terça-feira, 26 de junho de 2012

Homenagem às perdas da nossa vida ternária

Bom-humor, como ele gostava.

Hoje meu grande amigo Marcos Rigolino se "transferiu". É assim como nós da Ordem dos Filhos da Luz vemos a

passagem do mundo ternário para outros planos. Estamos no mundo do aprendizado e um dos mais difíceis - e talvez o mais importante da vida - é o de trabalhar nossas perdas. Colecionei algumas delas na vida, mas quem nunca as teve? Perder trabalhos, negócios, amores, amigos, parentes...

Uma das formas de aprendermos a trabalhar essas perdas é não alimentar o sentimento de posse, vivendo a vida como se vive a arte. Escreveu o poeta Fernando Pessoa em seu Livro do Desassossego: "Por arte entende-se tudo que nos delicia sem que seja nosso — o rasto da passagem, o sorriso dado a outrem, o poente, o poema, o universo objetivo. Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência."

E a essência do meu amigo Marcos é o que devo extrair de sua passagem pela minha vida, antes de tentar possuí-lo como amigo. E é isso também que devo tentar extrair de tudo que passou pela minha vida: a essência de cada pessoa; de cada trabalho; de cada amor; de cada amigo.

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis" (Fernando Sabino)

Fique com Deus, (meu) amigo!

Fiquem com Deus Yara, Gui e Serginho!


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domingo, 24 de junho de 2012

Desejos requentados e não saboreados

Existem pessoas que vivem trocando seus amores e círculos de amizade, colecionando ciclos interrompidos e alimentando esperanças com falsas e intermináveis sensações de recomeço. Passam a vida inteira "requentando" desejos sem os reavaliar, tornando esses ciclos cada vez menores. Nossas vitórias resultam dos nossos desejos e nossas derrotas, das expectativas que alimentamos.

Confúcio dizia: "Conta-me o teu passado e saberei o teu futuro." É óbvio que ele não se referiu ao determinismo do destino, mas às repetições ou padrões que o ser humano mantém em suas tentativas, seja nos relacionamentos de amor e amizade ou na sua vida profissional. Esses padrões são apenas efeitos e não causas. Temos de transcender esses padrões para chegar nas verdadeiras causas. Se assim fizermos, certamente chegaremos aos desejos originados por falsos valores que assimilamos ao longo da vida e os incutimos no nosso ego. Valores que outros nos impõem; valores que nos são aconselhados; valores estes que não submetemos ao nosso EU, sincera e profundamente.

Como disse Lao-Tsé, "Põe de lado o artifício e afasta o lucro e não haverá mais bandoleiros e ladrões. Mantém-te na simplicidade, restringe o egoísmo e refreia os desejos."

Enfim, nosso grande desafio é transcender o ego e a dualidade da mente, restabelecendo em nós princípio original da UNIDADE.

Só assim o CICLO ÚNICO se fechará.

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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Os falsos valores dos falsos profetas

Religiões ocidentais vivem falando de valores, mas conseguem convencer apenas aqueles que temem a Deus. No dicionário, temer significa "ter temor, medo ou receio de; assustar-se; recear que sobrevenha algum dano ou mal." Essa arte sacra de Deus é moldada pelos falsos profetas no gesso da ignorância, inspirada pelo interesse de manter suas ovelhas no pasto, cercadas com o arame farpado da falsa moral.

Não descartamos ou doamos os nossos bens para agradar a Deus, para comprar nossa entrada no reino dos Céus ou para conquistar a paz de espírito. O verdadeiro desprendimento acontece quando nos desfazemos deles naturalmente porque não os percebemos mais. Sentimos não serem mais necessários para o que antes chamávamos de felicidade.

Mas é bom lembrar que não há nada de errado em possuir bens se os consideramos importantes para a nossa vida. A energia do dinheiro é boa, desde que a fonte seja honesta e não tenha prejudicado ninguém quando adquirido. No entanto, existem pessoas que passam a vida inteira buscando a felicidade no dinheiro e no poder, mas não há uma que não reveja os valores dessa escolha quando envelhece. Não por querer trocar o dinheiro pela longevidade, mas por ter percebido que a felicidade está na liberdade e nas coisas simples da vida. Por ter entendido que a busca frenética pelo poder e pela riqueza traz junto a inveja e a vaidade.

Como observa o escritor e psiquiatra português Antonio Lobo Antunes: "Com o passar do tempo, há dois sentimentos que desaparecem: a vaidade e a inveja. A inveja é um sentimento horrível. Ninguém sofre tanto como um invejoso. E a vaidade faz-me pensar no milionário Howard Hughes. Quando ele morreu, os jornalistas perguntaram ao advogado: «Quanto é que ele deixou?» O advogado respondeu: «Deixou tudo.» Ninguém é mais pobre do que os mortos." (Diário de Notícias - 2004)


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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Despotismo sob o manto do socialismo

Sem generalizar o socialismo em si como solução para a desigualdade social, este que Nietzsche descreve - despotismo sob o manto da estatização com a desculpa de reduzir essa desigualdade - é o que estão querendo implantar na América Latina, hoje mais visível na Venezuela e Bolívia. No Brasil isso ainda não está acontecendo por força da constituição, da imprensa e do sistema eleitoral, mas caminha pra isso com o PT?

O socialismo em vista de seus meios (Nietsche)

O socialismo é o visionário irmão mais novo do quase extinto despotismo, do qual quer ser herdeiro; seus esforços, portanto, são reacionários no sentido mais profundo. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como até hoje somente o despotismo teve, e até mesmo supera o que houve no passado, por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual ele vê como um luxo injustificado da natureza, que deve aprimorar e transformar num pertinente órgão da comunidade. Devido à afinidade, o socialismo sempre aparece na vizinhança de toda excessiva manifestação de poder, como o velho, típico socialista Platão na corte do tirano da Sicília; ele deseja (e em algumas circunstâncias promove) o cesáreo Estado despótico neste século, porque, como disse, gostaria de vir a ser seu herdeiro.

Mas mesmo essa herança não bastaria para os seus objetivos, ele precisa da mais servil submissão de todos os cidadãos ao Estado absoluto, como nunca houve igual; e, já não podendo contar nem mesmo com a antiga piedade religiosa ante o Estado, tendo, queira ou não, que trabalhar incessantemente para a eliminação deste - pois trabalha para a eliminação de todos os Estados existentes -, não pode ter esperança de existir a não ser por curtos períodos, aqui e ali, mediante o terrorismo extremo. Por isso ele se prepara secretamente para governos de terror, e empurra a palavra "justiça" como um prego na cabeça das massas semicultas, para despojá-las totalmente de sua compreensão (depois que esta já sofreu muito com a semi-educação) e criar nelas uma boa consciência para o jogo perverso que deverão jogar.

O socialismo pode servir para ensinar, de modo brutal e enérgico, o perigo que há em todo acumulo de poder estatal, e assim instilar desconfiança do próprio Estado. Quando sua voz áspera se junta ao grito de guerra que diz o máximo de Estado possível, este soa, inicialmente, mais ruidoso do que nunca: mas logo também se ouve, com força tanto maior, o grito contrário que diz: O mínimo de Estado possível. (Friedrich Nietzsche, "Humano, demasiado humano", Cia de Letras, p. 255-256, Aforismo 473, ano 2001, São Paulo)

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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Cumplicidade e Amizade.

Tomar partido do amigo diante de uma desavença dele com outra pessoa é fácil. O difícil é compreender o fato com isenção porque normalmente confundimos cumplicidade com lealdade. Cumplicidade com o amigo e lealdade com nossos próprios princípios éticos que orientam nossos julgamentos.

Sim... julgamento! E não me venham com essa de dizer que não devemos julgar, pois, fazemos isso o tempo todo. Refiro-me a julgar situações e não apenas pessoas. Sem julgar fatos e situações, passaríamos a vida toda aceitando ou sendo indeferentes aos acontecimentos que presenciamos, o que nos impediria de formar nossas próprias opiniões e criar nossa ordem de valores. E é muito difícil não incluir pessoas envolvidas nos fatos que julgamos, principalmente quando elas são parte das nossas vidas. Se não as incuíssemos, como decidiríamos romper um relacionamento de amor ou amizade que não está nos fazendo bem? Sempre por imcompatibilidade de gênios? Não... existem imcompatibilidades de valores!

Mas o tema deste post é cumplicidade e vamos retomá-lo. Se o termo cúmplice existe também para ladrões e assassinos, logo, a cumplicidade não pode ser considerada, por si só, como uma qualidade. Situações que envolvem cobranças implícitas ou explícitas de cumplicidade por parte de um amigo devem passar pelo nosso julgamento antes do apoio incondicional a ele. Se isto não acontecer não o estaremos ajudando, mas apenas reforçando um provável erro e eliminando a oportunidade de crescimento desse amigo, deixando-o mais cego ainda diante de uma outra possível verdade. Vale a pena ser cúmplice apenas para ficar bem na fita?

No entanto, devemos acolher o amigo e procurar entendê-lo, independentemente do nosso julgamento. Isso se chama compaixão que, diferentemente do conceito simplista de "dó" (ou pena) que muitas religiões pregam ser, é brilhantemente definida por Dalai Lama:
"Outras pessoas, assim como eu, buscam a felicidade, não o sofrimento e, mesmo se forem inimigos, têm o direito de superar esse sofrimento. A partir da compreensão de que eles têm esse direito, desenvolve-se um sentimento de inquietação que é a verdadeira compaixão."
Portanto, antes de ser cúmplice de um amigo, seja apenas AMIGO!

APENAS, disse eu?

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terça-feira, 5 de junho de 2012

Escolhas 3

A vida é uma eterna batalha para domar nossos instintos, mudar hábitos desenvolvidos e superar traços hereditários. Embora muitas dessas características também sejam adquiridas ao longo da vida, nosso principal desafio está na  superação das imposições genéticas. Traços fortes e fracos da personalidade; imunidade para algumas doenças e predisposição para outras; tendência à obesidade ou à magreza; resistência ao estresse e uma infinidade de outras heranças biológicas determinam maior ou menor resistência às mudanças exigidas pelo conhecimento adquirido. E como a eterna busca pela felicidade ou para aumentar a frequência dos momentos felizes exige mudanças de hábitos e atitudes, a luta diária envolve medos e teimosias ditadas pelo ego.

A decisão de caminhar com o mínimo de sofrimento possível é só nossa. Basta que a gente opte por valores mais duradouros nas escolhas com as quais nos defrontamos quase que diariamente. Nem é necessário enumerá-las aqui porque temos conhecimento suficiente para diferenciar os valores frágeis dos duradouros sem a influência de livros, filosofias e religiões. Basta prestar mais atenção no que a vida nos mostra, sem rodeios.

E se você crê na eternidade da sua essência, independentemente de céus, purgatórios e infernos, seja ao menos coerente com aquilo em que acredita e escolha viver dignamente até o último suspiro ternário.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

A vaidade e a Inveja

‎"Com o passar do tempo, há dois sentimentos que desaparecem: a vaidade e a inveja. A inveja é um sentimento horrível. Ninguém sofre tanto como um invejoso. E a vaidade faz-me pensar no milionário Howard Hughes. Quando ele morreu, os jornalistas perguntaram ao advogado: «Quanto é que ele deixou?» O advogado respondeu: «Deixou tudo.» Ninguém é mais pobre do que os mortos."

(Antonio Lobo Antunes)

sábado, 2 de junho de 2012

Ser feliz sem motivo.

Boicotamos a felicidade que vivemos pedindo, seja para Deus, para nossos mestres, anjos ou entidades nas quais acreditamos. Já repararam que o nosso conceito de felicidade, paradoxalmente, está na conquista de coisas que ainda não experimentamos?

Muitos adoram aquela famosa frase que diz: "Quando desejamos alguma coisa, o Universo conspira a nosso favor" e eu realmente acredito ele conspire, mas que não interfere no nosso livre-arbítrio. Seja lá o que entendemos por Universo, ele não tem uma ordem de valores estabelecida e, como o gênio da lâmpada, não discute os seus desejos e apenas o realiza. E essa realização envolve aquela outra frase famosa que diz: "Cuidado com o que pedes para Deus porque poderás ser atendido".
- Não era bem isso que eu pensava; imaginei que seria diferente... o que eu preciso desejar agora?
Não é muito difícil, basta não desejar "pessoas" e "coisas", imaginando que elas lhe trarão a sonhada felicidade.

Goste do que você tem, invista em seu interior e peça apenas para que o Universo o(a) ajude a ser feliz. Como escreveu Mario Quintana em seu poema "Borboletas":
"O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai acharnão quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!"

Não vale apenas para o amor da sua vida, mas também para a própria felicidade.  Como escreveu também Carlos Drummond de Andrade:
"Ser feliz sem motivo é a forma mais autêntica de felicidade"



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