domingo, 14 de novembro de 2010

Nosso sistema humanológico

Adoro o neologismo (criação de palavra ou expressão nova). Permite fazer associações entre as palavras criadas pelo homem e as que deveriam ter sido inventadas, nem que só pra incluir nos dicionários e serem mais lembradas.

Imunidade (latim immunitas) refere-se ao sistema imunológico do ser vivo e significa proteção contra a presença de organismos estranhos no corpo humano, causadores de infecções.
Humanidade: (latim humanitate) que significa natureza humana ou gênero humano. Normalmente utilizamos o termo quando nos referimos a todos os homens e mulheres do nosso planeta.
Sistema Imunológico: mecanismos pelos quais um organismo multicelular se defende de invasores, como bactérias, vírus ou parasitas.
"Sistema humanológico": mecanismos pelos quais um ser humanizado se defende de idéias e ações que o invadem tentando destruir a essência dos seus sentimentos de amor e fraternidade, como interesses, agressões ou mentiras.

A palavra AMOR deve ser muito bem entendida em seus dois sentidos. O mais fácil e egoísta que envolve uma outra pessoa ou grupo (carnal, família, amigos) do universal (natureza e humanidade). Sinceramente, não acredito no amor incondicional, a não ser o amor de Deus (ou Força Creadora e Mantenedora Maior) devido à ausência de ego e, por isso, capaz de saber (sem ter que compreender) as verdadeiras razões das "imperfeições" da Criatura. Até hoje não conheci nenhum amigo, pai ou mãe que não exigisse a contrapartida da presença ou do sentimento recíproco.

É importante também re-alinhar os conceitos da palavra FRATERNIDADE, excluindo caridade como seu sinônimo. O ato da caridade não garante (apenas pressupõe) a existência de sentimento fraterno de quem a pratica. Podemos ser caridosos por meio de doações por sentimento de dó, penalizados com a situação de um específico miserável ou grupo de miseráveis. O verdadeiro sentimento de fraternidade está ligado ao sentimento e desejo de que todo ser humano merece viver com dignidade e não só aquele específico que conseguiu disparar o gatilho da sua emoção.

O que seria então, "baixa humanidade"? É resultado da mudança do caminho do sentimento, promovido por alterações na nossa ordem de valores, fazendo com que a gente processe todos os sentimentos (racionalize) com base nessa ordem e os impeça de chegar à nossa essência pura. É bom entender que, dentro do meu conceito, ninguém perde sua essência pura, mas apenas a encobre com subterfúgios e máscaras do ego.

E o que promove essas alterações em nossa ordem de valores? São os muros físicos que criamos em torno dos condomínios e bairros para não ver a miséria das favelas (ou pedidos de remoção); a banalização da corrupção (seletiva, pois, meu amigo, meu partido ou meu candidato podem); é o TER sendo mais importante que o SER (é preciso TER e isso justifica o deixar de SER); é a desculpa da sobrevivência e, principalmente, a troca do processo de individuação de Jung pelo da individualização (ego e círculo restrito ao seu entorno).

Quando a novela Caminho das Índias mostrou a realidade das castas daquele país, a maioria dos brasileiros ficou pasma, dizendo: Nossa! "Como pode existir essa distinção e preconceito entre as classes sociais?". Pura hipocrisia! O mundo está fazendo isso economicamente e as diferenças entre esses dois comportamentos sociais e as expectativas de futuro são monstruosas. Na Índia essa cultura das castas envolve milhares de anos e tende a mudar com o tempo, ou seja, faz parte do início da civilização hindú e está relacionada às raízes dogmáticas daquele povo. Já essa cultura do capitalismo selvagem (não do sistema econômico de livre-mercado, mas do capitalismo selvagem) foi criada com a revolução industrial no século XIX e piorada ao longo dos anos, com tendência a ser cada vez mais excludente e preconceituosa.

Só encontraremos salvação no Humanismo. Não em religiões, doutrinas, dogmas, ideologias, partidos políticos, heróis populistas ou sistemas de governo, mas apenas e tão somente no Humanismo. Ou o homem começa a se desvencilhar desses valores criados às custas dessa desculpa esfarrapada de que precisa sobreviver ou morreremos todos esfarrapados nessa desculpa.

A salvação da humanidade não está na vinda de um novo Messias. Para que ele viria? Para falar de novo o que os outros que vieram já falaram?

Não... a salvação está no Humanismo e no fortalecimento do nosso "Sistema Humanológico"



-o-





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