domingo, 27 de março de 2011

A irrealidade plantada

O pensamento oriental sempre deu valor à resolução de problemas por meio do mais  sutil e baseado em fatos e na história filosófica como exemplos de vida. Este também é o conceito dos Vedas que significa “conhecimento” (textos sagrados em sânscrito dos hindús), cantados (Samaveda), falados (Righveda), tocados (Atarvaveda) e rituais (Iajurveda). Alguns, como o Samaveda são passados de pais para filhos ou pessoas escolhidas verbalmente para não sofrer nenhuma mudança por milhares de anos.

O filósofo e psicanalista Carl Jung estudou os principais oráculos como Tarô, Astrologia, Runas, Búzios e o I-Ching. No entanto, enquanto os três primeiros estavam mais ligados aos Arquétipos, foi o I-Ching que lhe tocou em termos de “lógica” do inconsciente, no que ele chamou de SINCRONICIDADE. Como explicam seus estudos:
Trata-se da percepção pessoal e emocional, de um observador, que identifica uma relação especial entre eventos distintos entre si. Por exemplo: uma pessoa angustiada abre uma página de um livro, "ao acaso" e se depara com um texto que descreve como se sente e o que precisava saber para aquele exato momento.
Este é o lado que ele chamava de inconsciente, porém, nós que aceitamos o mais sutil como um dos fatores que influenciam o nosso conhecimento, podemos ampliar mais esse conceito de “coincidências” (aleatoriedade). Esse conceito inicial pode se aprofundar mais do que o da simples influência do subconsciente ou a "sorte" de pegar um texto que coincida com a sua dúvida ou solução de um problema pessoal. Isto porque o conceito de subconsciente ou inconsciente é um "saco" onde os mais pragmáticos sempre jogam todas as influências do desconhecido. O resumo é que o I-Ching, assim como os pêndulos, varas de rabdomancia e outros recursos os quais chamamos de “muletas”, são, no fundo, amplificadores das nossas potencialidades mais sutis as quais nos recusamos a aceitar.

Nos recusamos porque fomos “(des)educados” para só aceitar o fenomênico externo e não a nossa condição de SERMOS O PRÓPRIO FENÔMENO. Não vou me estender muito, mas é por isso que temos o costume de projetar em pessoas (gurus) ou objetos (pêndulos etc)  o que recusamos ser possível em nós. É preventivamente mais fácil  preparar o terreno para imputar a terceiros (pessoas, símbolos e objetos) os nossos futuros fracassos na busca do espiritual (ou do mais sutil) do que reconhecermos nossos bloqueios e sentimentos de impotência gerados pelas nossas próprias dúvidas. E assim vamos caminhando, mitificando e desmitificando; mistificando e desmistificando objetos, pessoas e o sagrado.

Como exemplo, reproduzo abaixo uma frase aleatória do I-Ching. O blog Pura Reflexão tem quase 2000 visitas/mês, mas, certamente, as frases darão “recados” diferentes para cada grupo de pessoas. Indo mais longe um pouco, se você voltar outro dia e ler a mesma frase, poderá entendê-la de forma diferente, baseado no seu problema ou dúvida desse dia específico.
Frase IO céu se movimenta na mesma direção que o fogo e, no entanto, são diferentes um do outro. Assim como os corpos luminosos no céu servem para a articulação e divisão do tempo, a comunidade humana e todas as coisas que pertencem à mesma espécie devem ser estruturadas organicamente. A comunidade não deve ser um simples conglomerado de indivíduos ou coisas. Isso seria um caos, e não uma comunidade, mas para que a ordem se estabeleça é necessário que haja uma organização entre a diversidade dos seres.
Frase II: As mudanças radicais exigem uma autoridade adequada. Para tanto, um homem deve aliar uma grande força interior a uma posição influente. Seus atos devem corresponder a uma verdade superior, não se originando em motivos arbitrários ou mesquinhos. Então virá a boa fortuna. Se uma revolução não se baseia numa verdade interior, será nociva e não terá êxito. Pois ao final os homens apóiam apenas as iniciativas que instintivamente percebem serem justas."
Assim vejo o caminho para o Mental Sutil (ou espiritual se preferirem). Se quebrarmos nossos bloqueios internos provenientes dos nossos preconceitos e aumentarmos a nossa autoconfiança, medo de errar ou de estar “sonhando”, conseguiremos perceber que as respostas vêm de nós mesmos conectados ao UNO . Podemos usar as muletas, mas sempre como um meio de adquirirmos auto confiança, sem depositar nelas algum tipo de poder mágico ou vindo do além (no sentido fantasmagórico). O pêndulo, por exemplo, não se move sozinho. Ele é um amplificador do nosso potencial sutil e temos que entender que SOMOS NÓS que o movemos. Aos poucos conseguiremos fazer nossas próprias conexões diretamente no Mental, sem a necessidade desses recursos.

O importante é se dar ao direito de dedicar um tempo diário para você mesmo. Não importa os recursos DO bem que irão levá-lo(a) ao encontro de você mesmo (Eu interior). O mais importante é desejar encontrá-lo e quebrar os bloqueios do seu lado racional.


NOTA: Embora alguns possam discordar do que escrevi, seja técnica, científica ou filosoficamente, trata-se de uma verdade MINHA e que compartilho com todos. Não existem verdades absolutas e cada um se encarrega de buscar as suas. Como escreveu Eisnten: "Se a teoria não bater com a realidade, mude a realidade."

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