quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Se você fosse eu

Ao longo dos tempos, o egocentrismo tem sido o maior responsável pelos rumos quase irreversíveis da humanidade e do meio ambiente no Planeta em que vivemos. Pode parecer algo um tanto forçado, mas existem dois estilos de egocentrismo e ambos com péssimas consequências de intensidades e amplitudes variáveis: o estilo inconsciente e o estilo consciente ou convicto.

Chamo de inconsciente aquele movido pelos instintos que privilegiam suas razões e justificam suas omissões na condição inquestionável de ter que sobreviver. O MEU trabalho, o MEU dinheiro, a MINHA casa, a MINHA família e as necessidades que EU elejo como fundamentais para mantê-los. E convencido dessas nobres missões, vou caminhando na vida, transformando o viver num dia-a-dia de acordar, participar de problemas seletivos, comer e dormir até que o relógio toque de novo. O sol nasceu? Acho que sim porque o relógio tocou.

O egocêntrico insconsciente, normalmente mora em casa de muros altos, em apartamentos ou residenciais fechados. Não participa nem das reuniões de condomínio, pois acredita que a maioria dos condôminos decidirão o melhor para ele porque têm os mesmos objetivos e as mesmas preocupações que as suas. Nunca parou para raciocinar que se a grande maioria pensar assim, meia dúzia de interessados e alguns mal intencionados decidirão por ele e por todos.

No entanto, o mal do egocêntrico inconsciente pode ser revertido. Alguém da família poderá provocar um estalo na sua consciência e provavelmente serão seus filhos, pois, convivem de forma mais intensa com pessoas diversas e mais interessantes. Esse estalo pode sair de simples perguntas, como: "Pai/Mãe... por que o menino alí na rua ta fumando um 'cachimbinho'? Por que ele não foi pra escola? Cadê a mãe e o pai dele? Se não tem pai nem mãe, quem toma conta dele?". E esse estalo dependerá do cansaço da sua alma e da velocidade inercial da sua vida; dependerá de um basta para o varrer dos seus sentimentos de culpa e de suas responsabilidades com o mundo para debaixo do tapete; dependerá da sua consciência de que os poucos somados podem se tornar muitos.

Já com o egocentrismo convicto, não vou perder muito tempo para tentar explicá-lo racionalmente por ser uma doença que não pode ser curada, mas apenas impedida de proliferar por meio do banimento e do isolamento social. São pessoas que jamais se importarão com o mundo, pois, para elas, viver se resume no que está compreendido entre o nascer e o morrer. Naquilo que pode ser feito entre esses dois acontecimentos fatídicos para aproveitar tudo que se tem ou não direito, sem se importar com a forma de tê-los ou conquistá-los.

O egocêntrico convicto, consciente de seu egocentrismo, pode ser encontrado mais facilmente no meio político, no dos banqueiros e no empresarial mastodôntico, meios esses que parecem pertencer a outra galáxia, distante milhares de anos-luz da nossa Via Láctea. Que diante da ameaça de uma hecatombe, crêem que terão uma nave mãe à sua disposição estacionada sobre o Planeta e várias outras menores resgatando alguns privilegiados, mediante apresentação do último extrato bancário e do dinheiro roubado que possuíam em paraísos fiscais, nessas alturas do campeonato, já transferidos via IntergalactNet para seu banco do novo mundo.

São aqueles que quando chegam em casa e o filho pergunta se trabalhou muito ele nem responde, pois, tem medo de que em seguida venham outras indagando o que ele faz pra ganhar tanto dinheiro e o porquê do pai daquele menino do 'cachimbinho' também não ganhar tão bem. São aqueles que acham que a frase correta de Sócrates foi: "Dê penhor à minha vontade e sê escravo da minha inconsequência".

Não... não é o capitalismo que está destruindo a ética e o sentimento de fraternidade humana. Não é o sistema que destrói o homem, pois, o homem não é só produto do meio, mas também um agente de quem o produz. A simples adesão inconsciente a esse capitalismo destrutivo e selvagem o transforma num criador de injustiças e sua permanência impensada nesse sistema o torna carrasco de si mesmo.

Sugiro eleger 2011, como o ano da empatia, pois, o "SE EU FOSSE VOCÊ" já cometeu toda espécie de injustiças que tinha de cometer.

É a hora e a vez do "SE VOCÊ FOSSE EU"


















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