domingo, 25 de novembro de 2012

Amor moderno


Troca-se hoje os corações como se troca de roupas. Azul, vermelha, amarela, branca; todas as cores e nuances do arco-íris. Estado de espírito ou estado da carne? Eclético, adaptável, desmontável e, finalmente, descartável. O coração moderno não suporta prisões, mas por que se desespera com a liberdade? Quer, mas não quer; ama, mas não ama. Ele precisa ser assim, mais instintivo e menos humanizado. Mais tesão, mais sensação; menos sentimento, menos paz. Mais vermelho e laranja; menos azul e lilás. Mas a vida é curta e o coração moderno um dia envelhece sem ter experimentado todas as nuances do arco-íris. Triste, sem mais tempo e esperança, acaba descobrindo que o branco era a junção de todas as cores.




RIFA-SE UM CORAÇÃO
Clarice Lispector


Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado,
muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões.
Um pouco inconsequente, que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu '...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...'

Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional. Sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que, quando parar de bater,
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
‘O Senhor pode conferir. ’

Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer.

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconsequente.

sábado, 24 de novembro de 2012

Solidão ou isolamento

Este assunto é complexo porque o termo "solidão" dá uma ideia de abandono, mas o isolamento pode ser uma opção consciente para reflexão e não necessariamente causado por uma perda ou desejo de fugir da realidade. Por outro lado, a falta de relacionamentos impede de nos percebermos numa outra pessoa (espelho) - não necessariamente num relacionamento amoroso, mas também de amizade -  o que é prejudicial no nosso processo autoconhecimento. 

É um assunto muito complexo para ser abordado numa pequena entrevista, mas o  psicólogo e professor Waldemar Magaldi Filho, especialista em Psicologia Junguiana, Psicossomática, Homeopatia, Mestre e Doutor em Ciências da Religião, fala um pouco sobre o assunto e nos faz refletir mais sobre o isolamento, seja ele opção ou fuga da realidade.

Clique abaixo e ouça.




terça-feira, 20 de novembro de 2012

Escolhas

Ultimamente meus textos sempre envolvem reflexões sobre frases de alguns filósofos, poetas e escritores. Algumas frases valem por um livro ou coleções inteiras deles. Uma das menores frases que eu já li é do filósofo francês Henri Bergson que diz: "Escolher é excluir". E esta reflexão é uma daquelas que valem por uma coleção.

Se você que está lendo este post acredita que desenvolverei algo sobre essa frase, está enganado(a). Pela primeira vez não farei isso. Refletir de vez em quando faz bem. Se desejar, pode registrar sua reflexão abaixo, no campo de comentários.

sábado, 17 de novembro de 2012

Eu e o tempo

"Olhamos para o passado com saudade, para o presente com desprezo e para o futuro com esperança. (...) Para falarmos bem ou mal do tempo é necessário que ele tenha passado e para que o desejemos é preciso considerá-lo longe. A vaidade faz-nos olhar para o tempo que passou com indiferença porque sobre ele já não há ação; faz-nos ver o presente com desprezo porque nunca satisfazemos essa vaidade; e faz-nos contemplar o futuro com esperança, pois, ele se baseia no que há-de vir. E assim, estimamos o que já não temos, desprezamos o que possuímos e só cuidamos do que não sabemos se teremos." (Matias Aires*)

Quando meu pai estava com 83 anos, sem poder mais sair de casa sozinho por problemas de oxigenação cerebral, várias foram as ocasiões em que, ao visitá-lo em sua casa, o pegava sentado e pensativo, olhando para um ponto qualquer da parede. Eu o beijava e sentava para bater um papo sobre futebol, política e essas coisas sem compromisso para distraí-lo. Quando dávamos uma pausa na conversa ele retomava seu olhar perdido e às vezes dizia: "É... a vida é assim."

Nessa frase suspirada de meu pai caberiam muitas suposições e inferências, mas o estranho é que eu nunca perguntei diretamente pra ele o significado dessa pequena, mas significativa expressão de desabafo. Não sei se por medo de me sentir culpado por alguma coisa; de ser obrigado a falar sobre coisas boas que não voltarão mais ou ruins que não foram esquecidas; sobre o presente aparentemente imutável ou sobre seu futuro sem expectativas de grandes mudanças. Não perguntei, mas sabia que certamente eram conclusões de difícil empatia, pois, 37 anos de vivência nos separavam. Eu estava ali com ele, mas minha cabeça fervilhava pensando no tanto de coisas que eu teria para fazer depois que fosse embora. Como no texto de Matias Aires, entre os meus afazeres havia muita coisa para cuidar que não sabia se um dia teria. É pai... hoje estou quase entendendo... a vida é assim. E é assim mesmo!

Na verdade eu ainda cuido do que não sei se algum dia terei, mas muitas coisas já foram riscadas da lista, sejam elas as que já consegui ou as que decidi não mais (re)conquistar. Não por ter desistido de viver, mas por ter me tornado mais pragmático. Tenho que me bastar. Posso até recorrer à saudade de vez em quando para parar e respirar (ou suspirar) um pouco, mas sem me virar para trás. Como escreveu o poeta Mario Quintana, "O tempo não pára, só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo." E é do mesmo Quintana o belo poema com o qual eu termino este post, homenageando - e de alguma forma compreendendo - o meu saudoso pai.

ESPELHO
Por acaso, surpreendo-me no espelho:
Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu?
(...) Parece meu velho pai - que já morreu!
(...) Nosso olhar duro interroga:
"O que fizeste de mim?"
Eu pai? Tu é que me invadiste.
Lentamente, ruga a ruga... Que importa!
Eu sou ainda aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra,
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!
Vi sorrir nesses cansados olhos um orgulho triste... 
(Mario Quintana)



*Matias Aires Ramos da Silva de Eça (São Paulo, 27 de março de 1705 — 1763) foi um filósofo e escritor de nacionalidade portuguesa nascido no Brasil colônia. Em 1716 seus pais se mudaram para Portugal, e Matias ingressou no Colégio de Santo Antão. Em 1722, estudou na Faculdade de Direito de Coimbra, onde recebeu o grau de licenciado em Artes, graduando-se mais tarde na cidade de Baiona, na Galícia. Escreveu obras em francês e latim e foi também tradutor de clássicos latinos. É considerado por muitos o maior nome da filosofia de língua portuguesa do seu tempo. Em Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, cuja primeira edição é de 1752, o autor tece suas reflexões a partir do trecho bíblico extraído do Eclesiastes: Vanitas vanitatum et omnia vanitas, ou seja, "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade".

domingo, 11 de novembro de 2012

Terapia do Dr. Max Gerson


NOTA: Antes de ler o texto, é bom entender que não se trata de MEDICAÇÃO ou REMÉDIO, mas de um método de NUTRIÇÃO que traz benefícios comprovados para o tratamento e/ou prevenção de várias doenças. Não dispensa visita a médicos, assim como diagnósticos da medicina convencional. A utilização ou não da terapia do Dr. Max Gerson é uma decisão pessoal. É importantíssimo que o vídeo postado no final do texto seja visto integralmente.

A Terapia Gerson é um poderoso tratamento natural que permite que os mecanismos de cura do nosso próprio corpo atuem. Quando foi apresentada ao mundo por Max Gerson, M.D., esta terapia alimentar estava tão à frente do seu tempo que não havia praticamente nenhum estudo disponível na literatura científica que explicasse como ela podia conduzir a espantosas curas, quer em doenças crônicas quer infecciosas. Apesar disso, e pelo facto de, através dela, tantas pessoas se terem curado dos seus casos avançados de tuberculose, doenças de coração, cancro e muitas outras doenças, a Terapia Gerson estabeleceu-se como um enorme contributo para o campo da medicina, através da publicação de artigos na “literatura médica revista por pares” (peer-reviewed medical literature). Max Gerson publicou pela primeira vez sobre o tema do cancro em 1945, quase 40 anos antes da adoção do atual programa sobre dieta, nutrição e cancro pelo Instituto Nacional do Cancro dos EUA.

Desde que começou a aplicar o seu tratamento, nos anos 20, Gerson tratou muitas centenas de pacientes e continuou a desenvolver e refinar a sua terapia até ao dia da sua morte, em 1959, com 78 anos.

O seu paciente mais famoso foi o Dr. Albert Schweitzer, filósofo, teólogo e médico missionário, que aos 75 anos sofria de diabetes avançado. Gerson tratou-o com a sua terapia e Schweitzer curou-se por completo, voltou ao seu hospital africano, ganhou o prêmio Nobel da Paz aos 77 anos e trabalhou até aos 90.

Schweitzer escreveu: “Vejo no Dr. Gerson um dos mais eminentes gênios da história da medicina”.

A 14 de Maio de 2005, em Ottawa, Canada, o Dr. Gerson e 7 outros gigantes da medicina foram reconhecidos como pioneiros nos seus campos ao serem incluídos no “Hall of Fame” da Medicina Ortomolecular (Orthomolecular Medicine Hall of Fame). Desse “Hall of Fame” já faziam parte os 10 primeiros laureados da Sociedade Internacional para a Medicina Ortomolecular (International Society for Orthomolecular Medicine), começando, obviamente, por Linus Pauling, PhD, duas vezes Prêmio Nobel e criador do termo “ortomolecular”, no seu artigo “Psiquiatria Ortomolecular” publicado na revista “Science” em 1968.

Mais de 200 artigos de respeitável literatura médica e milhares de pessoas curadas das suas doenças “incuráveis” documentam a eficácia da Terapia Gerson. A Terapia Gerson é um dos poucos tratamentos que tem mais de 60 anos de história de sucesso.

Texto extraído de terapiagerson.wordpress.com

PDF com relação de alimentos e receitas: Download