quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Pesquisas: a imprensa interpreta resultados como ela quer.

Há muito tempo venho falando sobre pesquisas de opinião e continuarei batendo na mesma tecla por muito tempo. Quando saem pesquisas do IBOPE ou de quaisquer outros institutos, assistimos a um festival de besteiras nas chamadas dos jornais. Em primeiro lugar eles "pinçam" resultados parciais, normalmente favoráveis ao governo que os sustenta e os estampam em suas manchetes. Praticam a desinformação tendenciosa.

Pesquisa é estatística e estatística é a ciência das probabilidades. Grandes empresas usam métodos de amostragem para aprovar seus produtos com 99% do que chamamos de certeza estatística. Nenhuma empresa arriscaria colocar seus produtos na praça por meio de testes estatísticos se eles não fossem confiáveis e representativos.

Cito dois bons exemplos recentes: a última pesquisa do IBOPE sobre o governo Dilma e a enquete da Rádio CBN feita em parceria com a CONECTA (IBOPE) e que eles chamam de pesquisa, mas na realidade não é.

PESQUISA IBOPE: Manchetes e Primeiras Linhas

O Globo / Jornal Nacional: "A avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff subiu quatro pontos percentuais desde o mês passado, segundo uma pesquisa do Ibope divulgada nesta sexta-feira (13)."

Folha: "Avaliação de Dilma continua em recuperação, aponta pesquisa"

Estadão: "CNI/Ibope: Avaliação positiva do governo Dilma aumenta para 43%"

Se formos a fundo nessa últma pesquisa, veremos que há inúmeros dados significativos de desaprovação do governo Dilma, principalmente nos segmentos educação (58%), saúde (72%) e segurança (70%). Esses ítens não são destacados pela imprensa e muito menos explorados em suas matérias complementares às manchetes. Pesquisa na íntegra: clique aqui

Mesmo os índices de aprovação, se traçarmos uma reta de tendência estatística, a queda de sua popularidade está longe de ser considerada como revertida, pois, ainda não há dados estatisticamente significativos que possam confirmar uma reversão. Considerando os valores apontados desde as pesquisas de março, veremos que as retas de tendência ainda apontam queda. O mesmo acontece com o que chamam de "Índice de Confiança na Presidente".

Já no caso da CBN/IBOPE/CONECTA a coisa é pior ainda. Os resultados da enquete de uma rádio não podem ser extrapolados para a população brasileira como eles estão fazendo. Não foram poucas as vezes que ouvi o âncora Milton Jung dizer tantos "% dos brasileiros" aprovam, desaprovam ou coisa que o valha. No máximo, essa enquete mostra o perfil do ouvinte da CBN. Enquetes não têm valor estatístico algum, mas apenas curiosidades pontuais. Não há amostragem, distribuição e nem significância estatística para conclusões em nível nacional.

A pergunta é: Por que os veículos de comunicação NUNCA entrevistam pessoas formadas em estatística para avaliar essas pesquisas?

O pior de tudo é que estamos entrando em ano eleitoral e os néscios e incautos se deixarão levar por essas manchetes incompletas e tendenciosas sobre os resultados das pesquisas de opinião.

A boa notícia que poderá mudar muita coisa daqui pra frente é a chegada no Brasil da GFK, empresa de pesquisa alemã: (Revista Veja) "A GfK, empresa alemã que fará frente ao Ibope na medição da audiência da TV brasileira, assinou contrato nesta segunda-feira com quatro emissoras abertas: SBT, Band, RedeTV! e Record. O contrato, rateado entre elas, é de mais de 100 milhões de reais e tem validade de cinco anos. A medição deve ter início em 2015. A GfK usará o ano de 2014 para organizar sua operação no país, com a contratação de cem funcionários. A empresa promete trabalhar com uma amostra de painéis eletrônicos instalados em 6.000 domicílios, espalhados por 15 cidades. São Paulo, a maior delas, concentrará também o maior número de residências com painéis, 1.600. Depois, vem o Rio com 920, Belo Horizonte com 390, Porto Alegre com 330, Curitiba e Distrito Federal com 300, Salvador e Recife com 290, Fortaleza e Florianópolis com 240, e Campinas, Goiânia, Vitória, Belém e Manaus, com 220. Como a medição só começa em 2015, ainda há tempo para a Globo aderir ao serviço. Se a emissora carioca não assinar com a GfK, no entanto, seus programas constarão dos relatórios do instituto, mas ela não terá acesso a eles."

Que Deus nos ajude, pois, a imprensa há muito tempo já decidiu quem ela vai ajudar.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A Herança Maldita - Marco Antonio Villa

Sou atrevido, mas não um idiota. Fazer vocês perderem tempo com meu comentário sobre o texto de Marco Antonio Villa seria burrice e ainda correria o risco de, no máximo, conseguir chover no molhado. Vale a pena ler este retrato do petismo e da enrascada em que nos meteram. Isso vale também - ou principalmente - para o PMDB, a meretriz do congresso que sempre assinou e continua assinando embaixo.


A HERANÇA MALDITA

O lulismo vai deixar sinais indeléveis no Estado brasileiro. E, pelo visto, deve permanecer no poder até, no mínimo, 2018. Inexiste setor do Estado em que não tenha deixado sua marca. A eficácia na tomada do aparelho estatal é parte de um projeto de manietar o país, de controlar os três poderes.

O grande empresariado foi se transformando em um dos braços do Estado. A cada dia aumentou sua dependência dos humores governamentais. Ter uma boa relação com o Palácio do Planalto virou condição indispensável para o sucesso. O empresário se tornou capitalista do capital alheio, do capital público. Para a burguesia lulista, nenhum empreendimento pode ter êxito sem a participação dos fundos de pensão dos bancos e empresas estatais, dos generosos empréstimos do BNDES e da ação direta do governo criando um arcabouço legal para facilitar a acumulação de capital — sem esquecer as obras no exterior, extremamente lucrativas, de risco inexistente, onde a empresa recebe de mão beijada, sem concorrência, como as realizadas na África e na América Latina.

A petrificação da pobreza se transformou em êxito. Coisas do lulismo. As 14 milhões de famílias que recebem o benefício do Bolsa Família são, hoje, um importante patrimônio político. Se cada família tiver, em média, 4 eleitores, estamos falando de 1/3 do eleitorado. A permanência ad aeternum no programa virou meio de vida. E de ganhar eleição. Que candidato a presidente teria coragem de anunciar o desejo de reformar o programa estabelecendo metas de permanência no Bolsa Família?

A máquina do Estado foi inchada por milhares de petistas e neopetistas. Além dos quase 25 mil cargos de assessoria, nos últimos onze anos foram admitidos milhares de novos funcionários concursados — portanto, estáveis. Diversamente do que seria razoável, a maior parte não está nas áreas mais necessitadas. Um bom (e triste) exemplo é o das universidades federais. Foi realizada uma expansão absolutamente irresponsável. Faculdades, campi, cursos, milhares de funcionários e docentes, para quê? Havia algum projeto de desenvolvimento científico? A criação dos cursos esteve vinculada às necessidades econômicas regionais? Foi realizado algum estudo das carências locais? Ou tudo não passou, simplesmente, de atendimento de demandas oligárquicas, corporativas e para dourar os números do MEC sobre o total de universitários no país?

Sem ter qualquer projeto para o futuro, foi acentuado o perfil neocolonial da nossa economia. Vivemos dependentes da evolução dos preços das commodities no mercado internacional — e rezando para que a China continue crescendo. Não temos uma política industrial. O setor foi perdendo importância. O investimento em ciência e tecnologia é ínfimo. A chamada nova economia tem importância desprezível no nosso PIB. A qualificação da força de trabalho é precária. Convivemos com milhões de analfabetos como se fosse um dado imutável da natureza.

A política externa amarrou o destino do Brasil a um terceiromundismo absolutamente fora de época. Nos fóruns internacionais, o país se transformou em aliado preferencial das ditaduras e adversário contumaz dos Estados Unidos. Abandonamos o estabelecimento de acordos bilaterais para fomentar o comércio. Enquanto o eixo dinâmico do capitalismo foi se transferindo para a região Ásia-Pacífico, o Brasil aprofundou ainda mais sua relação com o Mercosul. Em vez de buscar novas parcerias, optamos por transformar os governos bolivarianos em aliados incondicionais.

Entre os artistas, a dependência estatal foi se ampliando. Uma simples peça de teatro, um filme, um show musical, nada mais é realizado sem que tenha a participação do Estado, direta ou indiretamente. Ter bons relações com o lulismo virou condição indispensável para a obtenção de “apoio cultural”. Nunca na história republicana artistas foram tão dependentes do governo — nem no Estado Novo. E cumprem servilmente o dever de obediência ao governo, sem qualquer questionamento.

O movimento sindical foi apresado pelo governo. Os novos pelegos controlam com mão de ferro “seus” sindicatos. Recebem repasses milionários sem ter de prestar contas a nenhum organismo independente. Não vai causar estranheza se o Congresso — nesta escalada de reconhecer novas profissões — instituir a de sindicalista. A maioria dos dirigentes passou rapidamente pela fábrica ou escritório e está há décadas “servindo” os trabalhadores. Ser sindicalista virou um instrumento de ascensão social. E caminho para alçar altos voos na política.

O filé mignon do sindicalismo são os fundos de pensão das empresas e bancos estatais. Seus diretores — do dia para a noite — entraram no topo da carreira de profissionais do mercado financeiro. Recebem salários e bonificações de dar inveja aos executivos privados. Passam a conviver com a elite econômica. São mimoseados pela burguesia financeira de olho nos recursos milionários dos fundos. Mas ser designado para a direção do Fundo de Amparo ao Trabalhador é o sonho dourado dos novos pelegos.

Em meio a esta barafunda, não causam estranheza o ataque, o controle e a sujeição do Supremo Tribunal Federal à horda lulista. Os valores éticos e republicanos não combinam com sua ação política. Daí a necessidade de aparelhar todas as instâncias do Estado. E colocá-las a seu serviço, como já o fez com o Congresso Nacional; hoje, mero puxadinho do Palácio do Planalto.

Na república lulista, não há futuro, só existe o tempo.

Marco Antonio Villa é historiador


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/a-heranca-maldita-10205276#ixzz2gTlBiT8v

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Dilma na ONU: vergonha de ser brasileiro.

A nossa presidente vai gastar um tempo PRECIOSÍSSIMO na ONU pra  fazer beicinho e envergonhar o Brasil perante o mundo inteiro. Não quero ouvir seu discurso nem sozinho num quarto de portas fechadas. Como se já não bastasse termos de ouvir internamente, aqui no Brasil, as sugestões tupiniquins de seus assessores da área de comunicações que com alguns bilhões em softwares e equipamentos os e-mails dos nossos governantes estarão seguros contra uma eventual espionagem de outros países. Que a localização física/geográfica se um servidor da internet garante a posse dos dados nele contidos. Santa ignorância!

Essa mistura de ingenuidade e ignorância técnica com alienação e fanatismo ideológico só pode dar nisso: expor o Brasil mundialmente ao ridículo e transformá-lo em motivo de piadas. Mistura de revolta e vergonha de ser governado por um partido que cheira mofo, trancado no armário do tempo, recheado de carunchos e teias de aranha.

Não perderei muito tempo para escrever de novo sobre esse negócio de espionagem, mas apenas dar um copy/paste abaixo do último post que fiz sobre o tema:

ESPIONAGEM - GOD BLESS BRAZIL COM "Z"

O FATO
É óbvio que ninguém fica feliz de ser espionado e trata-se de invasão de privacidade. Embora a gente brinque aqui no grupo, independentemente do mandatário do governo, a espionagem é uma prática que fere a soberania de qualquer país e é inadmissível. Quando a constatação se torna pública, como no caso do Brasil por meio do ex-técnico da CIA, há necessidade de ações diplomáticas pedindo esclarecimentos formais. Se isto não for feito, a omissão e o silêncio resultarão numa espécie de consentimento implícito e volto a dizer que isto independe de quem esteja no poder do país espionado.

A REALIDADE - I
Existe uma prática que se chama empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outra pessoa, tentando enxergar e avaliar a situação sob a perspectiva dessa outra e o mesmo vale para o caso de países. Entre nações, essa prática não elimina a necessidade de se tomar as medidas diplomáticas em relação ao FATO e elas devem ser tomadas. No entanto, a empatia servirá para avaliar e corrigir eventuais desvios nos posicionamentos diplomáticos do país espionado. Embora a hipocrisia seja muito comum no âmbito da diplomacia (sim... hipocrisia mesmo), ela deve ser deixada de lado para que o país possa rever SINCERAMENTE sua política de relacionamento com outras nações.

A REALIDADE - II
O mundo político-econômico de hoje está polarizado nos EUA/Reino Unido/aliados e na China/Rússia/aliados. Alemanha e França, embora normalmente apoiem o grupo liderado pelos EUA já mostraram independência em muitas oportunidades e normalmente não assinam embaixo das decisões desse primeiro grupo. A posição do Brasil do PT sempre foi ANTI-AMERICANA, apoiando incondicionalmente todas as posições do segundo grupo, nunca se preocupando em ser coerente com sua constituição democrática que difere de todas as outras desse segundo grupo. Embora não fosse necessário citar, é bom lembrar do apoio quase incondicional brasileiro, principalmente ao Irã, à Cuba, à Venezuela e Bolívia, países que, além de absolutamente anti-americanos, adotam políticas repressivas e contrárias às liberdades de expressão, de imprensa e das minorias. Ditaduras explícitas e implícitas.

A LÓGICA - I
Internamente e baseado em seus apoios, está mais do que provado que o PT tende à implantação de um regime totalitário. Isto porque não há meio termo para os que se simpatizam com a falta de liberdade de imprensa ou de expressão e não existe meia liberdade. O Brasil só não é hoje uma Rússia, Cuba, Venezuela ou Bolívia DE FATO porque o PT ainda não conseguiu alterar nossa Carta Magna, mas o politburo brasileiro está trabalhando fortemente para que seja rasgada e refeita segundo seus princípios comunocráticos.

A LÓGICA - II
Os EUA, diante do antiamericanismo brasileiro declarado e de suas posições comunistas também declaradas, considera o Brasil um INIMIGO muito mais do que potencial, mas REAL. O PT ODEIA os americanos, sua presidente terrorista fez parte do grupo que sequestrou embaixador americano Charles Burke Elbrick em 1969 durante a ditadura militar. Se os petistas pudessem espionar os americanos - e também nada indica que não faça, exceto suas limitações intelectuais e tecnológicas - certamente o estariam fazendo. Diante disto, os EUA têm toda a razão - embora não o direito - de espionar o Brasil 24 horas por dia, pois, ele representa uma AMEAÇA ao governo americano e à população daquele país. Empaticamente, se eu fosse presidente dos EUA, estaria fazendo a mesma coisa, ou quem sabe pior. Um presidente não governa para si e seu partido, mas tem responsabilidade com a vida e segurança dos MILHÕES que representa.

O FUTURO
Já está mais do que provado que o PT governa totalmente imerso e envolvido com suas mágoas do passado e não está nem aí com o nosso país. Sua prioridade absoluta é a vingança, nem que isto custe a vida  - e já está custando - de milhões de brasileiros que deixam de receber de volta os bilhões dos extorsivos impostos que pagam em forma de saúde, segurança e educação. A tal da "ideologia" é apenas um pano de fundo, como se, mesmo assim, uma ideologia idiota pudesse justificar a destruição de um país que tem tudo para ser uma das grandes potências econômicas e humanísticas mundiais.

E DIANTE DO INEVITÁVEL, COMO DIZ UM DOS ÍCONES PETISTAS...
... relaxemos e gozemos. Pedimos que o presidente Obama nos envie por baixo do pano os frutos da espionagem americana e vamos fazer do limão uma limonada. Nos ajude com provas para tirar essa quadrilha que tomou o Brasil de assalto. Deixe "vazar" para a imprensa mundial algumas correspondências que mostrem a SORDIDEZ desses corruptos para que possamos chutá-los definitivamente do poder.

Inventem um delator foragido, mas que escreva com a sua mão mais conservadora.

sábado, 21 de setembro de 2013

O procurador que ainda não achou.

O novo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, não é a favor do pedido de prisão dos mensaleiros condenados, nem agora e nem quando o acórdão dos infringentes for publicado, mesmo sabendo que a alteração da pena de formação de quadrilha não livrará alguns réus da cadeia. Sabemos que, como leigos, não podemos entrar muito a fundo em coisas complexas da justiça, porém não se trata de discutirmos o que não conhecemos, mas de coisas que sabemos melhor do que muitos juristas renomados: conhecer pessoas. Para conhecer pessoas e seus estilos não precisamos ser psicólogos ou formados em psiquiatria.

Segundo prevê a Constituição Federal, o procurador-geral da República deve sempre ser ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal. O procurador-geral da República também pode promover Ação Direta de Inconstitucionalidade e ações penais para denunciar autoridades como deputados federais, senadores, ministros de Estado e o presidente e o vice-presidente da República. Além disso, pode propor perante o STJ ação penal, representação para intervenção nos Estados e no Distrito Federal e a de federalização de casos de crimes contra os direitos humanos.

O que não vimos até agora foi o novo procurador Janot se manifestando mais contundentemente sobre o caso do mensalão e isto é MAU SINAL. Todas as suas declarações sobre a ação penal 407 limitaram-se a contrariar decisões ou manifestações dos ministros que condenaram os réus, atuando quase como um advogado de defesa. Sabemos que como constitucionalista ele deve ver sempre os dois lados, mas ainda está devendo falar de um deles: o da pertinência da ação de seu antecessor Gurgel. Será que ele não se sensibilizou em nada com esse roubo histórico dos cofres públicos? Com nenhuma das inúmeras provas apresentadas? Ele é chefe do Ministério Público ou mais um representante do governo em pele de cordeiro para livrar a cara  dos condenados amigos da presidente Dilma e do PT? Quem ele está representando e quem deveria representar? Não dá nem pra dar uma "disfarçadazinha"?

Já sabemos que INDISCUTIVELMENTE existe uma bancada tecno-política majoritária do governo no Supremo Tribunal Federal, mas lá pelo menos ainda temos 5 juízes a favor do povo.

O problema é que Procurador Geral da República, só existe UM.

Vamos ter que chamar o Chapolin Colorado?

Leia também: "Um procurador que sabe achar"

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Venceu mais uma vez a impunidade. Puta novidade!

Faltou Celso de Mello citar Matusalém e evocar Enoque para justificar os embargos infringentes. Começou após o descobrimento, passou pela idade média, pelo nosso império, pelo século XIX, XX e ignorou o século XXI. Citou até a República Bolivariana da Venezuela em um de seus exemplos!

Como 4 votos vencidos podem invalidar um julgamento e exigir outro, a justiça agora no STF será feita como no futebol, pelo placar. Quem tiver só 3 votos se ferra. Isonomia perneta, coisas de Brasil. Justiça vergonhosa, contaminada, lerda, ineficiente e seletiva. Direitos fundamentais garantidos apenas para os amigos dos poderosos e para os que têm advogados milionários, pagos com dinheiro que é fruto, direta ou indiretamente, de seus próprios crimes, no caso da Ação 470, com o nosso dinheiro.

Razão tinha o falecido Saulo Ramos quando bateu o telefone na cara desse ministro indicado por José Sarney, quando o mesmo confessou ter votado contra no julgamento de um recurso desse mesmo ex-presidente para contrariar a publicação da Folha de S. Paulo. Reproduzo o diálogo do livro do jurista Saulo Ramos (“Código da Vida” da editora Planeta, página 170):

Na Consultoria (Saulo foi Consultor Geral da República no governo Sarney) eu contava com a colaboração do secretário-geral, o jovem promotor público de São Paulo, José Celso de Mello Filho, requisitado para prestar serviços à Presidência. Talento inegável. Eis que surgiu mais uma vaga no STF.Sarney já havia nomeado Carlos Madeira, Sepúlveda Pertence e Paulo Brossard. Indiquei Celso de Mello, mas o ministro Oscar Correia queria Carlos Velloso. Eu venci.

Mais adiante, na página 169/170, Saulo Ramos conta que tão logo Sarney saiu da presidência, decidiu mudar o domicílio eleitoral para o Amapá e o caso foi parar no STF. A Corte estava naquele momento em recesso. Leia o que conta o ex-chefe do ministro Celso de Mello e seu padrinho político na indicação para o Supremo:

O ministro Celso de Mello, meu ex-secretário na Consultoria Geral da República, me telefonou:
- O processo do presidente será distribuído amanhã. Em Brasília só estamos eu e o marco Aurélio, primo de Collor. Não sei como ele votará.
Celso de Mello concordou com a tese de que era indiscutível a matéria de fato, isto é, a transferência do domicílio eleitoral no prazo da lei. Até porque não se pode confundir domicílio civil e domicílio eleitoral.

 O caso foi distribuído para Marco Aurélio, que liminarmente beneficiou Sarney. No livro, o desfecho é contado deste modo:

Veio o dia do julgamento do mérito pelo plenário, Sarney ganhou, mas o último a votar foi o ministro Celso de Mello, que votou pela cassação da candidatura do Sarney.

De qualquer modo, Celso de Mello foi voto vencido, mas Saulo Ramos demonstrou perplexidade:

Ele não teve sequer a gentileza, ou habilidade, de dar-se por impedido. Votou contra o presidente que o nomeara, depois de ter demonstrado grande preocupação com a hipótese de Marco Aurélio ser o relator.

Apressou-se ele mesmo [o ministro Celso de Mello] a me telefonar, explicando:
- Doutor Saulo, o senhor deve ter estranhado o meu voto.
- Claro ! O que deu em você ?
- É que a Folha de S. Paulo, na véspera da votação, noticiou que o presidente tinha os votos dos ministros e enumerou vários nomes, inclusive o meu. Quando chegou a minha vez, notei que ele já tinha vencido e votei para desmentir a Folha de S. Paulo. Mas fique tranquilo, poque se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do presidente.
- Espere um pouco,. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha noticiou que você votaria a favor ?
- Sim.
- E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou a sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele ?
- Exatamente. O senhor entendeu ?
- Entendi. Entendi que você é um juiz de merda !
Bati o telefone e nunca mais falei com ele. 
Nossa última instituição "FOI-SE COM O MARTELO" do ministro Celso de Mello e trupe da bancada petista. Navegamos em linha reta com destino à Ilha de Cuba. Fique quem quiser e salve-se quem puder!

Venceu mais uma vez a IMPUNIDADE. Perdemos nós, os PALHAÇOS de sempre.


Marco Antonio Villa: o STF nunca foi um defensor dos direitos dos cidadãos.


Min. Celso de Mello: convincente na hora do voto. Pura encenação.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ministro Celso de Mello: justiça ou ego?

Assim disse o excelentíssimo ministro do STF Celso de Mello, detentor do voto minerva da próxima quarta-feira, numa reportagem da Folha de São Paulo:

"Todo recurso demanda a formulação de dois juízos. Um preliminar, se é cabível ou não. Se for cabível, aí depois você vai julgar o mérito e dizer se o recurso tem ou não razão. Entender cabível não significa que se vá acolher o mérito", disse o ministro à Folha. "Da maneira que está sendo veiculado dá a impressão que o acolhimento vai representar absolvição ou redução de pena automaticamente, e não é absolutamente nada disso", afirmou. Mello disse ainda que não se sente pressionado, no julgamento, pela opinião pública e destacou que a decisão de um ministro é "solitária" e "eminentemente pessoal".

Nossa preocupação não é essa, caro ministro Celso de Mello. O povo está menos preocupado com a absolvição ou redução das penas do que com a protelação do julgamento e da institucionalização da impunidade. O povo está querendo entender, como um Regimento Interno antiquíssimo pode superar uma lei posterior que elimina (ou ao menos não prevê) a aceitação de embargos infringentes. Vou reunir o pessoal da minha rua e fundar o Clube dos Espertinhos da Vila, criar uma diretoria e aprovar um Regimento Interno para não pagar impostos e permitir crimes. O que o STF pensa que é? Uma instituição que está acima da lei? Deuses do Olimpo que não se submetem à constituição e criam suas leis internas de abrangência nacional sem passar pelo Congresso?

O povo está de saco cheio de acompanhar essas melancólicas sucessões de absurdos na Corte Máxima que mostra uma estatura abaixo da mínima. Somos leigos e não temos notório saber jurídico, mas isto não nos transforma em idiotas que não percebem existir uma bancada petista comandada pelo ministro revisor Lewandowsk, seu comandado Toffoli e recentemente engordada com os mauricinhos faladores Teori Zavascki e o "novato" Rolando Lero Barroso. Essa tropa de choque pseudo-legalista tem um propósito claro que extrapola o pleno direito de defesa e atinge a absurda ilegalidade protelatória.

Seu jeito de lidar com o que chama de justiça, caro ministro Celso de Mello, está bem fundamentado na história, num relato horripilante do jurista Saulo Ramos e tudo indica que o fato se repetirá por ser uma questão de estilo. Relembro o triste fato:

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Relata Saulo Ramos...

O ministro Celso de Mello, meu ex-secretário na Consultoria Geral da República, me telefonou:

- O processo do presidente será distribuído amanhã. Em Brasília só estamos eu e o marco Aurélio, primo de Collor. Não sei como ele votará.

Celso de Mello concordou com a tese de que era indiscutível a matéria de fato, isto é, a transferência do domicílio eleitoral no prazo da lei. Até porque não se pode confundir domicílio civil e domicílio eleitoral.

O caso foi distribuído para Marco Aurélio, que liminarmente beneficiou Sarney. No livro, o desfecho é contado deste modo:

Veio o dia do julgamento do mérito pelo plenário, Sarney ganhou, mas o último a votar foi o ministro Celso de Mello, que votou pela cassação da candidatura do Sarney.

De qualquer modo, Celso de Mello foi voto vencido, mas Saulo Ramos demonstrou perplexidade:

- Ele não teve sequer a gentileza, ou habilidade, de dar-se por impedido. Votou contra o presidente que o nomeara, depois de ter demonstrado grande preocupação com a hipótese de Marco Aurélio ser o relator.

A partir daqui, vai o que consta da página 170:

- Apressou-se ele mesmo a me telefonar, explicando:

- Doutor Saul, o senhor deve ter estranhado o meu voto.

- Claro ! O que deu em você ?

- É que a Folha de S. Paulo, na véspera da votação, noticiou que o presidente tinha os votos dos ministros e enumerou vários nomes, inclusive o meu. Quando chegou a minha vez, notei que ele já tinha vencido e votei para desmentir a Folha de S. Paulo. Mas fique tranquilo, poque se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do presidente.

- Espere um pouco,. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha noticiou que você votaria a favor ?

- Sim.

- E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou a sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele ?

- Exatamente. O senhor entendeu ?

- Entendi. Entendi que você é um juiz de merda !

Bati o telefone e nunca mais falei com ele.

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E daí, ministro? Vai votar contra o povo das ruas e contra os jornais para mostrar independência ou vai optar pela justiça? Taí uma excelente oportunidade de amenizar esse seu triste passado.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Espionagem - God Bless Brasil com "z"

O FATO
É óbvio que ninguém fica feliz de ser espionado e trata-se de invasão de privacidade. Embora a gente brinque aqui no grupo, independentemente do mandatário do governo, a espionagem é uma prática que fere a soberania de qualquer país e é inadmissível. Quando a constatação se torna pública, como no caso do Brasil por meio do ex-técnico da CIA, há necessidade de ações diplomáticas pedindo esclarecimentos formais. Se isto não for feito, a omissão e o silêncio resultarão numa espécie de consentimento implícito e volto a dizer que isto independe de quem esteja no poder do país espionado.

A REALIDADE - I
Existe uma prática que se chama empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outra pessoa, tentando enxergar e avaliar a situação sob a perspectiva dessa outra e o mesmo vale para o caso de países. Entre nações, essa prática não elimina a necessidade de se tomar as medidas diplomáticas em relação ao FATO e elas devem ser tomadas. No entanto, a empatia servirá para avaliar e corrigir eventuais desvios nos posicionamentos diplomáticos do país espionado. Embora a hipocrisia seja muito comum no âmbito da diplomacia (sim... hipocrisia mesmo), ela deve ser deixada de lado para que o país possa rever SINCERAMENTE sua política de relacionamento com outras nações.

A REALIDADE - II
O mundo político-econômico de hoje está polarizado nos EUA/Reino Unido/aliados e na China/Rússia/aliados. Alemanha e França, embora normalmente apoiem o grupo liderado pelos EUA já mostraram independência em muitas oportunidades e normalmente não assinam embaixo das decisões desse primeiro grupo. A posição do Brasil do PT sempre foi ANTI-AMERICANA, apoiando incondicionalmente todas as posições do segundo grupo, nunca se preocupando em ser coerente com sua constituição democrática que difere de todas as outras desse segundo grupo. Embora não fosse necessário citar, é bom lembrar do apoio quase incondicional brasileiro, principalmente ao Irã, à Cuba, à Venezuela e Bolívia, países que, além de absolutamente anti-americanos, adotam políticas repressivas e contrárias às liberdades de expressão, de imprensa e das minorias. Ditaduras explícitas e implícitas.

A LÓGICA - I
Internamente e baseado em seus apoios, está mais do que provado que o PT tende à implantação de um regime totalitário. Isto porque não há meio termo para os que se simpatizam com a falta de liberdade de imprensa ou de expressão e não existe meia liberdade. O Brasil só não é hoje uma Rússia, Cuba, Venezuela ou Bolívia DE FATO porque o PT ainda não conseguiu alterar nossa Carta Magna, mas o politburo brasileiro está trabalhando fortemente para que seja rasgada e refeita segundo seus princípios comunocráticos.

A LÓGICA - II
Os EUA, diante do antiamericanismo brasileiro declarado e de suas posições comunistas também declaradas, considera o Brasil um INIMIGO muito mais do que potencial, mas REAL. O PT ODEIA os americanos, sua presidente terrorista fez parte do grupo que sequestrou embaixador americano Charles Burke Elbrick em 1969 durante a ditadura militar. Se os petistas pudessem espionar os americanos - e também nada indica que não faça, exceto suas limitações intelectuais e tecnológicas - certamente o estariam fazendo. Diante disto, os EUA têm toda a razão - embora não o direito - de espionar o Brasil 24 horas por dia, pois, ele representa uma AMEAÇA ao governo americano e à população daquele país. Empaticamente, se eu fosse presidente dos EUA, estaria fazendo a mesma coisa, ou quem sabe pior. Um presidente não governa para si e seu partido, mas tem responsabilidade com a vida e segurança dos MILHÕES que representa.

O FUTURO
Já está mais do que provado que o PT governa totalmente imerso e envolvido com suas mágoas do passado e não está nem aí com o nosso país. Sua prioridade absoluta é a vingança, nem que isto custe a vida  - e já está custando - de milhões de brasileiros que deixam de receber de volta os bilhões dos extorsivos impostos que pagam em forma de saúde, segurança e educação. A tal da "ideologia" é apenas um pano de fundo, como se, mesmo assim, uma ideologia idiota pudesse justificar a destruição de um país que tem tudo para ser uma das grandes potências econômicas e humanísticas mundiais.

E DIANTE DO INEVITÁVEL, COMO DIZ UM DOS ÍCONES PETISTAS...
... relaxemos e gozemos. Pedimos que o presidente Obama nos envie por baixo do pano os frutos da espionagem americana e vamos fazer do limão uma limonada. Nos ajude com provas para tirar essa quadrilha que tomou o Brasil de assalto. Deixe "vazar" para a imprensa mundial algumas correspondências que mostrem a SORDIDEZ desses corruptos para que possamos chutá-los definitivamente do poder.

Inventem um delator foragido, mas que escreva com a sua mão mais conservadora.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Os otários úteis do Sete de Setembro

Muitos se encontram frustrados com as ruas no sete de setembro, eu não! Excluindo-se os baderneiros e Black Blocks, os que saíram às ruas foram os que protestaram civilizadamente e os cidadãos que homenagearam o Brasil. Nossa nação está muito acima dos corruptos e ideólogos desequilibrados que tomaram de assalto o governo e usufruem de um poder absolutamente temporário, condição estabelecida pela Constituição brasileira.

Essa ausência dos outros milhões de brasileiros que saíram às ruas em junho, ao contrário do que muitos pensam (ou gostariam de pensar), não se trata de arrefecimento do sentimento de revolta contra essa bandalheira política ou aumento de aprovação governamental. Foi por RECEIO ou MEDO, como queiram. Pessoas pacíficas não enfrentam baderneiros profissionais orquestrados por ideologias sejam elas políticas ou filosóficas, orientadas por manuais de guerrilha urbana.

E esses NÃO BRASILEIROS que queimaram o símbolo maior da nossa Pátria, trocando-o pelo vermelho da ignorância e da pequenez de espírito, graças à ausência dos VERDADEIROS BRASILEIROS, foram expostos para o Brasil e para o mundo, mostrando a todas as pessoas de INTELIGÊNCIA MEDIANA e acima dela, que representam apenas uma minoria desequilibrada, ignorante e irresponsável.

Quando houver outra explosão VERDADEIRA do inconsciente coletivo nas ruas, ela não será encomendada e muito menos terá data marcada.

Banana pra vocês, seus trouxas!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Espionagem ou controle? É tudo a mesma coisa!

A matéria de ontem sobre a espionagem americana é a vida imitando o cinema ou o cinema prevendo o futuro? Amenizando os exageros da ficção, os filmes 2001 Uma Odisséia no Espaço de Stanley Kubrick e 1984 (Nineteen Eighty-Four)produzido naquele ano e baseado no livro de George Orwell escrito em 1940, foram considerados devaneios futuristas quando produzidos. Não vou aqui entrar em detalhes sobre as obras e quem não assistiu aos filmes ou leu os livros vale a pena fazê-lo.

No caso do filme de Kubrick, algumas previsões ainda não se concretizaram, mas muitas delas a tecnologia aeroespacial certamente já realizou. No caso do livro/filme 1984, sem entrar no mérito das previsões ideológicas da oligarquia implantada das três "nações" hegemônicas, o lado da constante vigilância na vida dos cidadãos e dos governos, falsificação de documentos públicos, influência na literatura e na educação entre outras ações coercitivas, representam muito bem o caminho que a humanidade está trilhando.

É óbvio que a espionagem é algo repugnante, independentemente dos motivos que possam alegar, mas hoje há uma distância enorme entre o direito à privacidade e a realidade que presenciamos e maior ainda daquela que não temos conhecimento. Mas será que existe um divisão clara entre mocinhos e bandidos nessa história? Só os EUA espionam ou só eles tem um Edward Snowden para delatar suas ações de espionagem?

Se isto é certo ou errado é uma outra discussão, mas acreditar que a Rússia, Inglaterra, Alemanha, China, França, Israel e outras potências não fazem o mesmo ou coisa muito parecida é acreditar em papai noel. O mundo inteiro está mapeado pelos satélites e o que a Google mostra no Google Earth e StreetView é numa resolução de brincadeirinha de criança. Não duvidem se a verdadeira arma de visualização por satélites permitir leitura labial.

O que fazer eu não sei, pois, trata-se de um pepino para toda a população do Planeta sair às ruas, mas sinceramente, não vai adiantar absolutamete nada.

sábado, 24 de agosto de 2013

Pesquisa de opinião: Dilma reverteu o quadro desfavorável?

Antes de mais nada quero fazer uma afirmação: estatística é coisa séria, suas fórmulas têm base científica (teorias probabilísticas) e merece credibilidade. Trabalhei algum tempo nesse segmento e posso dizer que é uma forma prática e rápida de obtermos informações confiáveis, importantes e decisivas. É muito utilizada na economia, biologia, engenharia, geologia, psicologia e outras ciências. Pesquisas de opinião utilizam os mesmos fundamentos matemáticos da estatística.

O problema das pesquisas de opinião está muito mais na forma de interpretá-la e divulgá-la do que nas suas prováveis manipulações. Não há como abordar todos os mitos e variáveis que banalizaram essa ciência, mas vou tentar apontar alguns dos principais.

EU COMO UM FRANGO INTEIRO E VOCÊ NÃO COME NADA, PORTANTO, EU E VOCÊ COMEMOS MEIO FRANGO CADA UM: Pessoas que usam essa frase para dizer que a estatística não mostra a realidade estão falando besteira. Isto não é estatística, mas sim média aritimética, coisa bem diferente. Cálculos estatísticos levam em consideração o número de amostras em relação ao total da população, distribuição, testes de significância que determinam aquela famosa margem de segurança para cima e para baixo, entre outros.

MANIPULAÇÃO DOS NÚMEROS: Sim, ela existe. Um partido, por exemplo, pode contratar uma empresa de perquisa não séria para manipular entrevistas, mudar números e mentir para os eleitores. No entanto seria muita ingenuidade acreditar que os partidos adversários prejudicados não fizessem pesquisas sérias para desmoralizar os falsificadores. Se houver uma diferença muito significativa, essa empresa mal intencionada será facilmente desmascarada, como já aconteceu em várias oportunidades.

IMPRENSA: É aqui que começam a aparecer os princpais problemas. Manchetes nos jornais podem influenciar no aumento da tendência se estiverem mal intencionados. Um percentual, seja ele positivo ou negativo, pode crescer ou reduzir de acordo com o destaque que é dado pela imprensa e cito as recentes pesquisas sobre a popularidade da presidente Dilma como exemplo.
PESQUISA DE MARÇO
Ótimo/Bom: 63%
Regular: 29%
Ruim/Péssimo: 7% 
PESQUISA DE JUNHO
Ótimo/Bom: 55%
Regular: 32%
Ruim/Péssimo: 13% 
PESQUISA DE JULHO
Ótimo/Bom: 31%
Regular: 37%
Ruim/Péssimo: 31% 
PESQUISA DE AGOSTO
Ótimo/Bom: 38%
Regular: 37%
Ruim/Péssimo: 24%

Exemplo de manchetes que influenciam tendências, dependendo do enfoque


Para não me alongar, pois, analisar todos esses números exigiria muitas páginas, na imagem acima dou exemplos de manchetes que causam impactos completamente diferentes nas tendências (pesquisas futuras) utilizando os mesmos números. Apesar do resultado de agosto ter sido maior, se traçarmos uma linha de tendência (consegue-se facilmente isto utilizando uma planilha Excel), veremos que, ESTATISTICAMENTE, a popularidade de Dilma PERMANECE EM QUEDA e AINDA não há base estatística para dizer que a curva foi revertida.

Portanto, é muito importante avaliar pesquisas de maneira menos superficial, olhando todos os números e prestando atenção nas manchetes das fontes de informação. Leiam análises, comentários e cheguem às suas próprias conclusões SEM ACREDITAR no que lê nas manchetes dos jornais.

O governo despeja muito dinheiro em anúncios para acreditarmos no primeiro veículo de comunicação que aparece.

O melhor veículo para conhecer a verdade ainda é o seu raciocínio.

domingo, 11 de agosto de 2013

De filho pra pai e de pai pra filho

Como pai e sendo hoje o dia que nos deram, sinto-me com liberdade para dizer abertamente o que eu sinto, numa difícil e delicada tentativa de equilibrar a emoção de ser pai e avô com o pragmatismo do ato da concepção, instinto que perpetua a espécie humana.

Emocionalmente como pai e sem jamais ter deixado de pensar como filho, posso hoje mais do que nunca dizer que é uma emoção única, assim como é única, diferente e incomparável a emoção de ser avô. Meus filhos sabem que eu os amo e meu pai também sabia, cada um do seu jeito. Meu netinho talvez ainda não compreenda amor num significado que os adultos há muito tentam - sem sucesso - racionalizar, mas certamente sente do jeito dele que eu o amo, ou gosto dele, não importa... isso é coisa que não se mede e crianças não perdem muito tempo com essas bobagens de significados.

Pragmaticamente como gerador auxiliar de existências humanas, o sentimento de posse dos pais vai gradativamente diminuindo com o tempo. Geramos filhos para o mundo e do mundo eles são. É por meio desse desejo ou sentimento de posse que a natureza impõe aos pais as noções de responsabilidade para com os seus filhos, pois, o ser humano é egoísta e cuida melhor daquilo que cosidera seu. No entanto, assim como é anormal a infantilidade da criança não reduzir à medida que ela cresce, também é anormal não reduzir o sentimento de posse dos pais que envelhecem.

Antes de tentar educar seus filhos, ame-os primeiro!

Três frases que deixo neste dia para que nós, pais e filhos, pensemos juntos:
- "A nascente desaprova quase sempre o itinerário do rio." (Jean Cocteau)
- "Se não se tem um bom pai, é preciso arranjar um." (Nietzsche)
- "Eduque-o como quiser; de qualquer maneira há-de educá-lo mal" (Sigmund Freud)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ministros do STF: A Constituição é um meio e não um fim.


Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988:

"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil."

Enquanto a constituição americana recebeu 27 emendas em 200 anos, nossa Carta Magna já foi alterada, aviltada e remendada, recebendo mais de 70 emendas desde que foi promulgada, há 25 anos. Este é um reflexo, não do povo, mas da falta de representatividade dos partidos e dos políticos que elegemos e essa falta de representatividade se reflete, com raríssimas exceções, na escolha de nossos ministros representantes do Supremo Tribunal Federal.

Escreveu Victor Hugo em "Os Miseráveis": "O direito é a justiça e a verdade. O característico do direito é conservar-se perpetuamente puro e belo. Esta luta entre o direito e o fato dura desde a origem das sociedades. Terminar o duelo, amalgamar a ideia pura com a realidade humana, fazer penetrar pacificamente o direito no fato e o fato no direito, eis o trabalho dos sábios."

Só se forma essa amálgama que une o fato ao direito e vice-versa com o elemento da consciência do espírito de justiça, essência subjetiva do preâmbulo constitucional, mas necessária quanto a Constituição permite duas ou mais interpretações. A busca pela verdade não está restrita aos tecnocratas da lei, pois, justiça antes de tudo é um sentimento e leis não são expressões matemáticas. Diante disso, o sentimento coletivo pode não ser o melhor juiz, mas certamente é o melhor termômetro de uma decisão.

Um dos grandes benefícios promovidos pelo mensalão foi o de fazer o povo aproximar-se mais do Supremo Tribunal Federal e entender que há sim influências políticas na corte máxima e que essas influências relativizam o conceito de justiça. Utilizo parte de uma frase de Gilmar Mendes quando se referiu às corregedorias para dizer que "até as pedras sabem" para me referir às tendências de Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, baseando-se em suas entrevistas quando escolhidos para ocupar as duas cadeiras do STF. Antes mesmo de mergulharem seus cérebros nos processos do mensalão, fizeram declarações que não deveriam ter feito (atos falhos?). É o mínimo que se espera de "juízes imparciais" (redundância?) diante de processos importantes e polêmicos. Zavascki alertou para o risco de “banalização” da figura penal da formação de quadrilha e disse que muitas vezes o mais apropriado seria enquadrar os réus como coautores de crimes. Já Barroso disse que o julgamento do mensalão foi "um ponto fora da curva" e que a Corte "endureceu" no caso. Duas bolas de caçapas cantadas.

Enfim, a tecnocracia pode dar retaguarda legal para decisões, mas não há lei que impeça o julgamento e a subida da temperatura do termômetro popular. Ministros do supremo não são deuses, são funcionários pagos com dinheiro público, ou seja, nosso dinheiro. Esses dois senhores não estão lá para representar correntes ideológicas e a si próprios ou expressar suas vaidades em saberes juridicos em relação aos de Joaquim Barbosa. Estão lá para promover a igualdade e a justiça no país.

Para as interpretações constitucionais, Nietzsche tem uma frase perfeita: "Os leitores extraem dos livros, consoante o seu caráter, a exemplo da abelha ou da aranha que, do suco das flores, uma retira o mel e a outra o veneno."

Constituição é um meio e não um fim.

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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O PT é Madre Teresa de Atuclac

A humanista Madre Teresa de Calcutá quando era convidada para uma passeata CONTRA a guerra, dizia que só participaria se a ela fosse A FAVOR da paz. É a mesma coisa? Não... há uma grande diferença estar contra e a favor. Sutil, mas há. Quando a gente está contra algo acaba se perdendo, dividindo o esforço e fugindo do objetivo mais nobre.

Dilma ontem numa entrevista informal, quando perguntaram o que ela achava da valorização do dólar e do crescimento de 1,7 a 1,8 dos EUA, disse que ela acredita que o Brasil terá um crescimento muito mais robusto que eles com os nossos (!?) 2,2 ou 2,5 previstos. O que será que a dona Dilma entende por robustez? Ser 7º do mundo no PIB e 84º no Índce de Desenvolvimento Humano, antepenúltimo da América Latina, atrás de países como o Chile (44º no ranking), Argentina (45º), Uruguai (48º), Cuba (51º), Bahamas (53º), México (57º), Panamá (58º), Antígua e Barbuda (60º), Trinidad e Tobago (62º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º), Jamaica (79º), Peru (80º), e Equador (83º)

É impressionante a falta de bom senso nesse estilo lulista de fazer política da Dilma, ou mais especificamente, de reproduzir as palavras daquele que está nos bastidores e que nunca saiu da presidência, segundo ela mesma. Para o PT, estar contra os EUA é mais importante do que a favor de uma vida digna para os brasileiros. Como eu disse, é uma questão de foco... de objetivo, coisa que o PT nem faz ideia do que seja.

O PT não consegue e não sabe ser a favor de nada. A única especialidade dele é ser contra. A comissão da Verdade não é a favor da verdade, mas contra o governo militar; implantar o bolivarianismo não é ser a favor do comunismo, mas ser contra os EUA; apoiar o governo ditador do Irã e da Coreia do Norte não é ser a favor da soberania desses países, mas de ser contra os opressores do hemisfério norte; liberar verbas para seus aliados não é ser a favor de melhorias para o povo, mas de lutar contra a oposição... e por aí vai.

Enfim, o negócio do PT é ser contra porque não sabe fazer outra coisa. E nessa obstinação de ser contra, incluiu o povo brasileiro e sua dignidade mínima de ser humano. O povo está sendo usado para seus objetivos globais, como massa de manobra. É o PT contra o mundo e contra ele mesmo.

Madre Teresa de Calcutá às avessas.

Complemento com o comentário de hoje cedo do Carlos Sardenberg "Crescer 2% com inflação de 6% é pouco para o Brasil": clique

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Simplicidade é sentir não precisar

Cada dia que passa eu me convenço mais de que a simplicidade é o caminho mais curto para a felicidade, ou de prolongar seus momentos. Mas não basta se desfazer de bens ou deixar de consumir. O "não precisar ter" é um sentimento individual que se adquire ao longo da existência, conforme as experiências de vida. Ninguém precisa ser convencido ou impulsionado por dogmas, filosofias ou religiões. É preciso não precisar; é preciso sentir não precisar. Começa-se percebendo que assumimos muitas responsabilidades que não deveríamos ter, simplesmente porque as criamos e nos convencemos de que são responsabilidades nossas. Temos de estar cientes de que seremos cobrados pela família e pela sociedade por nossa aparente "irresponsabilidade", mas se tivermos certeza desses valores que adquirimos, essas cobranças não representarão nenhum risco às nossas certezas. Isto não é uma opção, mas um ajuste sereno e consciente em nossa ordem de valores.
"Põe de lado os estudos e não conhecerás o sofrimento. Põe de lado a erudição, afasta a sabedoria e o povo será cem vezes mais beneficiado. Põe de lado a benevolência e afasta a retidão e o povo te pagará com dever filial e amor fraternal. Põe de lado o artifício, afasta o lucro e não haverá mais bandoleiros e ladrões. Mantém-te na simplicidade, restringe o egoísmo e refreia os desejos." (Lao-Tse)
Recomendo lerem a matéria "Conheça homens e mulheres que optaram por uma vida mais simples"

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domingo, 28 de julho de 2013

O conservadorismo dos religiosos, dos agnósticos e dos ateus.

Falam do conservadorismo da igreja em determinados assuntos, mas qual religião não é conservadora se pensarmos que TODAS se mantém fiéis às suas escrituras dos séculos ou milênios passados? Qual não mantém a imagem de um Deus sentado num trono com o dedo em riste apontado para os pecadores? Que só perdoa quando Lhe é dirigido um pedido de perdão, mesmo que não seja sincero? Como se aceita que um Deus, exemplo de tolerância e bondade, fraterno e piedoso, fechando o Mar Morto sobre os egípcios, matando todos os cavalarianos do seu exército? Por que nunca foi crime matar os "inimigos de Israel"? Por que se usa até hoje a frase "temer a Deus" ao invés da "respeitar a Deus"?" Metáforas e parábolas permitem adequações para os novos tempos. Não se conserva o espírito conservando palavras e interpretações milenares como prova de respeito. A maior prova de respeito a Deus é fazer com que Ele ou o seu significado sejam claramente entendidos. Ao contrário do que muitos pensam, as religiões não são universalmente monoteístas, mas monoteístas apenas dentro de suas próprias religiões, com seu próprio Deus.

Portanto, os humanos ainda são politeístas, como os antigos egípcios antes de Amenófis IV ou Aquenaton. A grande prova disso é que as palavras tolerância, fraternidade e humanismo, embora tenham significados únicos e sejam pregadas por TODAS as religiões, assumem significados diferentes quando são pregadas pela concorrência. Em resumo, paradoxalmente, só o meu Deus é o verdadeiro, só a minha religião tem a verdade; só minha religião pode ser fraterna e humanista. E assim caminha a humanidade, cada vez mais egoísta, mais dividida em castas religiosas e menos universalista.

Não sou católico, sou agnóstico. Ao contrário do que muitos pensam, agnóstico não é sinônimo de ateu. O agnóstico acredita numa energia ou força maior, amórfica e despersonificada. No entanto, mesmo agnóstico, entendi perfeitamente a mensagem do Papa Francisco e a recebi com alegria. Não me preocupa o fato de representar a Igreja Católica, mas sim o que ele quis dizer. Se ele "vendeu" a imagem da Igreja, pouco me importa porque continuarei agnóstico e sem religião. Mas tenho que reconhecer que ele discursou para 110 milhões de brasileiros, 57% da população. Como ignorar a importância desses milhões? Como ignorar a influência de palavras encorajadoras, fraternas e humanistas para mais da metade da população brasileira? Como ignorar a convocação de jovens para derrubarem barreiras de intolerância e ódio e "construírem mundo novo" ou que os jovens "muitas vezes se desiludem com notícias que falam da corrupção...". Pede para que "nunca desanimem, nunca percam a confiança. Não deixem que se apague a esperança, a realidade pode mudar. O homem podem mudar. Procurem ser vocês os primeiros a procurar o bem”.

Eu ouvi o coração do Francisco. Um homem que representa uma religião ainda muito conservadora, mas que tenta fazer o seu papel, inclusive o de melhorar a imagem da própria igreja por meio de exemplos pessoais e ações político-administrativas que buscam deixá-la mais coerente com aquilo que prega. Falta muito, sei que falta. Mas já é um começo e iremos acompanhar.

Vá com Deus, irmão Franciscano, e obrigado! Que venham líderes de TODAS as outras religiões pregando amor e fraternidade em linguagem ecumênica, sem deslizes. Que não aceitem fazer parte de tramas políticas e que não se deixem ser usados, mantendo-se firmes em seu propósito de levar um pouco mais de espiritualidade para um mundo cada vez mais egoísta e materialista. A Casa do PAE não só tem várias moradas, como vários caminhos do bem. Como disse Mahatma Gandhi, "as verdades diferentes na aparência são como inúmeras folhas que parecem diferentes e estão na mesma árvore."

E para as religiões, a frase do escritor e poeta irlandês Jonathan Swift:
"Nós temos religiões suficientes para nos odiarmos, mas não a que baste para nos amarmos uns aos outros."

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A inequação da felicidade

Após algumas tentativas infrutíferas, algumas pessoas desistem da felicidade, passando a admiti-la apenas como um evento isolado, não esperado ou aleatório, que dependeria mais de circunstâncias do que de vontade própria. Eu me refiro à felicidade não pontual e não àquela do bem ou do objetivo conquistado que chamamos de alegria. Quando o poeta Carlos Drummond de Andrade disse que "Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade", certamente não quis dizer que só um bobo pode ser feliz, mas que a felicidade é um sentimento que envolve tantas variáveis de plenitude que é impossível relacioná-las e atingi-las uma a uma para só depois então ser feliz. Em resumo a felicidade não permite engenharia reversa ou análise inversa. Felicidade sente-se no momento.

Quem é mais vivido pode perceber isto mais claramente ao rever o seu passado. Notará que em seus melhores momentos de felicidade, certos quesitos que um dia estabeleceu ainda não haviam sido conquistados e, mesmo assim, sentia-se feliz. Por mais que tentasse não conseguiria montar algum tipo de equação com as variáveis daqueles momentos, pois, além daquele emprego ou atividade, além da vida a dois, além do lugar, das pessoas e dos amigos, haviam elementos imponderáveis do sentimento, como as intensidades do desejo, da vontade e da esperança. A felicidade só pode ser maior, menor ou igual à minha própria felicidade.

Na verdade, além de desejarmos muito, não nos preparamos adequadamente nem para o mínimo que desejamos. Não somos vítimas de nada além dos nossos próprios desejos e dos nossos conceitos de felicidade. Vítimas das nossas maiores e menores expectativas. Vitimas de nós mesmos.

"Se analisares a ti mesmo sem parcialidade, serás forçado a admitir que aqueles bens que tens por desejáveis e preciosos te serão inúteis se previamente não te preparares e não isolares o condicionalismo que o acompanha." (Sêneca)

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domingo, 21 de julho de 2013

Direita ou esquerda? Filosofia ou pragmatismo?

Não é uma crítica, mas um desafio aos antigos pensamentos sobre ideologias, direita e esquerda. Vejo que muitos ainda se mantém dentro das visões simplistas de direita e esquerda; de socialismo, de comunismo e outros "ismos". Eu acho que hoje não há mais espaço para o radicalismo se quisermos um país mais igualitário, ou seja, sejamos menos simplistas ou filosóficos e mais pragmáticos. A pergunta não é se devemos estatizar ou privatizar, mas sim O QUE estatizar ou privatizar. Já está mais do que provado que os governos não são bons administradores de nada que vise lucros. Por outro lado, o mundo já se cansou da destruição promovida pelo capitalismo selvagem (digo do selvagem e não do capitalismo em si), o do lucro a qualquer preço social. Os ordeiros e pacíficos que estão saindo às ruas são pragmáticos e não querem nem saber de direitas ou esquerdas. O ser humano e a seriedade no trato do dinheiro público vêm antes da ideologia.

Para quem tem a mente aberta, recomendo a leitura desse texto de Bolívar Lamounier. A matéria saiu numa revista Exame de 1996, mas é atualíssima.

Direita e esquerda
As ideologias ainda têm a sua serventia. Mas já não há lugar para a utopia
(Bolívar Lamounier)

Seja por hábito, seja por razões mais ponderáveis, parece que estamos cada vez mais retornando aos termos esquerda e direita para designar políticos e partidos. Quando pensamos na sucessão, falamos em Maluf pela direita, Fernando Henrique pelo centro, Lula pela esquerda. Os partidos de esquerda de tempo em tempo cogitam se reunir num grande partido... de esquerda. Mas afinal: as ideologias morreram ou não morreram? Direita e esquerda ainda são conceitos válidos, após a queda do Muro de Berlim?

O nunca assaz louvado Norberto Bobbio, grande filósofo italiano, escreveu recentemente que os conceitos de direita e esquerda permanecerão válidos enquanto as sociedades humanas continuarem dilaceradas por conflitos pela redistribuição da renda e da riqueza; ou seja, terão vida longa, se é que não são eternos. Já em 1964, 25 anos antes de Berlim, o antropólogo americano Clifford Geertz havia também escrito um ensaio extraordinário contra a tese do "fim das ideologias". Em síntese, ele dizia que é errado ver as ideologias somente pelo lado negativo, isto é, como visões simplistas, fanatismos ou tapas que os ignorantes utilizam para se sentir confortáveis com sua própria obtusidade. Simplificar elas simplificam, mas o importante, segundo Geertz, é que elas também funcionam como "mapas cognitivos", ou seja, como conjuntos estruturados de interpretações e símbolos sem os quais nenhuma coletividade poderia compreender o seu próprio ambiente, a sua história, os problemas que enfrenta e por que deve ou não deve se contrapor a outras coletividades. Nesse sentido, as ideologias não morrem porque sempre haverá milhões de indivíduos precisando entender as diferenças sociais e a sua própria identidade, isto é, a que parcela pertencem e o que os distingue de outras parcelas.

E aí, como ficamos? O pensar ideológico é bom ou ruim? As ideologias morreram ou não morreram? Não é uma questão simples. Se tivesse de optar, confesso que ficaria um pouco com a tese de Geertz e bem menos com a de Bobbio. Entendidas como referenciais coletivos, as ideologias provavelmente continuarão existindo, e não são necessariamente como um fenômeno negativo, visto que expressam a pluralidade dos interesses e valores da sociedade, e servem como orientação para os diferentes grupos. Já a distinção entre direita e esquerda parece ter perdido praticamente todo o sentido que carregou desde a sua origem (a Revolução Francesa), passando pela formulação das grandes utopias socialistas, durante o século XIX, até encontrar a sua hora da verdade, com o recente colapso das economias planejadas do Leste Europeu.

Claro, não posso fazer uma afirmação desse tamanho sem oferecer um argumentozinho sequer que a sustente. Meu argumento é que os conceitos de esquerda e direita eram inseparáveis de certa pretensão de conhecer o futuro. Este é que é o busílis. O que desabou junto com o Muro de Berlim não foi apenas o modelo de socialismo engendrado pela revolução soviética de 1917 ou apenas o intervencionismo econômico exacerbado que inventamos na América Latina. Foi sobretudo a filosofia da história subjacente à distinção entre esquerda e direita, isto é, a suposição de que as pessoas (ou os partidos e movimentos políticos) poderiam ser divididas em 2 categorias nitidamente separadas. De um lado, os "progressistas": aqueles que supostamente detinham o conhecimento do futuro; de outro, os "reacionários": aqueles que não tinham acesso a esse conhecimento. De um lado, os que trabalhavam ativamente para apressar o advento de um futuro melhor; de outro, os que não podiam fazer isso, por ignorância ou por interesse. Assim entendida, não há dúvida de que a distinção entre esquerda e direita se tornou vazia, ou francamente mistificadora.

Como fica, então, a sugestão de Geertz, de que certos "mapas cognitivos" sempre existirão e podem ser até muito úteis? Esta seria uma pergunta-chave, se resolvêssemos fazer uma reforma partidária de verdade. Como os termos esquerda e direita hoje dizem muito pouco, quem quiser comunicar efetivamente uma visão do mundo ou uma opção programática terá de ser mais específico: diga, por exemplo, qual deve ser o papel do Estado na economia, fale em preferências e prioridades, seja claro sobre os recursos com os quais pretende financiar os seus projetos.

Use e abuse do direito de especular sobre os destinos do mundo, para consumo próprio, mas seja claro ao exprimir suas opções políticas, se tiver o propósito de convencer os seus concidadãos. Se acredita que o Estado deve conservar um papel empresarial ativo, diga isso; se acha que não deve, diga como devemos fazer para que o mercado funcione de maneira realmente competitiva e traga mais benefícios que malefícios no tocante à pobreza e à distribuição da renda. Se quiser retomar a idéia de socialismo, diga se gostaria de implantá-lo em conjunto com a democracia representativa, ou com alguma forma ainda não inventada de democracia direta, ou sem democracia nenhuma. E assim por diante, caso a sua preferência seja a social-democracia, o social-liberalismo, o liberalismo tout court ou qualquer outro desses adoráveis rótulos. Mas deixe o longuíssimo prazo para os filósofos do século XIX e para os escritores de ficção científica.

sábado, 20 de julho de 2013

O PT quer negociar o que com quem?

Li na UOL: "Para o deputado federal André Vargas (PT-SP), primeiro vice-presidente da Câmara, a relação do governo com o Congresso deverá dominar boa parte das discussões, assim como os desafios do Planalto para dialogar com os movimentos sociais e angariar apoio em torno do pactos propostos pela presidente nas áreas de educação, saúde, mobilidade urbana, reforma política e responsabilidade fiscal."

Essa insistência do PT e do governo de tentar vasculhar e buscar líderes entre o povo das ruas para elegê-los como representantes e poderem dialogar - quando na verdade querem mesmo é barganhar, comprar e aliciar como fizeram com a UNE, alguns sindicatos e outros grupos vendidos - mostra que a ficha deles não caiu MESMO. Em primeiro lugar, deputado André Vargas, não são MOVIMENTOS SOCIAIS que estão nas ruas, mas sim, MOVIMENTO SOCIAL DO INCONSCIENTE COLETIVO. As reivindicações não são setoriais, mas representam anseios gerais do povo brasileiro e vocês sabem muito bem quais são eles, além dos de mais segurança, educação e saúde.

O problema maior que envolve TODAS essas reivindicações é a CORRUPÇÃO em todas as suas nuances. Copa do Mundo, desvio de verbas públicas, favorecimentos, enriquecimento ilícito, mensalões, cuecas e por aí vai.

Mesmo que encontrassem um grupo que fosse aceito pela grande maioria desses que estão saindo às ruas num movimento pacífico - infiltrados não contam -, o que vocês ofereceriam para negociar? Honestidade gradativa com prazo para atingir sua plenitude em 2020? Metas para a redução da CORRUPÇÃO como as que o governo estabelece para a inflação, ano a ano? Limites de tolerância negociados?

O que o povo está pedindo é TOLERÂNCIA ZERO e HONESTIDADE JÁ. E nada de enterrar o passado e ZERAR a dívida. Todos os casos devem ser punidos e só se admite zerar o HOJE EM DIANTE, mesmo assim isto fica na dependência de vocês políticos. No entanto esse dia zerado está longe de acontecer, pois, cada dia que abrimos os jornais aparece um fato novo da velha e já arraigada corrupção no meio político. Só muda o jeitão da doença, mas o câncer caminha firme em sua metástase progressiva, a despeito da quimioterapia das ruas.

E como essa maioria consciente das ruas e das redes sociais cresce exponencialmente, chegará o momento em que ela mesmo dará conta dos bandidos e infiltrados que tentam descaracterizá-la, mesmo porque embora não pareça, ainda há mais cidadãos de bem no Brasil do que bandidos como a maioria dos políticos.

domingo, 14 de julho de 2013

Medo da sombra do meu eu

"Como contato praticamente permanente com a lógica surgiu-me um sentimento que nunca antes eu experimentara: o medo de viver, o medo de respirar. Com urgência preciso lutar porque esse medo me amarra mais do que o medo da morte, é um crime contra mim mesmo. Estou com saudade de meu anterior clima de aventura e minha estimulante inquietação. Acho que ainda não caí na monotonia de viver."

(...)

"Quem sabe — quem sabe se o que é certo está exatamente no erro? Se é verdade, quantos "erros" frutíferos eu perdi. Isso contraria tudo o que aprendi e tudo o que a sociedade humana me ensinou. Por medo do erro, eu me abastardei. Para evitar o erro, eu nada de grande ousei. Eu, de pé na rua, faço sombra no chão. A minha sombra é o meu avesso do "certo", a minha sombra é o meu erro — e esta sombra-erro me pertence, só eu a possuo em mim, eu sou a única pessoa no mundo que calhou ser eu. Tem pois o direito adquirido de ser eu? E quero agora meus erros de volta. Reivindico-os."

(Clarice Lispector - Um Sopro de Vida)

COMENTÁRIO

A aventura, sem dúvida, reduz o medo ou ao menos o esconde, mas é impossível se estabelecer limites para a aventura. Ou se parte pra ela de vez ou se permanece no medo, pois a busca por limites é que alimenta a falta de coragem. Clarice fala em lutar contra o que ela chama de crime contra ela mesma. Fala da saudade da coragem de se aventurar. Uma espécie de moto perpétuo do pensamento, em que se tem saudade de sentir vontade. Mas é a recusa de cair na monotonia do viver e de não aceitar essa falsa sensação de segurança na qual a mesmice nos induz a acreditar que nos dá coragem de lutar para evitar esse crime contra nós mesmos. O de nos anularmos.

Por outro lado, a aventura nos expõe ao erro. Mas "quem sabe se o que é certo está exatamente no erro?" O que seria de nós sem os erros que modelam a nossa alma? Quem evita o erro não se aventura e nem ousa; quem não ousa, não erra. E só há aventura lá fora, na luz direta ou translúcida do Sol. "Eu, de pé na rua, faço sombra no chão. A minha sombra é o meu avesso do 'certo', a minha sombra é o meu erro"

Sou um ser único e nenhuma outra sombra pode representar os meus erros; nenhuma outra sombra é igual à minha. Contém os erros que me pertencem e me acompanham na luz do sol, mas que antes se camuflavam na escuridão do meu refúgio. Eu me aventuro e saio da clausura. "E quero agora meus erros de volta. Reivindico-os."

A vitória nas urnas em 2014 será inglória

Nascimento do novo homem pós-guerra - Salvador Dali
Caiu a ficha? Não, a ficha ainda não caiu para os políticos que estão no poder e muito menos para os candidatos de 2014. Os milhões que saíram às ruas desestabilizaram o governo, contaminaram outros cidadãos menos informados da política e se não houvesse uma resposta, pequena que fosse (e foi), este movimento continuaria crescendo assustadoramente aos olhos da nação e do mundo. Não, não é exagero e só considera exagero os acomodados e os políticos que, em pânico, rezaram e rezam para que o brasileiro volte àquela sua condição de esquecido e omisso escrita em quase todas as passagens da história do Brasil, desde os tempos do império. Os andarilhos sem rosto e de causas genéricas voltaram pra casa, mas continuam mobilizados nas redes sociais. Como bem disseram dois professores de ética e direito constitucional numa entrevista na Globo News, a partir dessa primeira manifestação, se esses milhões se irritarem de novo, em algumas horas estarão nas ruas outra vez. E como os políticos já queimaram boa parte da munição estocada (arquivamento da PEC-37, proibição de parentes como suplentes e enterro do plebiscito), desta vez o pânico entre eles será ainda maior.

Dentro desse quadro de crescimento das minorias conscientes, quem ganhar em 2014 levará a taça, mas não a garantia de quatro anos de sossego. Mesmo que o(a) candidato(a) ganhe com 70% dos votos, essa minoria apartidária em franco desenvolvimento continuará aumentando suas fileiras, não só nesses 70 como nos outros 30%. O povo (demo) de minoria consciente é que garantirá a estabilidade do governo (kracia). A democracia desses novos tempos será o governo da maioria quantitativa que vota, garantido por essa minoria qualitativa crescente que sai às ruas. Os discursos de palanque poderão até continuar decisivos numa eleição, mas serão ineficazes durante os quatro anos de governo dos eleitos.

O momento é propício para candidatos ficha-limpa e que representem o desejo de renovação dos eleitores, mas esses candidatos até agora, a pouco mais de um ano das eleições, ainda não apareceram. A chance desses políticos que até agora foram apresentados como candidatos convencerem essa minoria qualitativa é muito pequena porque todos eles, de um jeito ou de outro, estão marcados, seja pela ficha suja ou pelos processos que têm, mesmo que ainda não julgados. Os políticos, além de deverem muito em seus atuais mandatos, estão longe de oferecer novas esperanças para 2014. O que estão nos oferecendo é a mesmice travestida de novo.

E aproveitando esse quadro renascentista de contrapartida surreal, coloco algumas pulgas atrás das orelhas desses políticos e analistas que se mantém dentro de suas linhas políticas tradicionalmente históricas:
E se essa minoria qualitativa crescente e apartidária resolver sair às ruas no transcorrer da campanha eleitoral?
Ein?


terça-feira, 9 de julho de 2013

Spy x Spy - a vida imitando os quadrinhos

Spy vs. Spy é uma série de quadrinhos criada em 1961 por Antonio Prohias, um cubano radicado nos Estados Unidos. Publicada na revista Mad. A série satiriza a espionagem da Guerra Fria e depois os filmes e séries do gênero, populares a partir da década de 1960. Os personagens são dois espiões idênticos, apenas com a diferença de que um se veste todo de preto e o outro todo de branco, e que vivem um tentando "eliminar" o outro. Não existe qualquer diferença duradoura entre eles, alternando nas tiras o que se dá bem e o que se dá mal. Numa história um deles pode parecer mais esperto, para na seguinte as características se inverterem. O humor nas tiras é centrado nos elaborados esquemas usados por um para eliminar o outro. É a luta do bem contra o mal, só que nenhum dos dois se dá bem.

A única coisa que sempre superou, supera e sempre vai superar o desejo e as ações de espionagem entre nações é a hipocrisia dos que as promovem. Os quadrinhos do cubano Antonio Prohias já mostravam essa realidade na década de 60. Quem inventou a espionagem? Os americanos, os russos, os alemães, os ingleses, franceses, israelenses ou os chineses? Alguém ainda acredita no velhinho anti-capitalista de barba branca que se intromete na data do nascimento de Cristo pra levar presentes de graça às crianças pobres do mundo?

Essa história de espionagem (interna e internacional) tem várias facetas e só os hipócritas acreditam que entre a (i)legalidade, as razões e a moral, prevaleça apenas uma delas. São aqueles que tentam provar só haver dois personagens nessa trama: o bandido e o mocinho ou o assassino e a vítima. O hipócrita, invariavelmente é dualista, mas o interessante é que ele sempre reserva pra ele o papel de bonzinho nessa luta eterna entre o bem e o mal. Essa revolta exagerada do governo brasileiro tem apenas uma finalidade:  desviar o foco do movimento das ruas dos PROBLEMAS REAIS brasileiros.

Não que eu considere que seja correto espionar, ao contrário, a privacidade é um direito de todo cidadão e o estado tem o dever de garanti-la e mantê-la. Seja um simples cidadão ou um país soberano, ambos têm o direito de espernear, gritar e exigir as mais duras penas da lei para o espião. Os motivos para que o espião defenda a legitimidade de suas ações às escuras só valerão para os interessados e sempre serão questionáveis. Como na frase de Romain Rolland: "Ó liberdade, quantos crimes se praticam em teu nome!"

No entanto, questiona-se a hipocrisia do governo PT e PCdoB - principalmente desse último - que sempre se autodenominou democrata, a favor dos direitos à liberdade de expressão e de imprensa, da igualdade religiosa de direitos para brancos e afrodescendentes, para gays, lésbicas e todas as nuances presentes nas sociedades pluralistas e modernas, mostra contradições mastodonticamente maiores que suas pretensões igualitárias. Apóia incondicionalmente o Irã e seus crimes contra a mulher; a China e seus controles internos sistemáticos contra a liberdade; vai a favor de Cuba e contra Yoani Sánchez, nunca tendo se manifestado contra essas ações que diz lutar a favor no Brasil. É hipocrisia ou não é? Como funcionam os serviços de inteligência brasileiros? Esperam pacientemente a assinatura do juiz antes de bisbilhotarem a vida dos cidadãos? Quais os grandões que já foram penalizados no Brasil por quebra de sigilo e privacidade, como no caso do caseiro Francenildo na era Palocci e outros tantos, incluindo os dos falsos dossiês? Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço?

Acontece que o governo brasileiro nos trata e nos enxerga como ele gostaria que fôssemos: IGNORANTES, PARTIDÁRIOS INCONDICIONAIS, CEGOS, SURDOS e MUDOS, e não como realmente somos. Esse movimento de milhões de apartidários que saíram às ruas e que representam o inconsciente coletivo de uma nação inteira, cansada e desiludida com o governo e com os políticos, continua sendo visto como algo manipulável e que será esquecido. Estão esperando o que? Uma guerra civil dolorosa para todos em prol de uma ideologia MORTA, que já fez muitas vítimas e que ninguém mais aceita, à exceção dos saudosistas e teimosos?


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Adeus às ilusões ou até breve?

Muitos dizem saber diferenciar a realidade da ilusão, mas eu não acredito nisso. Podemos até tentar prever uma desilusão em termos de probabilidades, mas só se descobre mesmo uma ilusão depois de ter acontecido. Na maioria das vezes a esperança nos deixa cegos. Assim como um texto que escrevemos, quanto mais perfeitos nós o considerarmos, mais passaremos por cima dos nossos erros de gramática e concordância. A diferença é que para gramática e concordância existem regras, e pra resolver o problema é só contratar um revisor. Mas como revisar esperanças avaliando erros do passado que podem muito bem não repetir ou então ouvindo argumentos ou conselhos de outras pessoas? Até que ponto uma outra pessoa pode ser empática conosco (colocar-se em nosso lugar), com as mesmas esperanças e imaginações que nos alimentam?

Como disse Marquês de Maricá, "sem as ilusões da nossa imaginação, o capital da felicidade humana seria muito pequeno e limitado", ou seja, que graça teria viver uma vida inteira aplicando nosso capital da felicidade em ações de baixa rentabilidade, sem arriscar nadinha em atitudes mais desafiadoras?

Dentro desse pensamento eu ousaria discordar em parte desse, como sempre, lindo pensamento de Fernando Pessoa:
"Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos. Atingirás assim o ponto supremo da abstenção sonhadora, onde os sentimentos se mesclam, os sentimentos se extravasam, as ideias se interpenetram. Assim como as cores e os sons sabem uns a outros, os ódios sabem a amores, e as coisas concretas a abstratas, e as abstratas a concretas. Quebram-se os laços que, ao mesmo tempo que ligavam tudo, separavam tudo, isolando cada elemento. Tudo se funde e confunde."
Será que ele não quis dizer que saber preparar-se para ter desilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos? Oras... se só tomamos conhecimento de uma ilusão quando ela acontece, como não ter ilusões sem antes tê-la provocado na tentativa de realizar os nossos sonhos? Talvez o problema da ilusão seja conceitual. Talvez falte entrar nessa receita a expectativa, não sei. Talvez as variáveis sejam tantas que levaram o poeta a escrever em seu "Livro do Desassossego: "Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso realizar é não realizar."

Arrisque... arrisque sempre. Comprometa nem que seja uma pequena parte da sua segurança para aumetar seus momentos de felicidade. Esqueça a vaidade e o orgulho. Sem arriscar perderemos a esperança e sem ela nos tornaremos amargos.

O aprendizado:
Para os que têm medo da desilusão: "Deve-se estabelecer a proposição: só vivemos graças a ilusões - a nossa consciência aflora à superfície." (Nietzsche)
Para os racionais e pragmáticos: "Sentir é estar distraído" (Fernando Pessoa) 
Para os despojados sem culpa: "Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade" (Carlos Drummond de Andrade)




sábado, 6 de julho de 2013

Nós, ratos de laboratório; eles, ratos de porão.

Numa metáfora ou gozação que escreveram num site sobre militares revoltados que desejam depor Dilma e que relembra um passado de repetição nada desejada, encontramos uma boa oportunidade de reflexão. Sem entrar nos méritos dos dois lados da época porque acabaria virando discussão sobre o sexo dos anjos e do passado podemos apenas tirar lições, há algum tempo cheguei à conclusão de que hoje somos vítimas de mágoas mal trabalhadas. Zé Dirceu, Genoíno, Rui Falcão, Inácio Arruda, Dilma e alguns poucos do PMDB - Lula não porque até hoje ele não entende o que aconteceu em 64, nem de um lado e nem do outro - não são fiéis à nenhuma ideologia.

Há uma frase de Jean-Paul Sartre que diz: "Eu era uma criança, esse monstro que os adultos fabricam com as suas mágoas". A democracia-criança do povo brasileiro está sendo vítima da teimosia e desejo de vingança de meia-dúzia de magoados, sobreviventes dos tempos da ditadura, período que não traz boas recordações pra ninguém. Não traz boas recordações para os que têm a liberdade como o bem mais precioso do ser humano, maior do que todas as razões ideológicas do mundo juntas. Estão se vingando de um passado que já se foi com o argumento de que não pode ser repetido. E eu concordo... não pode mesmo! Não pode e nem será, porque só nos testes com a nossa paciência nesses últimos 13 anos vocês já nos levaram ao limite da exaustão!

Fazem a todo instante pesquisas eleitorais e de popularidade do governo, mas agora a bola da vez é o plebiscito. Já experimentaram perguntar ao povo se ele quer novamente uma ditadura? Tirando alguns radicais fanáticos que representam muito pouco, a maioria esmagadora do povo certamente diria que NÃO. Mas será que uma pesquisa dessas interessaria a esses magoados que precisam manter o fantasma da ditadura nos rodeando e nos assombrando o tempo todo? O que eles fariam pra justificar esse ódio represado e desejo de vingança que os mantém vivos lutando sem guerra? Vingam-se no povo que em última análise eles também fazem parte. Mas como escreveu Nietzsche "Em tempo de paz o homem belicoso ataca a si mesmo."

Impõe-se um plebiscito para que uma nação com mais 30 milhões de analfabetos funcionais e um número maior ainda de ignorantes políticos, escolham entre sistemas de votos proporcional, distrital puro ou distrital misto, respondendo SIM ou NÃO. Para que? Para sossegar as ruas e sorrateiramente mudar a nossa já emendada, remendada e humilhada Constituição? Para que consigam ficar mais tempo no poder vingando-se de torturadores mortos e ditaduras que não existem mais? Para provar aos EUA, Inglaterra e outros países que vocês chamam de colonialistas, que se desejarem ficarão no poder o quanto quiserem tentando implantar suas ideologias mortas? Ideologias que fracassaram e destruíram países com raízes culturais muito mais profundas que as nossas?

Por quanto tempo ainda, nós inocentes ratos de seus laboratórios ideológicos, travestidos de crianças, jovens, adultos e idosos apelidados de cidadãos brasileiros, ainda conseguiremos ou teremos de suportar vivos a imagem desses mortos que também são nossos, mas cujos fantasmas só assombram vocês?

sexta-feira, 5 de julho de 2013

PMDB - tragicômico ou melancólico?

Quem leu a história do PMDB jamais imaginaria um fim tão melancólico para um partido que abrigou políticos da estatura de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Teotônio Vilela entre outros. Em seu site, o PMDB fala sobre os seus 47 anos de glória, quando na verdade deveria resumi-la em apenas 14 anos (1980-1994), excluindo o período Sarney e terminando com Itamar Franco em substituição a Fernando Collor. Com um pouco de esforço podemos incluir os melhores 14 anos dessa história, os do antigo MDB (1966-1980), totalizando, no máximo, 28 anos - aí sim - de uma história que vale a pena ser contada e registrada.

De Itamar Franco - que assumiu após o impeachment de Collor - para cá, o PMDB passou de protagonista a coadjuvante, optando pelo confortável e rentável subpoder. Podemos louvar o ex-presidente Itamar Franco e seu ministro FHC pelo fim do ciclo de inflação galopante que chegou a atingir a incrível marca de 2000% em 1989, mas de Itamar para cá, o maior partido do Brasil optou morar nos cômodos  - e cabe o duplo sentido - porões do Palácio do Planalto, sem telhado de vidro. Apoiou Fernando Henrique Cardoso em 1994 com seu vice Marco Maciel e permanece até hoje escondido na vice-presidência, detentor dos ministérios e cargos de terceiro escalão mais importantes. É o grande viabilizador deste governo que está ai com 80 deputados (23% da base), 42 senadores (46% da base), além de ser o partido com mais prefeitos eleitos do país (1024 municípios). Com tudo isso, para que ele iria se expor indicando candidato à presidência da república?

No governo PT, o PMDB está conseguindo se superar e não seria necessário ser um profeta ou um gênio da análise política para saber que o PMDB iria se queimar nesse seu ritual macabro de acender uma vela pra Deus e outra pro diabo. Será que o PMDB nunca imaginou que entre essas duas velas ele estaria abrindo ruas e avenidas pra que o povo desfilasse?

E agora, as desencontradas opiniões do PMDB sobre o plebiscito estão contribuindo pra sua melancólica apoteose, desfilando na contra-mão da avenida das ideologias, sob a chuva dos papéis picados de seu estatuto partidário que em seu Artigo 2º diz:
"O PMDB exerce suas atividades políticas visando à realização dos objetivos programáticos que se destinam à construção de uma Nação soberana e à consolidação de um regime democrático, pluralista e socialmente justo, onde a riqueza criada seja instrumento de bem-estar de todos."
Ainda há tempo! Tempo para mudar e continuar representando dignamente aquele partido que se opôs à ditadura e que abrigou políticos ilustres. Que mobilizou milhões de brasileiros em ruas e praças gritando "Diretas Já", resgatando-lhes a autoestima de povo livre, boa índole e pacífico, consciente dos seus direitos de cidadãos. Direitos estes que não podem ser concedidos e muito menos negados, pois, não se dá e nem se nega o que não é e nunca foi seu.

Se você é político ou filiado do PMDB e quiser rever a história de seu partido, clique aqui. E depois diga, sinceramente, se o partido é hoje o que diz nunca ter deixado de ser.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Teimosia e cara de paisagem

Até mesmo os mais insensíveis e os apolíticos conseguiram entender as mensagens das ruas, mas os que deveriam entender até agora ainda não entenderam ou fazem de conta que não. Vamos supor que entenderam, mas não querem largar o osso porque há filé grudado nele, mas aí o problema já passa a ser outro. É um problema de limitação de capacidade cognitiva, ou seja, não conseguem entender o "penso, logo existo" de Descartes e permanecem no "não consigo pensar e logo desisto" do paradoxo do filósofo burro de Jean Buridan. Dilma tenta remediar sua incapacidade de gerenciar a crise empurrando o pepino para o Congresso e, ao contrário do que ela imaginava, a coisa vai complicar mais ainda. Em primeiro lugar porque é muito mais fácil ocorrer o inverso, ou seja, o Congresso boicotá-la para salvar a própria pele. Deputados e senadores já cansaram de provar que nessas horas o corporativismo fala mais alto e é certo que as vozes dos presidentes da Câmara e do Senado serão encobertas pelas vozes dos legisladores. Em segundo lugar, o inconsciente coletivo indignado das ruas exige ações imediatas, pois, inconscientes não raciocinam e apenas obedecem a impulsos. A população vai parar de reivindicar seduzida pela ideia de um plebiscito que nem sabe direito o que é? Vai trocar um basta que estava entalado na garganta e explodiu por um "ajude-me a resolver os sérios problemas que vocês não criaram?" Quem tem a caneta na mão?

Já a falta de representatividade política não foi causada pela forma com que os eleitores escolheram seus candidatos e muito menos pela estrutura e modo de funcionamento do sistema legislativo, mas sim pela prostituição dos partidos, a começar - e principalmente - pelo PMDB que rasgou seu estatuto partidário há muito tempo, traindo seus eleitores e trocando toda sua história de luta por poder e dinheiro. E o mesmo aconteceu com os outros partidos da base de apoio ao governo, pois, afinal aprenderam com o mestre. Tentar discutir se a culpa é do governo ou dos partidos seria como tentar equacionar o problema da corrupção respondendo a simples pergunta de quem é o maior culpado, o corrupto ou o corruptor? Eu responderia dizendo que os dois fazem parte desse mesmo lixo fedorento.

Dilma consegue fazer medidas provisórias para liberar bilhões e facilitar a vida de empreiteiras, da CBF e da FIFA, mas por que não consegue fazê-las para que o BNDES libere os mesmos bilhões para a segurança, saúde e educação? Antes a resposta seria bem mais simples, a de que o circo vale mais. Porém, agora não vale tanto quanto valia e a prova disso está aí nas ruas.

A maioria desses que estão manifestando toda sua revolta, sabe que o plebiscito, além de representar gastos de 500 milhões apenas para tentar jogar água na fogueira, não trará soluções práticas e muito menos a curto prazo. Sem contar a preocupação FUNDAMENTADÍSSIMA  de que ele poderá ser usado para neutralizar alguns preceitos constitucionais garantidores da liberdade de expressão, de imprensa e da alternância de poder. Isto porque não há como fazer perguntas simples para que as respostas não dependam de interpretações do Congresso. Plebiscito dessa complexidade cheira a golpe e como disse o ex-ministro e presidente do STF Ayres Britto, é passar um cheque em branco para esses políticos que estão aí. Plebiscito desse jeito e nesta hora, é arapuca.

O congresso e o senado, mesmo que hipocritamente, resolveram votar projetos que estavam encalhados e que faziam parte das reivindicações, mas o governo até agora ainda não soltou nenhuma medida provisória, hipócrita que fosse, para mostrar que entendeu o que o povo das ruas quer. Respondeu com plebiscito e teimosia, fazendo cara de paisagem.

Paisagem de deserto com dunas, escorpiões e cactus.