpar ninguém antes de concluírem as investigações, mas independentemente do motivo que iniciou o incêndio, seja o sinal luminoso no teto inflamável ou uma bituca de cigarro caída no chão, não havia saída de emergência... e ponto!

Tentando tirar algo de positivo desse trágico e triste acontecimento, vimos Tarso Genro triste, Dilma chorar e uma grande comoção popular na qual me incluo. O que será que acontece conosco? Por que somente fatos trágicos e inesperados como esse conseguem nos sensibilizar? Por que nosso raciocínio é tão limitado e não conseguimos enxergar tragédias diárias diluídas no tempo e no espaço?

No Brasil, perto de 288 pessoas morrem por dia por homicídios (uma a cada 12 minutos), além de 96 crianças de até um ano de idade (uma a cada 15 minutos), ou seja, uma tragédia e meia de Santa Maria por dia, sem contar as mortes nos corredores dos hospitais, das que perecem aguardando consultas médicas do sistema público de saúde, e por aí vai. Envolvem segurança, saúde e educação, três segmentos fortemente prejudicados por desvios e roubos do dinheiro público.

O ministro Dias Toffoli do Supremo disse que a corrupção não é crime de sangue e por isto achava que as penas dos envolvidos no caso do mensalão estavam sendo duras demais. Quando bilhões de reais são anualmente desviados pela corrupção no Brasil, os grandes prejudicados são a segurança, a saúde e a educação. Em função dessa falta, aumentam os índices de criminalidade, de crianças e jovens drogados e de óbitos nas diversas áreas da saúde. Corrupção é ou não crime de sangue, ministro? Ou para o senhor são apenas aqueles em que o sangue escorre pelo chão?

Nós eleitores deveríamos ser condenados à prisão como cúmplices, todas vezes que considerássemos aceitável a corrupção praticada por nossos políticos preferidos. Sim, somos cúmplices de crimes de sangue. Crimes hediondos, por ajudarmos a matar crianças de até um ano e idosos nas filas dos hospitais; responsáveis por homicídios e mortes violentas. Tudo em nome de uma ideologia não muito distante do nazismo dos campos de concentração.

Pai Nosso. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores eleitores, até a hora da nossa própria morte... ou de um de nossos filhos, amigos ou parentes.

Amém!

sábado, 26 de janeiro de 2013

O povo é mais indolente que interesseiro

O Brasil nunca será uma Venezuela por inúmeros motivos, principalmente por causa desses mesmos eleitores que hoje apoiam o governo. A indolência e a desinformação da maioria da população brasileira é uma faca de dois gumes para a prática desse populismo com viés socialista, característico do estilo bolivariano adotado pelo PT.

O gume favorável dessa faca para o governo está no fato de que o povo menos esclarecido e menos politizado representa a grande maioria dos eleitores que o apoia. Uma parte dessa maioria é representada pelos que ainda se encontram maravilhados e agradecidos com sua ascensão à classe média; a outra dos que assistiram a ascensão desses seus concidadãos, mas estão na fila para ascendê-la porque ainda se encontram na fase de suprir suas necessidades higiênicas. Para todos eles, pouco importa se o governo está sacrificando investimentos e aumentando sua dívida interna com o assistencialismo da Bolsa Família, redução de taxas e outras medidas populistas. Aliás, eles nem sabem o que isto significa e muito menos o que provocará no futuro.

O gume desfavorável - aquele que aponta para a barriga do próprio governo - é a constatação de que essa maioria silenciosa que o apoia nas urnas, jamais sairia às ruas para confrontar-se com os mais politizados e esclarecidos a fim de defender esse governo que hoje a adula. Isto porque ela é submissa à ordem pública e é indolente. Vargas, Jânio Quadros e Collor (os dois primeiros, mais populares) já experimentaram testar essa força de mobilização e se deram mal. Brasileiro tem sangue português e não espanhol! A diferença, além de cultural é genética. Aqui, o povo nunca levantará nos braços e reconduzirá ex-presidente nenhum de volta ao poder.

Lula teve boa imagem junto a essas classes porque aproveitou irresponsavelmente a fase da estabilidade econômica e inflação sob controle reinante no país quando assumiu a presidência. Deitou, rolou, torrou dinheiro e fez seu nome junto à população mais carente e menos esclarecida. Dilma pegou o fim dessa inércia econômica favorável, mas como o novo rico desvairado seu antecessor meteu os pés pelas mãos durante 8 anos e a presidente o seguiu por mais dois, esses 10 anos de (des)governo fez com que as reservas fossem detonadas e o país entrasse no cheque especial da dívida pública. Tudo pra bancar o Bolsa família, os subsídios da gasolina e da energia elétrica, as obras e infraestrutura para a Copa do Mundo, Olimpíadas, além de dezenas de outras medidas e ações populistas visando garantir sua reeleição.

Acontece que os termômetros de um país democrático são os índices econômicos, de emprego e dos gastos públicos, hoje  respaldados pela lei da transparência. Esses índices são conferidos e vigiados pela imprensa livre (incluindo a internacional), por entidades de classe e organizações não governamentais. A única forma de evitar o confronto da mentira com a verdade seria o cerceamento da liberdade de informação e expressão, mas isto não acontecerá enquanto valer nossa Carta Magna e existir um Supremo Tribunal Federal. Nem se o governo tiver 100% do Congresso Nacional.

Por essas e outras, só há uma forma da Dilma manter-se com chances para ser reeleita: Se os índices econômicos estiverem favoráveis. E para que isto aconteça, enquanto o Brasil viver em função do capitalismo e da livre iniciativa, as regras deverão ser as do capitalismo e da livre iniciativa. Investindo, controlando a dívida pública, aquecendo a economia e gerando empregos.

Se a inflação e a taxa de desemprego aumentarem, não haverá discurso, maracutaia nas contas do governo e nem BNDES capaz de apagar o pavio dessa bomba. Só abandonando essa estratégia tupiniquim de "golpe à prestação" e tomando o poder de uma vez por todas. Mas pra fazer isso, Dilma vai ter que ter saco roxo e disposição pra morrer. Atributos mínimos necessários pra confirmar sua "boa" fama de guerrilheira, mais folclórica que verdadeira.

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Escolher é excluir

Quem se esconde, seja pelo motivo que for - inclusive para preservar sua integridade física - é obrigado a esconder-se também de si mesmo. A realidade não contorna fatos, mas apenas os revela. Como não há esconderijo capaz de esconder-nos emocionalmente de algo ou de alguém, sempre perderemos um pouco ou muito de nós mesmos. Estaremos protegidos temporariamente de uma ameaça real, mas completamente entregues à razão e aos pensamentos, impotentes para decidir sem os referenciais gerados pela convivência plena.

Ao nos privarmos dos relacionamentos do cotidiano, estamos interrompendo ou reduzindo drasticamente as oportunidades que nos são concedidas pela lei da ação e reação, desacelerando o aprendizado e, consequentemente, o nosso processo evolutivo. Ao contrário do que muitos imaginam, a ação e reação não se limita ao dualismo do bom e ruim ou das realidades opostas. O bom e o ruim não são absolutos, mas o aprendizado o é, dentro do seu próprio conceito.

O escritor John Tolkien diz que "aquilo que nós mesmos escolhemos é muito pouco: a vida e as circunstâncias fazem quase tudo." Dentro desse pensamento, se escondidos estaremos reféns de circunstâncias únicas, portanto, limitados em nosso crescimento. Este crescimento não se resume ao espiritual, mas também ao emocional e a todos os outros sentidos da vida.

Já o filósofo Henri Bergson diz que "escolher é excluir". Este pensamento é uma verdade, pois, ao escolhermos deixamos de experimentar o que foi excluído, mas muitas vezes essas exclusões podem ser momentâneas ou aparentes. Isto porque nossos sonhos e esperanças escondem muitas verdades que seriam notadas se fôssemos mais pragmáticos em nossas escolhas, mas há um paradoxo entre o sonho, a esperança e o pragmatismo. Ninguém escolheria viver sem sonhos e sem esperanças.

Enfim, a liberdade ainda é o maior presente do ser humano, mas ela nunca será plena. A plenitude está no viver plenamente as nossas escolhas. Escolhas estas que sempre permitirão reavaliações e re-escolhas. Tudo dependerá do que entendemos por felicidade e do que vale a pena fazer em nome dela.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O mundo ainda será um só

O mundo será um só quando um grupo qualquer, mais forte que os outros, aniquilar seus oponentes em nome de seu deus, de sua ideologia ou de seus interesses.

O mundo será um só quando descobrirem que aquele deus das escrituras ou amórfico da ciência e até o inexistente do ateísmo, sempre foi igual ao que "creou" - ou não - o tudo a partir de um nada inexplicável.

O mundo será um só quando todas as ideologias - experimentadas ou não - morrerem de inanição pela falta de fome de poder e dinheiro; pela falta de líderes e liderados.

O mundo será um só quando notarem que a expansão do Universo, o novo dia, o brotar das sementes e o nascer das flores continuarão indiferentes à vontade do homem, ao seu orgulho pretensioso, infundado e inútil.

O mundo será um só quando restar apenas um ser humano, nem derrotado nem vitorioso; sem ter que lutar por razões; sem referências de certos e errados ou de melhor e pior.

O mundo finalmente será melhor, quando este único ser que restou - suicida em potencial - executar sua única e derradeira vontade.

E a expansão do Universo, o novo dia, o brotar das sementes e o nascer das flores continuarão indiferentes à vontade desse ser (in)pensante que um dia existiu.
(Petrus Falcin)

domingo, 6 de janeiro de 2013

Soldadinhos de chumbo

A Constituição de 1988 foi concebida para evitar abusos que permitissem levar o país a uma nova ditadura, fosse ela de esquerda ou de direita. No entanto, o PT está utilizando brechas democráticas para acabar com a democracia e com a livre iniciativa, tentando implantar seu "projeto", à revelia das aspirações contrárias da população ordeira - porém sem consciência política - do país. Para isto conta com o apoio dos partidos da aliança, principalmente do PMDB, gigolô de todo esse processo e, paradoxalmente, o mesmo partido de Ulysses Guimarães que tanto lutou para promulgar a mais democrática Constituição que este país já teve. Sem o PMDB o PT seria apenas um "partido grande", mas sem a maioria que assina embaixo. E assim, o PMDB há mais de 10 anos vem traindo a nação e enxovalhando a sua própria história.

Com mensalões e outras coisas do gênero - que ainda não foram descobertas - para aumentar o poder econômico partidário, aliados ao discurso fácil iniciado por Lula, à Bolsa-Família, ao empreguismo e projetos populistas, o PT está comendo a democracia pelas bordas e nos impondo seu projeto e - repito - com a inestimável ajuda do PMDB.

O PT se recusa em chamar as concessões de privatização, não por dissimulação ou para não dar braço a torcer à oposição como muitos pensam, mas para conseguir cobrir a falta de competência e o dinheiro que sai em cascata para seus projetos populistas, projetos estes secundários para o Brasil, porém, prioritários para seu plano maquiavélico de se eternizar no poder. O PT chama de concessões porque sabe que serão temporárias, pois, "vingando seu projeto original", será apenas uma questão de "canetar" e retomar para o estado, como fazem a Bolívia e a Venezuela.

A criação de estatais também faz parte do projeto de de centralização do poder econômico, ou seja, totalitarismo com máscara de socialismo. Serve de cabide de empregos para que seus homens-chaves (no duplo-sentido), como num campo de batalha, se posicionem estrategicamente nos territórios conquistados.

Planozinho stalinista tupiniquim, coisa que não se poderia esperar melhor em se tratando de uma esquerdazinha retrógrada, saudosista e fora de moda, completamente despreparada, que ignora os poderes da informação e da união dos países democráticos deste século XXI. Com o dedo mínimo e sem nenhum esforço, toda essa palhaçada irá ruir, como já está ruindo. Pena mesmo é o país estar perdendo tanto dinheiro, tanto potencial e tanto tempo com essa esquerda amadora formada por soldadinhos de chumbo, feitos do mesmo material dos anos dos quais escaparam ilesos.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O orgulho e a fraqueza de dizer sim ou não

O Poeta francês Pierre Reverdy escreveu: "É o orgulho que nos leva a dizer não e a fraqueza, sim. A serenidade pode dizer ambas as coisas sem paixão." Embora eu concorde com a segunda afirmação da frase sobre dizer ambas sem paixão e com serenidade, eu diria que o orgulho e a fraqueza podem nos levar a dizer tanto o sim quanto o não e citar exemplos seria desnecessário e enfadonho. É só pensar um pouquinho. Quantas vezes já deixamos de escolher um desafio por medo (fraqueza) e dissemos NÃO? E quantas já dissemos SIM para uma pessoa ou situação apenas para nos fortalecermos perante outra (orgulho)?

Vejo muitas pessoas que após haverem dito "sim" para alguém ou para uma determinada situação, terem se arrependido e o mesmo acontecido após terem dito "não" para uma outra. Quantas vezes já não ouvimos alguém (ou nós mesmos) dizer que precisa aprender a dizer não? E por que esse alguém não diz que precisa aprender a dizer tanto o sim quanto o não? A diferença entre os dois é que sempre conheceremos apenas os desdobramentos do sim. Ilusão achar que a vida está polarizada em apenas duas escolhas e que não pode haver espera ou até mesmo um "sim" ou um "não" condicionais.

A verdade é que muitas pessoas deixam de ser felizes por orgulho e fraqueza, tanto dizendo sim como dizendo não. No entanto, é muito mais fácil aprender a chegar à humildade e à sabedoria pelo caminho da fraqueza do que do orgulho. Como o ferro nas mãos do ferreiro, é mais fácil a vida moldar com o fogo do amor o fraco do que o orgulhoso rijo na frieza de sua soberba.